Talvez eu me arrependa de tudo isso quando eu for dormir ou talvez eu me culpe por ser imprudente o bastante para estar fazendo isso, mas eu inacreditávelmente, não ligo. Talvez eu me complique, por quê as câmeras do colégio - com certeza - gravaram nossa saída pela, super secreta, porta da frente. Isso mesmo, porta da frente.
O vigia estava tomando seu cafezinho da tarde à essa hora, então não foi difícil chegar ao estacionamento, onde estava a amedrontadora Hayabusa do Ícaro. Aquele moto mais parecia um monstro, me botava o maior medo, parecia que ia sair correndo sozinha a qualquer momento.
- Cara, você é rico! - eu estava muito surpreso com aquela moto. Era SUPER cara!
- Não é pra tanto, nem é tão cara assim - ele parecia achar que o preço da moto era razoável. Meu queixo foi e ao chão e eu não sei se ele voltou ainda.
- Como assim "nem tão cara"?! - eu gritei com uma expressão incrédula no rosto.
- Ah, deixa de drama vai - ele me entregou um capacete e subiu na moto. - Monta aí.
- Eu não vou subir nessa coisa - ele revirou os olhos e suspirou. - Aliás, isso pode dar ruim pra mim. Eu posso ser expulso.
Ele desceu da moto e me olhou, querendo me passar confiança sobre a nossa próxima ação.
- Calma, confia em mim - ele pô as mãos em meus ombros, olhando profundo nos meus olhos, o que me fez corar. - Eles não saem expulsando as pessoas assim.
- Não é bem assim... Qualquer coisa indevida que fizer, eu posso ser ligeiramente expulso - eu expliquei para Ícaro, que não parecia ter entendido direito. - Eu sou bolsista Ícaro, é por isso.
Ele sustentava uma feição incrédula no rosto ao entender sobre o que eu falava. Ele deu um sorrisinho mínimo.
- E depois diz que não se considera Nerd - ele riu. - Eles não vão fazer isso, sério, confia no que eu te digo, irmão.
Eu não deveria estar cogitando a possibilidade de aceitar a proposta indecente de Ícaro de fugir da escola, mas esse troubleMaker me atraía de uma forma que eu esquecia o que realmente era o "correto". Depois de tanto hesitar, subi na garupa da Hayabusa de Ícaro, e ele não fez questão de esconder que estava feliz.
- Segura firme, princesinha.
- Já disse para não me chamar assim, Ícaro!
- Ica! - ele falou. - Pode me chamar de Ica. Agora, se segura.
Olhei para trás à procura de algo para segurar, mas acabei não encontrando.
- Onde? - perguntei inocentemente para Ícaro.
Ícaro pegou meus braços, pondo-os envoltos em sua cintura, o que me obrigou a aconchegar-me ainda mais às costas de Ícaro. O contanto entre meu tórax e as costas largas de Ícaro era mágico, me causava arrepios e me amedrontava um pouco.
Ele deu a partida na moto, saindo em grande velocidade em direção à Orla que não era mais que um quilômetro do colégio. A brisa batia forte contra meu rosto por causa da velocidade da moto, eu me prendia com força ao corpo de Ícaro. Eu me sentia um tanto liberto por estar ali, por estar longe de toda a pressão negativa e todos os defeitos que me apontavam. Eu sentia como se tivesse fugido de uma prisão que eu não conseguia enxergar.
Não demoramos à chegar à praia. Não sei como o Ícaro tinha coragem de estacionar uma moto como aquela em qualquer canto.
- Você não tem medo de que roubem sua moto? - perguntei.
- Não - ele respondeu indiferente ao que eu havia perguntado. - Vamos para a beira-mar?
Eu assenti e nós tiramos os sapatos. Ele retirou a jaqueta de couro negro e amarrou contra a cintura, revelando seus braços tatuados e fortes, que agregavam um charme a mais à Ícaro. Ele passou a mão por seus cabelos louros e curtos e sorriu para mim, um lindo sorriso. Eu não sentia malícia naquele sorriso, como os outros sorrisos que ele já lançara Era um sorriso sincero, um sorriso luminoso.
Andamos descalços pela areia em direção à beira-mar, observando as ondas que transbordavam do mar, tornando a areia úmida. Sentamos num ponto alto, nem tão perto, nem tão longe do mar.
Ficamos calados por um tempo, apenas vendo e escutando aquele mar misterioso e assustador. Até que ele decidiu quebrar o silêncio que se instalara.
- É lindo, não é? - ele tinha a voz serena, calma, parecia se sentir a vontade ali.
- Sim - eu respondi. - É lindo e relaxante.
Ele olhou para mim lançando um sorriso sem mostrar os dentes.
- Às vezes é bom fugir um pouco do inferno. Chega a ser revigorante, fortalecedor, sabe?
- Eu entendo o que quer dizer.
Ele estava à vontade, esparramado na areia da praia, apoiado em seus braços fortes, fincados na areia. Eu estava abraçando meus joelhos contra meu peito, deixando que as ondas que batiam nas pedras levassem o que havia de ruim na minha vida.
- Você consegue ver? - Ícaro é quem quebra o silêncio outra vez.
- Ver? - perguntei confuso. - Ver o quê, exatamente?
- O horizonte.
- Como assim, ver o horizonte?
- Só me diz - ele voltou a falar. - Você consegue vê-lo.
Olhei para o mar, onde o sol iria se esconde logo logo. Aquilo, para quem vê daqui, seria o fim. Para quem está do outro lado, seria o início. Fiquei imaginando se era isso que Ícaro queria dizer.
- Não, eu não consigo vê-lo - eu respondi depois de um tempo.
- É justamente isso, você não consegue ver - ele começou. - Não sabe o que te espera lá. É como se pudêssemos rumar até lá em busca de algo novo. É como se fosse o fim para nós e...
- O início pra quem quer que for que esteja do outro lado - eu o interrompi.
Ele me olhou no mesmo instante, encarando-me com seus lindos olhos azuis. Assistindo minhas ações, descendo os olhos por meu rosto até meus lábios. Ele chegava cada vez mais perto, puxando-me para perto de si com um braço em minhas costas.
- O que você está fazendo? - eu sussurrei ofegante com sua aproximação.
- Não tenha medo, Doni - ele também ofegava e sussurava, roçando seu corpo contra mim, jorrando seu hálito quente contra meu rosto. - Não é nada que já não tenhamos feito antes.
Foi o momento que seus lábios encontraram os meus, roubando meu fôlego e minha sanidade. Sugando minha alma, meus desejos e minha humanidade. E me fazendo seu à cada movimento que seus lábios exerciam sobre os meus.
Eu não sinto mais nada, além de Ícaro...
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Meu Bad Boy Preferido
Teen FictionDepois daquela brincadeira, Donatello nunca mais conseguiu esquecer o gosto dos lábios de Ícaro. O garoto era daqueles tatuados, bad boys, donos do mundo... A vida de Donatello vira uma montanha russa de confusões. Seus problemas em casa, no colégio...