Capítulo 6

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Olhei no relógio. Eu estava dez minutos atrasada e ainda não tinha saído de casa. Fora que eu ia ter que dar um jeito de pular a janela. Decidi ligar pra ele.

- Onde tu tá? – Perguntei.

- Desculpa o atraso. Quase tive que vender um órgão pro meu avô emprestar o carro. To chegando.

- Graças a Deus tu não tá lá. Eu to saindo de casa. Daqui a pouco chego.

- Sem problemas. – Desliguei. Abri a porta do quarto e escutei o barulho da sala. O foda é que o único caminho é pela escada. E da sala minha mãe vai conseguir me ver. Escutei a risada escandalosa de uma das amigas dela. Isso é uma coisa traumatizante. Juro!

É... O único jeito é pular a janela. Fui pra varanda e olhei pra baixo. Tirei os sapatos e joguei. Coloquei a bolsa no meu pescoço e comecei a escalar pra sair de casa. Por pouco meu vestido não rasgou. Consegui descer e corri até a garagem. Tirei o carro e fui em direção à praça. Quando cheguei, Justin estava parado encostado no carro com as mãos no bolso. Ele faz ideia do quanto fica lindo desse jeito?

- Pelo jeito que eu me matei pra sair de casa, você tá me devendo uma. – Falei.

- Não. Já paguei não indo pro grupo. – Revirei os olhos e ele sorriu. – Você tá linda, Anne. – Naquele momento eu tive toda a certeza do mundo que eu estava mais do que vermelha. Sorri envergonhada.

- Obrigada. – Ele sorriu também. – Onde vamos?

- Primeiro vamos jantar. – Ele abriu a porta do passageiro pra mim.

- Meu carro vai ficar ali?

- Vai. Por isso eu ia te buscar em casa.

- Que seja. – Justin entrou no carro. A música que tocava no rádio estava baixa. Olhei pra ele, que estava concentrado no transito. – Você fica bem de paletó. – Bem até demais.

- Obrigado. Como foi ontem no grupo?

- Chato. Mas eu gosto de ir. Lá eu vejo que algumas pessoas têm problemas maiores que o meu.

- Tipo, você vê que não é o centro do mundo. – Olhei pra ele. – Não foi isso que eu quis dizer.

- Você não sabe o que eu penso.

- Mas posso imaginar.

- Não é porque eu sou rica que eu acho que eu sou o que mais importa.

- Eu sei. Por isso que eu falei que não foi aquilo que eu quis dizer.

- Você me deixa confusa. – Ele sorriu. Logo paramos na frente do restaurante e o cara que trabalha lá abriu a porta pra mim. Agradeci e segui o Justin até a entrada. Já tinha vindo aqui uma vez com meus pais. A recepcionista nos levou até uma mesa. Sentamo-nos e um garçom nos deu o cardápio.

Justin estava sendo um perfeito cavalheiro. Ele abriu a porta do carro pra mim. Agora me ajudou a sentar à mesa. E o melhor: ele me respeitou. Em nenhum momento ele tentou pegar na minha mão ou fez alguma gracinha. Sorri.

- Eu perdi algo? – Ele perguntou risonho.

- Nada não. Já decidiu o que vai querer?

- Acho que sim. E você?

- Também. – Justin chamou o garçom e fizemos nossos pedidos.

- O que fez hoje? - Ele perguntou.

- Na verdade, nada. Hoje é sábado. Só fiquei lendo e tentando me esquivar das visitas que estão lá em casa.

- Parentes?

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