Homem morto caminhando

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Preto. Nada. Vazio.

Olhei para fora da janela do avião, para o crepúsculo desaparecendo. Onde as estrelas e uma lua deveriam estar surgindo. Eu não vi nada.

Eu não era nada.

Bella tinha ido embora, levando tudo com ela quando pulou para sua morte. Sua voz, sua imagem, seu cheiro... tudo que ela tinha me dado foi levado com ela para o vazio. Ela nem sequer me deixou nenhuma dor. Altruísta até o fim, ela me recusou castigo pelos meus pecados.

Nada.

Não teve "porquê", não teve "como ela pode?". Eu nunca poderia ter previsto que ela iria cometer suicídio, mas quando eu já tinha sido capaz de antecipar suas respostas? Apenas uma verdade permanece: não importa quais foram as suas razões para pular, eu tinha que ter a culpa.

Mesmo os "e se" não tinham importância. Ela está morta, Edward. Isso é tudo o que importava.

E ainda assim eu não sentia nada. Eu queria ser machucado, queimar, sofrer ...mas isso me daria um motivo para continuar a minha existência inútil. Eu estava mais do que disposto a passar a eternidade em dor depois de deixar a ela um destino tão terrível, mas onde estaria a justiça nisso? Não, eu tinha merecido esse vazio, mas não podia suportá-lo. Se ao menos eu pudesse tirar minha própria vida como Bella fez.

À medida que a escuridão envolveu seus dedos frios em torno de mim, um ardente ponto tocou as costas da minha mão. Fiquei imóvel enquanto os pensamentos do ser humano vazavam em minha consciência.

...frio. Deus, ele está mesmo vivo? A moça ao meu lado, tirou o dedo, e levantou-o para o botão de chamar a aeromoça.

"Você precisa de alguma coisa?" Eu disse, não me incomodando em olhar para a mulher.

Ela saltou, tirando os fones de sua orelha. Cara, ele está acordado! "Você não parecia estar respirando", disse ela com um sotaque do Texas, com a mão em seu peito. "Eu estava preocupada que você poderia estar doente."

Tomei uma respiração para que eu pudesse responder. "Estou bem."

Você não parece bem .. você parece ... morto. "Ah, ok". Ela voltou para o seu livro e voltei para ... nada.

Porque eu continuava a olhar através dos olhos dela, eu nunca vou saber, mas o que eu vi realmente fez a minha cabeça virar. Ela estava lendo sobre Volterra, tentando tomar uma decisão.

Ela olhou para mim, então de volta para a página. "Você já foi à Itália antes?

"Não." Eu só vi o país através das memórias de Carlisle.

Sua decepção saiu como um suspiro. "Que pena. Eu estava esperando conseguir alguma ajuda para decidir qual excursão tomar." Volterra soa como um daqueles castelos medievais , talvez eu faça isso.

"Desculpe." Os meus olhos não oscilaram de seu livro, no entanto ela interpretou o meu olhar como interesse.

"Veja, eu ganhei essa viagem na internet." Ela ergueu um folheto com uma torre de relógio de pedra na capa. "Meu agente de viagem sugeriu este passeio, para uma cidade chamada Volterra, mas como ele também me fez parar em escala pelo Rio, eu não tenho certeza se devo aceitar o seu conselho." Sua mão veio para cobrir um bocejo. "Eu estava pensando em ir para Florença, em vez disso."

"Posso?" Estendi minha mão para o folheto. Como esperado, um pequeno mapa na parte de trás localizava a pequena cidade, descrevendo a sua proximidade com Florença e Roma. Não levaria muito tempo para cobrir as 200 milhas a pé.

Ela apontou para o papel. "Parece uma vila pitoresca, mas Florença é um pouco mais distante de Roma." Outro folheto apareceu em suas mãos. E Davi está lá, ela pensou. Suas bochechas coraram enquanto ela comparava o rosto da estátua nua com o meu. "Eu sou Marcy, a propósito."

O Lado Sombrio da LuaOnde histórias criam vida. Descubra agora