Fase 1 - Capitulo 1: Insert Coin

892 36 30
                                    

    Na infância eu era uma criança feliz, o mundo era maravilhoso, eu jogava, ria e me divertia com meus carinhosos pais  sempre ao meu lado, a vida era bela. Que piada, queria que alguém simplesmente tivesse me dito naquela época, que isto tudo é uma grande mentira, a vida é uma mentira, é uma droga, e eu soube disso muito cedo. 


     Quando eu era pequeno meu pai, Jim Halliday, vivia ocupado demais com o trabalho de diretor geral da empresa Inect, graças a isso eu sempre tinha acesso aos aparelhos de imersão virtual mais avançados e os vídeo games mais novos do mercado, mas meu pai não passava muito tempo livre em casa, por isso um dia o convenci a levar eu e minha mãe, Zelda Halliday, para uma viagem de férias. Estava tudo preparado e estávamos felizes com a viagem. Meu pai colocou toda a bagagem no carro de cor verde e partimos as seis da manhã de uma sexta feira. Uma leve chuva caia na estrada aquele dia, mas nada que atrapalhasse muito a visão, lembro-me de estar brincando com minha mãe no banco de trás do carro enquanto meu pai dirigia bem rápido pela estrada chuvosa, havia muitas arvores ao longo do trajeto que passavam cada vez mais rápido pela janela, lembro-me de minha mãe gritar com meu pai para ir mais devagar depois de 20 minutos de viagem, lembro também de meu pai desviar rápido dos outros carros enquanto gritava algo para minha mãe no banco de trás, teria sido algo sobre os freios eu acho, eu estava inquieto e não me lembro muito bem, aliás, depois disso não lembro de mais nada. 


     Acordei uma semana depois em um leito de hospital, com a visão turva pude ver um quarto branco cheio de equipamentos e aparelhos ao meu lado que monitoravam todos os sistemas do meu corpo, uma placa pendia na porta do quarto com meu nome, Heric Halliday, e uma tela de prontuário logo abaixo. Tentei mexer as mãos ainda doloridas e me sentar na cama, meu desespero foi imediato ao ver que era muito difícil de sentar tendo sobrado apenas minha perna direita, comecei a chorar ao ver minha perna esquerda enfaixada até o joelho parando onde antes ficava o resto dela, eu não entendia muito bem o que estava acontecendo comigo. Os enfermeiros entraram no quarto e começaram a me examinar com cuidado e me fazendo varias perguntas que eu não estava muito a fim de responder, perguntei varias vezes por meus pais, onde estavam e por que não vieram me ver, mas ao ver as expressões nos rostos de todos, eu logo percebi o que houve, não queria ouvir aquilo, mas a dor no meu peito me dizia o que havia acontecido. Um dos médicos se aproximou e colocou a mão em meu ombro.

─ Seus pais não sobreviveram

    Eu não queria acreditar no que ouvi, não podia ser verdade, me deitei com a cabeça debaixo do travesseiro tentando esconder minhas lágrimas, aquilo não podia acontecer a um garoto de 15 anos, por que fui dar à ideia de viajar, poderia ter ficando em casa e tudo continuaria como estava, eles estariam aqui, mas por que se foram? Por que se foram e me deixaram para trás?

─ Saiam todos daqui! ─ eu gritei ─ me deixem sozinho!

    Passei o dia sozinho no quarto, lembro-me de tomar remédios para dormir aquela noite, e de não ter sonhado com nada, nada além de uma vasta escuridão.

     Acordei no meu quarto e olhei a foto dos meus pais como fazia todas as manhãs, joguei as cobertas para o lado e me sentei na cama colocando o pé no meu chinelo velho, o despertador tocou as nove, mas só me levantei as dez, peguei minha muleta ao lado da cama e caminhei até as janelas para abrir as cortinas deixando entrar a luz do sol em meu quarto bagunçado, havia livros no chão ao lado da cama que eu tinha esquecido de colocar de volta em uma das duas estantes que ficavam uma em cada parede, uma mesa de madeira com meu computador e meu capacete de imersão virtual estavam esquecidos ao lado da cama. Havia se passado um ano e meio dês de o acidente que levou meus pais e me deixara sem uma perna, agora estou morando com uma madrinha que mal para um dia por semana em casa, por causa do seu trabalho ela viaja muito, não que eu reclame, pois me agrada ficar em casa sozinho, só o que não me agrada é o fato de a pensão de meu pai ir toda para minha madrinha que diz depositar a maior parte em uma conta pra quando eu fizer 21 anos. Mas embora eu tenha apenas 16 anos garanto que sou mais maduro do que a maioria das pessoas.

ArcadiaOnde histórias criam vida. Descubra agora