Capítulo Três

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Acordei com o sol no meu rosto, havia deixado à janela aberta para o vento entrar.

Levantei-me e caminhei pelo quarto, a mala estava num canto e os cacos do espelho estavam em outro, me ajoelhei do lado de um pontiagudo. Observei o espelho que era gigante, e estava inteiro antes de me deitar, nas mãos de Sarah havia quebrado facilmente. Meus olhos pararam em um dos cacos do espelho. Estiquei meu braço. Havia alguma coisa escrita em um dos pedaços. Vendo-o mais de perto vi o que estava escrito em uma letra cursiva e sabia o que queria dizer.

Nicholas.

Vi gotas de sangue e levantei meu braço, havia cortado meu pulso em um dos cacos do espelho que estavam distribuídos pelo chão.

- Droga!

O corte fazia um V perfeito. Levantei-me e fui até o banheiro, tinha que limpar isso logo antes que sujasse minha roupa e pingasse no chão, o sangue já escorria pelo braço e com um pedaço de papel pressionando meu pulso, sentei no vaso sanitário. O corte não queria parar de sangrar, o desespero me atingiu.

- Senhora...?

Levantei-me assustada.

- Que susto Clara!

Minha governanta.

- A senhora está bem? Vi que um espelho quebrou.

Sorri.

- Foi em uma das minhas bebedeiras, bati e ele caiu.

Ela olhou para o meu pulso.

- Se cortou?

- Está tudo bem, só peça para alguém, ir limpar os cacos, por favor.

Ela saiu do banheiro.

- Vai viajar senhora?

Repensei em todos os riscos que estaria correndo se fosse e se Sarah estava mesmo aqui, não queria que eu chegasse perto de Nicholas, mas nunca obedeci minha irmã e não era agora que iria começar a obedecê-la.

- Sim Clara, vou viajar por uns dias.

Fui até a frente do espelho do banheiro. Minha aparência era a pior possível. Olhos cansados, minha pele estava flácida e estava com olheiras enormes. Maquiei-me rapidamente enquanto Clara limpava os cacos de vidro do espelho.

- Senhora, ele está escrito.

Rapidamente peguei da mão dela.

- Esse pedaço vai ficar comigo, obrigado.

Coloquei o caco dentro da minha bolsa, num lugar que me certifiquei que não me cortaria caso me esquecesse dele. Depois arrumei minha mala com poucas roupas, afinal não ia ficar lá por muito tempo, e nem queria, obviamente minha cabeça latejava e só de pensar em ficar mais tempo, me dava vertigem.

- Clara estou indo, quando for voltar, vou avisar.

- Ok senhora, boa viagem.

- Obrigada.

O táxi que minha secretária havia agendado para aquela amanhã já estava na frente da minha casa. Respirei fundo, e tomei um pouco de coragem. Mas lá encontraria o que estava há muito tempo tentando fugir.

-Moça?

O taxista chamou me tirando do meu próprio mundo.

-desculpe, vamos para o aeroporto, por favor.

-claro.

Abri a porta e me joguei no banco de trás, coloquei a mala em cima do banco. Estava cansada e com medo de tudo que me esperava lá. Será que o que havia acontecido ontem era real? Ou eu havia apenas sonhado? No momento me pareceu muito real, mas alguns sonhos que tenho me passam a sensação de serem realidade, e se ontem foi só mais um? A confusa corria solta dentro da minha cabeça e sem perceber acabei dormindo, vencida pelo cansaço, medo e incerteza.

Perfeita ObsessãoOnde histórias criam vida. Descubra agora