Capítulo 23

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Cheguei na casa do Brendon e ele já estava me esperando.

- Cadê os papéis? - Ele perguntou pra mim e entreguei pra ele, que começou a ler. - Sua mãe é uma vagabunda de mão cheia. - Ri e sentei-me ao seu lado.

- Ela não é minha mãe. Eu nem precisaria brigar com ela por dinheiro. É só eu entrar na justiça que ganho.

- Isso é complicado, você sabe.

- Sei... Mas eu tenho bem mais direitos do que ela. Alias, eu posso pegar tudo pra mim.

- E vai fazer o que com aquilo tudo?

- Sei lá. Por onde eu começo?

- Conversando com o seu pai, talvez. - Dei de ombros. - Você não tá interessada em saber por que eles esconderam isso de você?

- Eu to é dando graças a Deus! - Ele ficou parado me olhando com uma sobrancelha arqueada. - Que foi agora?

- Você não acha isso meio assustador? Você nem sabe quem é a sua mãe, Anne!

- Eu passei a vida inteira sem mãe, você acha que eu iria me importar justo agora? Eu nem sei o que é mãe, Brendon! - Quase mordi a língua pra não gritar de novo. - Eu vou pra casa. Vou pensar no que fazer.

- Qualquer coisa me liga? Ou vai dar ataque de novo?

- Tchau, Brendon. - Peguei os papeis e saí da casa.

Pra onde eu vou agora? Ou eu vou pra casa e fico sozinha, ou eu vou pra praia e fico sozinha... Ou eu vou atrás do meu, digamos, porto seguro. Eu não gosto de encher o Justin com os meus problemas. Eu sei que ele também tem os dele, mas nem por isso ele vem me contar toda vez que acontece algo. Ele é meu namorado, não meu psicólogo.

Dirigi até a praia. Deixei meu celular e minha bolsa dentro do porta-luvas, e fui até perto do mar, deitando na areia. Exatamente no mesmo lugar que o Justin me trouxe no nosso primeiro encontro.

Tanta coisa mudou desde aquele dia. Minha vida deu um giro de 180º graus. E foi em tão pouco tempo, que até me assusta.

- Anne? - Continuei de olhos fechados.

- Eu. - Senti a pessoa deitar ou sentar do meu lado.

- Você tá bem? - Abri os olhos, vendo o Noah sentado do meu lado.

- To ótima. Por quê? - Ele deu de ombros.

- Vi seu carro parado ali.

- Hm... - Fechei os olhos de novo. Era bom ficar ali. Ainda mais sozinha. Pena que eu não estava.

- Não vai perguntar pelo seu pai?

- Não.

- Ele sente saudades de você.

- Meu pai sabe onde eu moro, Noah.

- O que quer que tenha acontecido, vocês têm que começar do zero.

- Já começamos do zero.

- Mas não mesmo. Qualquer um vê que você não esquece.

- Esquecer e perdoar são coisas diferentes.

- Andam juntos.

- Eu não quero falar sobre isso. - Ele deu de ombros. - Ainda mais com você. - Noah não levantou. Só ficou parado olhando o mar. - Desculpa. Eu sei que você só quer ajudar. - Ele sorriu de canto.

- Tudo bem. Eu me intrometi. Eu não faço ideia do que aconteceu. Então, eu não deveria ficar dando opinião. - Não falei nada. Fechei os olhos de novo. O som e o cheiro do mar me deixavam em êxtase. A combinação disso, com a brisa que tocava levemente o meu rosto, era perfeita.

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