O Começo de Um Ano Turbulento

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Eu tinha a ezímia habilidade de enumerar os dias do meu ano por piores-acontecimemtos-do-dia. Como um ano na escola nunca é bom, não poderia ser diferente.

Eu  não vi mais meus amigos, desde de 25 de dezembro. Igualmente está sendo com Ícaro, que também não vejo desde aquele dia.

Uma coisa mudou em mim. Eu não queria reencontrar Ícaro, não queria ter que encarar seus olhos azuis, seus lábios rosados ou seu cheiro amadeirado, que me deixava louco.
Eu nunca imaginaria que estaria sentindo isso, por um cara. Muito menos por Ícaro, quem eu mal olhava na cara durante todo o segundo ano do ensino médio.
Ícaro era aquele garoto bad boy, que todos os garotos queriam ser e todas as garotas queriam ter. Fora os caras que ele zoava e pegava no pé, todos gostavam de Ícaro, todos mesmo. Mas eu sempre me mostrei indiferente em relação à Ícaro, nem gostava e nem odiava.

Pelo menos ele não pegava no meu pé, e isso já era o suficiente. Já basta aqueles idiotas do time de futebol.

Depois de todo esse mês de janeiro e cinco dias de fevereiro, é a época da infeliz volta às aulas. E com certeza, Ícaro estará lá, para acabar com a minha vida.

Minha vida já não estava lá essas coisas. Meu pai mora em Fortaleza e eu, minha mãe, meu irmão e o idiota do meu padrasto, moramos no Recife.    Minha mãe e meu pai se divorciaram quando eu tinha cinco anos, e dois anos depois meu pai se casou com uma empresária de 28 anos, chamada Dolores Mendes.   Quando eu completei dez anos, a mamãe se casou com um cara chamado Feliciano e eu nunca fui com a cara dele.

Feliciano era um cara de 42 anos, com cabelos grizalhos e cara de poucos amigos. Ele era professor de Kick Boxing na academia comunitária perto de casa.

Ele era um cara que bebia muito, ficava constantemente bêbado, ele chegou a bater na minha mãe uma vez, mas isso não se repetiu.
Agora, comigo era diferente, Feliciano parecia nunca ter gostado de mim, assim como eu não tinha gostado dele, e todas as vezes qur estávamos sozinhos em casa, ele me batia.

Tive que me afastar um pouco da minha mãe por causa dessa situaçao, pois ela perguntaria como consegui aqueles hematómas.

Minha mãe Helena era uma mulher bonita de 35 anos, ela trabalhava numa empresa de contabilidade todos os dias - o que facilitava as surras que eu levava todos os dias.

Eu finalmente escutei o despertador tocar, anunciando que já eram as cinco horas da manhã. Me levantei com aquela preguiça típica de fim de madrugada, me forçando a ir ao banheiro tomar banho.

[...]

Depois de todo aquele ritual matinal, vesti uma skinny preta,meu converse brancos com uns detalhes vermelhos e uma camisa do Slipknot. Pus umas pulseiras, umas spikes e meu colar com pingente de espada do SAO.

Encaixei a touca na cabeça deixando um pouco de meus cabelos castanhos de fora e aprumei a bolsa no ombro, descendo as escadas para a cozinha.
O Feliciano havia saído para uma caminhada, e eu esperava que ele parasse no Tártaro e não voltasse mais no caminho pra cá.

- Oi mãe - falei para Dona Helena, que fazia algo para comer.

- Bom dia, Donatello - minha mãe plantou um beijo no topo de minha cabeça e me ofereceu um sorriso.

Sentei à mesa e peguei uma fatia de bolo e um copo de suco de laranja.

- Hoje eu vou chegar um pouco mais tarde, Donatello. Assim que sair do trabalho,vou para a casa da Suzana, terminar uns trabalhos.

Me engasguei com o pedaço de bolo que mastigava ao ouví-la dizer isso. Parece que hoje eu vou apanhar um pouco mais que o normal...

- A-ah, tudo bem, e-eu, err tudo bem...

[...]

Eu não lembrava mais quanto tempo eu estava esperando pelo ônibus, talvez mais de meia hora em pé naquele ponto de ônibus.
Coloquei os fones e fiquei ouvindo o álbum Cry Baby da Melanie Martinez, bem na hora que o ônibus chegou.

Graças à Zeus! Não aguentava mais!

Eu já sabia que estava apaixonado por Ícaro, e não lidava brm com isso. Não pelo fato dele ser homem, eu nunca pensei que fosse gay, mas até eu mesmo suspeitava de mim.
Era somente que Ícaro era problema, eu tinha certeza disso, e iria fazer o máximo para não falar sobre o acontecido com ninguém. Muito menos com o próprio Ícaro, que eu acho, não levou nada daquilo em consideração.

Eu espero que não, pelo menos.

[...]

Já na escola, reconheci alguns rostos enquanto andava nos corredores. Segui para o corredor G e abri meu armário, pegando os livros do horário que eu peguei na entrada, e já me dirigia à sala, quando encontrei Rodolfo e Sebastião.

Lá vem esses idiotas! Eu não acredito! No primeiro dia de aula, que saco!

- Olha lá, o nerdzinho do Mariano Trindade - xingou-me Rodolfo. - Devia ter ido embora seu babaca!

Eu apenas baixei um pouco a cabeça e encaxei os dois fones no ouvido. Os movimentos da boca dos dois eram abafados pelo som de Left Behind nos meus fones.
Eu dava passos rápidos no corredor, querendo me afastar daqueles dois o mais rápido possível.
Eu conseguia sentí-los vindo atrás de mim e apertei o passo, quase correndo pelo corredor.

De repente senti o impacto de suas mãos me empurrando ao chão, me fazendo cair na cerâmica bege da escola. Minhas coisas se espalharam no chão, e quando eu tentei juntar, Rodolfo chutou-os para longe.

Sebastião fez isso na minha seguinte e inútil tentativa de apanhar meus materiais do chão.
Eu senti o óduo tomando conta de mim, e sem conseguir me segurar eu lancei um soco forte na cara de Rodolfo.

Fodeu!

Até eu mesmo fiquei espantado com minha reação, nunca havia revidado uma só vez contra qualquer um desses idiotas, e agora eu estava totalmente fodido.

- Agora você provocou!

Sebastião arrancou minha touca e me arrastou até os armários pelos cabelos. Eu gritava desesperado para que ele me soltasse, ou por socorro, mas outros alunos só assistiam tudo, atônitos.

Rodolfo me segurou por trás e Sebastião dava socos no meu estômago, arrancando-me gemidos de dor e lamento pela violência sofrida.
Depois eles simplesmente finalizaram com um soco em meu rosto, me largando no chão frio, enquanto alguns alunos tiravam fotos do meu sofrimento.

Eu penei a me levantar, mas quando finalmente consegui, pus-me a correr para o banheiro da escola. Entrei numa das cabines, largando a bolsa do chão de mesmo e sentando na tampa da privada, trazendo minhas pernas para cima, assim abraçando meus joelhos e descansando minha cabeça sobre eles.

As lágrimas escorriam-me o rosto enquanto eu deixava que soluços roucos escapassem de minha garganta que já estava seca.
Meus lábios tremiam, meus olhos ardiam e meu estômago doía muito. Saí da cabine e me olhei no espelho.

Eu estava horrível. Meus olhos estavam vermelhos e inchados, meus cabelos estavam desarrumados e havia um grande hematoma roxo no meu olho direito.

Perfeito! Logo no primeiro dia de aula, que legal!

Eu tentava arrumar um jeito de esconder aquela marca em meu rosto, quando a porta do bamheiro se abriu rapidamente.

Era Ícaro que havia entrado.

Ícaro se dirigiu ao mictório, sem perceber minha presença em frente aos espelhos. Calma Doni! Peguei minha bolsa na cabine e me preparei para sair do banheiro.

- Hey!

Eu não acredito nisso! Meu Deus!

- Nossa! O que foi isso no seu olho, cara? - Ícaro perguntou, enquanto eu segurava trêmulo a maçaneta da porta.







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