Sentei-me na cadeira giratória, ainda com o telefone na mão, não conseguia acreditar no que estava acontecendo.
- Porque está ligando pra mim?
Minha voz era um sussurro, muito muito baixo.
- Lili.
- Porque está me ligando Nicholas?
- Eu queria perguntar se você vai vim no enterro da sua irmã.
- Como conseguiu meu telefone?
Ele suspirou.
- Meu pai é um dos contribuidores da Editora em que você é presidente, vamos se dizer que foi fácil.
- O que você quer?
- Lili, você vai vir no enterro da sua irmã não vai?
Olhei para o chão ainda com o telefone na mão.
- Não sei.
- Alice, você sabe que não pode faltar.
- Porque meus pais não me ligaram?
- Eu queria fazer uma surpresa pra eles. A perda da Sarah mexeu muito com a sua mãe, mas você sempre foi à favorita deles, então se você viesse seria como um presente pra eles.
- Não sei o que eu faria ai, se você sabe que não sou nada bem vinda.
- Porque você sempre tem essa mania de falar e fazer as coisas sem pensar?
Sua voz era rouca, e grossa. Não queria ouvi-la nunca mais, porque toda vez que ouvia, perdia meu ar.
- Nunca fiz nada sem pensar Nicholas.
- Então você já estava pensando em fugir antes?
Mordi meu lábio, droga, droga, droga.
- Tenho de desligar.
- Devia prever que você ia fugir da resposta, mas deixa, ouço ela, quando ver você no enterro.
- Eu não sei se vou ao enterro.
- Pensa nos seus pais, pensa em mim.
- Da última vez que pensei em você, não deu certo.
- Lili...
- Tchau...
Desliguei e soltei um suspiro. Não queria ir, mas ao mesmo tempo queria, ouvi na televisão que o enterro seria amanhã, então teria de me apressar se eu quisesse ir.
Disquei novamente o número da minha secretaria.
- Cássia?
- Sim Lili?
- Você pode arrumar o jato e um carro? Eu vou pra Nova York.
- Mas Lili...
- Cássia, por favor.
- Tá bom.
Ia sair no outro dia de manhã, estava fazendo isso por causa dos meus pais, não por ele. Sabia que o encontro seria inevitável, e era desse inevitável que eu queria fugir desesperadamente. Seria difícil voltar pra lá depois de alguns anos, ainda mais com a morte de Sarah, Nicholas não parecia estar tão abalado, pela sua voz, e eu sabia o que aconteceria se eu voltasse.
O resto do dia passou como uma lembrança esquecida. Não sabia o que ia fazer, nem o que estava fazendo. Só pensava no próximo dia, e no tempo que eu ia gastar fugindo. Seria difícil.
Deu a hora de dormir, me deitei, mas demorei a pegar no sono. Um desespero crescia dentro de mim, uma sensação ruim, algo estava errado, muito errado.
TRIIIIIIIM
O telefone tocava, o som estava diferente, monótono, me dava enjoo. Não atendi, sabia quem era.
TRIIIIIIIM
Ele não parava de tocar, coloquei o travesseiro em cima do meu ouvido, e fechei os olhos.
-Você não vai atender?
Abri meus olhos e me sentei na cama, e na minha frente parada, com a expressão de puro ódio estava uma garota, igual a mim, mas com os olhos azuis.
- Sarah?
- Sentiu minha falta?
Ela foi se aproximando da cama, me levantei e fui caminhando pra trás, o telefone ainda tocava.
- Você não ouse voltar.
Encontrei a parede e ela me ergueu pelo pescoço.
- Sarah...
- Você não vai poder voltar, se eu matá-la vai?
Ela sorriu e abaixei a cabeça, estava ficando sem ar, meus olhos estavam lentamente se fechando, lutava com todas as minhas forças, mas parecia que eram inúteis.
O telefone parou de tocar. Fui jogada no chão, e ela olhou para ele.
- Agora você vai atender e falar para o Nicholas que você não vai.
Virei-me para o telefone.
- Como você sabe que...?
Ela não estava mais lá. Olhei novamente para o telefone e devagar, caminhei até ele.
- Alô?
Já sabia quem era, tentei deixar minha voz normal, mas foi impossível, ainda estava com falta de ar.
- Lili...
- o que foi?
Ele demorou um pouco para responder
- Tive um pesadelo, com você.
Parei de respirar, sabia quem estava atrás de mim, e sabia o que ela queria.
- É?
Engoli em seco.
- É o que acontecia nesse pesadelo?
- A Sarah... Ela, meio que ia atrás de você, e fazia você caminhar por um precipício.
Fiquei em silencio.
- Nicholas, tenho que desligar, tá tarde.
- Lili, você vai ao enterro?
Suspirei.
- Já te disse que não sei.
Um espelho se quebrou atrás de mim.
- o que foi isso?
Respirei assustada e com olhos arregalados.
- Vamos se dizer.
Dei uma pausa.
- Que parte do seu pesadelo é realidade.
Desliguei o telefone.
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Perfeita Obsessão
HorrorNunca conseguimos fugir do nosso passado. Alice, carinhosamente apelidada de Lili, se vê em uma situação que não é qualquer garota que passa. Nicholas até então seu namorado, troca ela pela sua irmã gêmea Sarah passando a ideia de que Sarah e bem me...