Olhei no relógio. Eu estava dez minutos atrasada e ainda não tinha saído de casa. Fora que eu ia ter que dar um jeito de pular a janela. Decidi ligar pra ele.
- Onde tu tá? – Perguntei.
- Desculpa o atraso. Quase tive que vender um órgão pro meu avô emprestar o carro. To chegando.
- Graças a Deus tu não tá lá. Eu to saindo de casa. Daqui a pouco chego.
- Sem problemas. – Desliguei. Abri a porta do quarto e escutei o barulho da sala. O foda é que o único caminho é pela escada. E da sala minha mãe vai conseguir me ver. Escutei a risada escandalosa de uma das amigas dela. Isso é uma coisa traumatizante. Juro!
É... O único jeito é pular a janela. Fui pra varanda e olhei pra baixo. Tirei os sapatos e joguei. Coloquei a bolsa no meu pescoço e comecei a escalar pra sair de casa. Por pouco meu vestido não rasgou. Consegui descer e corri até a garagem. Tirei o carro e fui em direção à praça. Quando cheguei, Justin estava parado encostado no carro com as mãos no bolso. Ele faz ideia do quanto fica lindo desse jeito?
- Pelo jeito que eu me matei pra sair de casa, você tá me devendo uma. – Falei.
- Não. Já paguei não indo pro grupo. – Revirei os olhos e ele sorriu. – Você tá linda, Anne. – Naquele momento eu tive toda a certeza do mundo que eu estava mais do que vermelha. Sorri envergonhada.
- Obrigada. – Ele sorriu também. – Onde vamos?
- Primeiro vamos jantar. – Ele abriu a porta do passageiro pra mim.
- Meu carro vai ficar ali?
- Vai. Por isso eu ia te buscar em casa.
- Que seja. – Justin entrou no carro. A música que tocava no rádio estava baixa. Olhei pra ele, que estava concentrado no transito. – Você fica bem de paletó. – Bem até demais.
- Obrigado. Como foi ontem no grupo?
- Chato. Mas eu gosto de ir. Lá eu vejo que algumas pessoas têm problemas maiores que o meu.
- Tipo, você vê que não é o centro do mundo. – Olhei pra ele. – Não foi isso que eu quis dizer.
- Você não sabe o que eu penso.
- Mas posso imaginar.
- Não é porque eu sou rica que eu acho que eu sou o que mais importa.
- Eu sei. Por isso que eu falei que não foi aquilo que eu quis dizer.
- Você me deixa confusa. – Ele sorriu. Logo paramos na frente do restaurante e o cara que trabalha lá abriu a porta pra mim. Agradeci e segui o Justin até a entrada. Já tinha vindo aqui uma vez com meus pais. A recepcionista nos levou até uma mesa. Sentamo-nos e um garçom nos deu o cardápio.
Justin estava sendo um perfeito cavalheiro. Ele abriu a porta do carro pra mim. Agora me ajudou a sentar à mesa. E o melhor: ele me respeitou. Em nenhum momento ele tentou pegar na minha mão ou fez alguma gracinha. Sorri.
- Eu perdi algo? – Ele perguntou risonho.
- Nada não. Já decidiu o que vai querer?
- Acho que sim. E você?
- Também. – Justin chamou o garçom e fizemos nossos pedidos.
- O que fez hoje? - Ele perguntou.
- Na verdade, nada. Hoje é sábado. Só fiquei lendo e tentando me esquivar das visitas que estão lá em casa.
- Parentes?

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Wake me up
Fanfiction"Sentia-me observada desde o momento que pisei no refeitório. Olhei em volta. Meus olhos pararam em um menino que eu nunca falei na vida. Eu nem me lembrava de sua existência, mas mesmo assim achava ele bonito. Só tinha o visto nas minhas aulas de g...