Cheguei na casa do Brendon e ele já estava me esperando.
- Cadê os papéis? - Ele perguntou pra mim e entreguei pra ele, que começou a ler. - Sua mãe é uma vagabunda de mão cheia. - Ri e sentei-me ao seu lado.
- Ela não é minha mãe. Eu nem precisaria brigar com ela por dinheiro. É só eu entrar na justiça que ganho.
- Isso é complicado, você sabe.
- Sei... Mas eu tenho bem mais direitos do que ela. Alias, eu posso pegar tudo pra mim.
- E vai fazer o que com aquilo tudo?
- Sei lá. Por onde eu começo?
- Conversando com o seu pai, talvez. - Dei de ombros. - Você não tá interessada em saber por que eles esconderam isso de você?
- Eu to é dando graças a Deus! - Ele ficou parado me olhando com uma sobrancelha arqueada. - Que foi agora?
- Você não acha isso meio assustador? Você nem sabe quem é a sua mãe, Anne!
- Eu passei a vida inteira sem mãe, você acha que eu iria me importar justo agora? Eu nem sei o que é mãe, Brendon! - Quase mordi a língua pra não gritar de novo. - Eu vou pra casa. Vou pensar no que fazer.
- Qualquer coisa me liga? Ou vai dar ataque de novo?
- Tchau, Brendon. - Peguei os papeis e saí da casa.
Pra onde eu vou agora? Ou eu vou pra casa e fico sozinha, ou eu vou pra praia e fico sozinha... Ou eu vou atrás do meu, digamos, porto seguro. Eu não gosto de encher o Justin com os meus problemas. Eu sei que ele também tem os dele, mas nem por isso ele vem me contar toda vez que acontece algo. Ele é meu namorado, não meu psicólogo.
Dirigi até a praia. Deixei meu celular e minha bolsa dentro do porta-luvas, e fui até perto do mar, deitando na areia. Exatamente no mesmo lugar que o Justin me trouxe no nosso primeiro encontro.
Tanta coisa mudou desde aquele dia. Minha vida deu um giro de 180º graus. E foi em tão pouco tempo, que até me assusta.
- Anne? - Continuei de olhos fechados.
- Eu. - Senti a pessoa deitar ou sentar do meu lado.
- Você tá bem? - Abri os olhos, vendo o Noah sentado do meu lado.
- To ótima. Por quê? - Ele deu de ombros.
- Vi seu carro parado ali.
- Hm... - Fechei os olhos de novo. Era bom ficar ali. Ainda mais sozinha. Pena que eu não estava.
- Não vai perguntar pelo seu pai?
- Não.
- Ele sente saudades de você.
- Meu pai sabe onde eu moro, Noah.
- O que quer que tenha acontecido, vocês têm que começar do zero.
- Já começamos do zero.
- Mas não mesmo. Qualquer um vê que você não esquece.
- Esquecer e perdoar são coisas diferentes.
- Andam juntos.
- Eu não quero falar sobre isso. - Ele deu de ombros. - Ainda mais com você. - Noah não levantou. Só ficou parado olhando o mar. - Desculpa. Eu sei que você só quer ajudar. - Ele sorriu de canto.
- Tudo bem. Eu me intrometi. Eu não faço ideia do que aconteceu. Então, eu não deveria ficar dando opinião. - Não falei nada. Fechei os olhos de novo. O som e o cheiro do mar me deixavam em êxtase. A combinação disso, com a brisa que tocava levemente o meu rosto, era perfeita.
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Wake me up
Hayran Kurgu"Sentia-me observada desde o momento que pisei no refeitório. Olhei em volta. Meus olhos pararam em um menino que eu nunca falei na vida. Eu nem me lembrava de sua existência, mas mesmo assim achava ele bonito. Só tinha o visto nas minhas aulas de g...