Prólogo

79 2 2
                                    


- Eu não sei.

Ele olhava completamente confuso para os dois lados. A direita estava eu, Alice Johnson, com meus olhos pretos e meus cabelos negros como a noite, passava a minha mão pelo cabelo. Sempre fazia isso quando estava nervosa.

E do outro lado estava Sarah, minha irmã gêmea quase idêntica, a não ser pelos olhos. Os dela eram azuis, e seu cabelo estava cortado Chanel, enquanto o meu era longo e liso.

- Você sabe quem quer escolher não sabe Nicholas?

Parece que eu perderia outra vez.

- Para Sarah. Eu... Não... Sei...

Fechei meus olhos e me recordei de quando o havia conhecido.

Nicholas Thomas, meu garoto dos olhos verdes.

Eu tinha 16 anos e ele tinha 18, nos encontramos quando esbarrei nele sem querer, estávamos num parque e eu estava tão distraída que nem percebi que ele vinha em minha direção, olhei para ele sem reação e ele sorriu pra mim, me lembro de olhar para aqueles olhos e nunca mais conseguir esquecê-los.

Depois disso começamos a sair, foram inúmeras vezes. Tudo estava bem até eu o levar para conhecer minha família.

Sarah, logo o cumprimentou, mamãe e papai fizeram o mesmo, depois jantamos e Nicholas se despediu de mim, da minha irmã e dos meus pais.

Depois disso, ele passou a ir mais lá em casa, e eu estava achando aquilo normal, até o dia em que eu e Sarah brigamos, e mesmo errada ele ficou do lado dela.

Agora estamos aqui, ele olhando de um lado para o outro não sabendo qual ele vai escolher, até já estava vendo no que isso daria.

- Vai logo Nicholas, não tenho todo tempo do mundo.

Sarah estava impaciente, e eu calada esperava.

- Tá, eu já sei.

Ele olhou pra sarah.

- é a Sarah não é?

Meus olhos estavam devagarzinho se enchendo de lagrimas, mas não podia chorar aqui.

- Lili...

- Não sou mais sua Lili, agora para você a partir de hoje só existe a Sarah.

- Por favor...

Fechei meus olhos.

- Sejam muito felizes.

Sarah correu para abraçar Nicholas, enquanto fui caminhando para fora da sala.

Fui para o meu quarto e tomei uma decisão completamente rápida e sem pensar, iria embora dali. Fui até meu guarda - roupas e peguei minha maior mala. Olhei minhas roupas e escolhi quais eram minhas preferidas e qual queria levar.

Tirei meu pingente de prata. O fino fio de prata segurava um delicado coração, com um A no meio, a minha inicial. O da Sarah era de ouro e tinha um S no meio.

Coloquei tudo rapidamente na mala, e peguei minhas economias, aquilo daria para me virar por uns meses, até eu conseguir me instabilizar em algum lugar.

Fui até a sala e ouvi Nicholas e Sarah conversando. Queria ouvir a voz dele uma última vez.

- Mas e sé ela fizer alguma loucura Sarah? Eu nunca vou me perdoar se acontecer algo a ela.

Engoli em seco. Será que uma garota de 17 anos sair de casa no meio da noite, sem lugar para ir é considerado uma loucura?

- Ela não pode fazer nada demais Nick. A única coisa que ela pode fazer no máximo é cortar os pulsos como ela sempre faz.

Automaticamente escondi meus pulsos com a manga da blusa. Não queria mais ouvir, coloquei o bilhete de despedida em cima da mesa de centro da sala, junto com o pingente, aquilo seria difícil para todos. Caminhei até a porta, e a abri fazendo o mínimo de barulho possível, sai da casa em que tinha vivido meus 17 anos, mas agora queria me libertar, não queria ser mais a garotinha dos pais.

Fiz sinal para um taxi e ele parou, ele pediu meu RG e dei um falso. Claro, já pensei em fugir várias vezes e me preveni, ele checou e como era muito bem feito, passou despercebido.

Falei que queria ir para Londres em um hotel que já tinha ido com meus pais. Não era tão longe, mas bastaria, por um tempo.

Chegando lá, aluguei um quarto, o mais barato que tinha e me joguei na cama. O que tinha mais que fazer? É mesmo, peguei meu celular e tirando o chip o quebrei, não queria ser achada, nunca.

Troquei-me e coloquei meu pijama. Sim pijama, odeio camisola.

Deitei-me na cama, e prometi para mim mesma, que nunca mais ia voltar àquela casa, aquela cidade, pelo menos foi o que pensei.

Como a sorte virou para mim depois disso, vocês não têm ideia. Depois de um mês naquele hotel, acabei esbarrando (de novo) em um cara que era dono de uma empresa, ou melhor, o dono de uma editora.

- Ah desculpe, estou muito distraído hoje.

- Tudo bem.

Ele caminhou um passo à frente depois se virou de novo.

- Você sabe de alguém que está procurando emprego como secretaria? E que a minha se demitiu e não estou mais achando nenhuma desde então. Minha vida tá uma bagunça esses dias, sem uma.

Olhei para ele sem acreditar no que estava acontecendo.

- Eu estou, mas sou menor de idade, por enquanto.

- Você faz aniversario quando?

- Mês que vem.

Ele me olhou pensativo.

- Vamos fazer o seguinte, vamos fazer uma semana de teste com você, se você for bem...

E foi assim que começou, fiz a semana de teste e passei sem esforços. Depois fui conquistando lugares de destaque, até atingir a presidência, e isso tudo dentro de 5 anos. Foi difícil, mas com muito trabalho consegui me instalar em Londres, e com uma vida social maravilhosa.

Mas mesmo com 22 anos, nunca consegui esquecer o que havia acontecido. A lembrança de ser trocada era horrível e eu nunca consegui esquecer.

A sensação de sempre ter Sarah me observando e rindo de mim era constante, tinha pesadelos frequentes com ela, sempre falando que era melhor que eu, acidentes horríveis acontecia e ela sempre morria, depois ela aparecia e falava que eu ia deveria ter morrido, não ela, depois ela sempre me matava de algum jeito diferente.

No começo sempre ficava assustada, mas depois, se tornou comum. Muito tempo Depois entendi o que significava.



Perfeita ObsessãoOnde histórias criam vida. Descubra agora