II

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Louis

Mais um dia carregado de más energias. A minha irmã Anna diz que eu tenho de ultrapassar o que aconteceu, mas não está a ser fácil. Já passaram oitos anos e eu ainda não consigo esquecer. Se sou feliz? Bem já fui em tempos. Agora a única coisa que me deixa em paz é mesmo o Luke. Sim, porque já nem o meu casamento me "satisfaz". A Catherine desde que passou a diretora daquele projeto esqueceu que tem família. As nossas discussões começam a ser contantes e na minha opinião o que nos mantém juntos é apenas o nosso filho. Filho esse que ela está a rejeitar aos poucos. Quando chegámos à decisão pouco unanime de o inscrever no colégio ela fez um pé de vento. Na ideia dela o Luke não precisa daquilo nem da terapia para nada e que ele é capaz de se desenvolver sozinho. Hoje mais uma vez recebi um telefonema do colégio para o ir buscar pois mais uma vez a mãe decidiu atrasar-se para o fazer. Assim deixei a minha irmã em casa depois de ela me ter dito que o Liam, seu namorado a pediu a casamento e coloco-me a caminho do colégio. Claro que não achei muita piada ao facto de a minha pequena se ir casar, mas se eles se amam porque não dar este passo. A minha cabeça dá voltas e apenas chego à conclusão que lá por eu não estar feliz, não posso passar a infelicidade para os outros. Principalmente para a minha irmã que sempre esteve do meu lado. Eu até gosto do Liam, mas não sei se ele será o suficiente para a Anna.
Depois de ir buscar o Luke, ele lá me disse a alguma custo que queria fazer uma surpresa à mãe e para isso decidi que talvez um jantar poderia ser boa ideia. Passámos no supermercado e comprámos o que era necessário para o jantar.


- Luke, agora está na hora do banho. - Falo pousando as compras na mesa da cozinha.
- P-Pai... - Olho-o com carinho - P-Podemos depois fazer o bolo de ch-chocolate?
- Claro que sim campeão. - Pego nele ao colo. - Agora banho. - Ele ri quando lhe faço cócegas.

De banho tomado e roupa mais confortável lá fizemos o bolo de chocolate e o jantar estava pronto a tempo da Catherine chegar a casa. Sentámo-nos no sofá enquanto ela não chega e o tempo foi passando. Olhei as horas e deparei-me com as nove e meia da noite e o meu filho adormecido no meu colo. Olho em volta e fixo a fotografia da Catherine junto à janela. Nego com a cabeça e desvio o olhar para o meu filho novamente. Com cuidado pego nele e levo-o para o quarto, onde o deito e aconchego.

- Dorme bem pequeno. - Deposito um beijo na sua testa e apagando a luz saio do quarto calmante.

Oiço barulho na cozinha e quando lá chego vejo a Catherine bebendo um copo de água. Passo por ela e dirijo-me ao frigorifico para comer um iogurte. Posso sentir o seu olhar sobre mim , mas eu não me atrevo a falar.

- Boa noite amor. Desculpa o atraso. - Aproxima-se de mim, mas eu afasto-me. - Passa-se algo? - Pergunta confusa.
- Tens o jantar no micro-ondas. - Falo friamente, deitando o pacote do iogurte no lixo. - Agora se não te importas vou dormir.

Ia a sair da cozinha quando ela me impede e me olha sem entender muita coisa do que se está a passar. Como se ela não soubesse que esta é a nossa rotina das últimas semanas ou até meses.

- Que queres? - Questiono olhando profundamente.
- Quero saber que se passa para estares frio comigo?
- Como se tu não soubesses.
- Juro que não faço ideia.
- Não fazes ideia? - Começo a ferver de irritação. - Queres mesmo saber o que se passa? - Ela assente. - Passa-se que mais uma vez me ligaram do colégio para ir buscar o Luke porque a mãe estava atrasada.
- Amor eu...
- Cala-te Catherine. Ultimamente tens sempre desculpa para os teus atrasos. Se não é no hospital é porque houve algum imprevisto com o projeto. O Luke hoje deu a ideia de te fazer uma surpresa. Tinhas de ver a felicidade dele quando me ajudou a fazer o bolo de chocolate que tanto gostas. - Olho em direcção ao bolo que estava na bancada e o seu olhar segue o meu. - Ele adormeceu de tanto esperar por ti. Eu estou cansado Catherine. Cansado de ver tristeza no olhar do Luke cada vez que tu fazes algo de errado. De cada vez que ele se sente posto de parte por ti. Caramba... Ele também é teu filho. - A minha voz sai dura e fria.
- Eu... Desculpa... Não sei o que dizer. - Noto culpa na sua voz.
- Não digas nada. Por cada palavra que disseres eu nem sei se devo acreditar. Pensa no que eu te disse. Pensa nas tuas atitudes. - Viro costas. - Esta noite durmo no quarto de hóspedes. Assim podes ter mais tempo para ti e para pensares no que queres de mim e do nosso filho.

Nobody Sees [Hiatus]Onde histórias criam vida. Descubra agora