Estamos prontas, Deus esta me dando muita força, senão estaria chorando agora mesmo. Vai dar tudo certo. Elas ficarão bem.
-Aqui - minha mãe responde e vamos em direção ao fiscal.
-Vejamos... - ele analisa tudo - Vocês sabem que ainda falta né?! E muito.
-Mas mesmo com o coelho ainda falta muito?
-Sim, eu sinto muito.
-Como assim?! Esse coelho vale o suficiente para cobrir tudo - eu digo para aquele fical, e pude ver que ele também não estava feliz em nos ver naquela situação. Para alguns deve ser difícil esse trabalho, ver tantas e tantas famílias tendo que se separar para serem escravos.
-Pode ser que aqui ele valha algumas boas moedas, mas para a oferta da Festa, ele não vale muita coisa. Sinto muito, mas acho que vocês já sabem o que vai acontecer.
Para ser sincera, eu já imaginava que isso iria acontecer. Olho para a minha mãe que esta desesperada e implorando para não nos separar. Mandy também esta chorando, abraço ela, tentando conforta-la.-Eu sinto muito sra. Vandler, mas a senhora sabe as regras, eu só estou fazendo o meu trabalho, por favor tente se acalmar e decidam quem irá para o 1°.
-Eu vou, já esta decidido - olho para minha mãe - já tínhamos decidido certo?! A Mandy precisa estar com a mãe dela e você sabe disso.
-Não! Tem que haver outra forma, por favor - ela diz para o fiscal.
-Mãe chega! Olhe para a Mandy, você só esta deixando ela mais assustada, ela precisa de você - tenha calma Becca! - Eu vou, e irei pagar por tudo sozinha, elas ficarão aqui.
- Ok, que bom que decidiram. Vá com os guardas e aguarde suas visitas, depois você irá para o 1°.
Dou um abraço nelas, sei que ainda poderei me despedir, mas mesmo assim, preciso de um abraço, tento demonstrar ao máximo que estou calma e otimista, mas por dentro estou totalmente ao contrário. Deus, o que sera de mim e minha família agora? Dê forças à minha mãe Senhor!
Os guardas me levam para uma sala montada por fiscais, apesar de ser apenas uma sala que ficarão os futuros escravos, ela é mais luxuosa do que qualquer casa aqui. A sala é enorme, tem uns biscoitos e um enorme sofá que rodeia a sala. Me sento no canto e tento acalmar um pouco o meu nervosismo extremo.
16h48. Já deve estar acabando o recolhimento de ofertas. É engraçado darem o nome se oferta para a Festa da Colheita, pelo que eu saiba, as pessoas ofertam porque querem e não porque são obrigadas, então não tem muito sentido darem o nome de Oferta para a Festa da Colheita.
17h.
- Rebecca Vandler - chama um homem alto - Rebecca Vandler - ele chama novamente e só ai que me dou conta que sou eu, tanta coisa na minha cabeça que nem percebi que era eu!
- Aqui - respondo levantando do sofá super confortável.
- Venha por aqui - ele diz me guiando até uma porta.
Ele ficou na porta e me deixou entra sozinha. Apesar de ser um quarto luxuoso demais para mim, eu me sentia um pouco confortável, um pouco em casa, a mesa com chá e pães frescos principalmente me deixavam mais confortável.
-Filha - minha mãe chega, junto com Mandy, no pequeno quarto, já chorando e me abraça - meu bem, vai dar tudo certo ok?! Você vai acabar trabalhando num bom lugar, um que não te exija tanto, você vai ver só, tenha fé em Deus!
- Mãe - dou uma leve risada em meio as lágrimas - eu sei, tenho fé nEle e sei que Ele vai cuidar muito bem das minhas meninas.
Mandy, chorando, me abraça também, e ali ficamos, em silêncio, juntas.
- Já está na hora -diz o homem alto, entrando no quarto.
- Só mais um minuto senhor, por favor - Mandy implora em meio ao choro.
- Sinto muito, mas são as regras e o tempo acabou, vocês tem que ir para que ela possa pagar a dívida.
- Tudo bem, nós vamos. Becca, meu bem, não se esqueça do meu amor por você, que ele é tão grande que não há palavras para descrever, minha doce Becca.
- Digo o mesmo mãe. Amo muito vocês duas e sempre amarei.
Me acabando em lágrimas, dou mais um abraço bem apertado nelas e um beijo em cada uma.
É difícil me imaginar longe delas, elas sempre estiveram ali para mim e vice-versa. Sempre estivemos juntas e agora eu terei que passar meses longe delas, é algo indescritível, no momento eu só quero chorar. Queria que as coisas não fossem assim, mas meu Senhor sabe o que faz. Sim Becca, Ele sabe e vai melhorar, vai ficar tudo bem!
Ainda estou sozinha no quarto, quando dois guardas chegam. Espera, não tem mais nenhuma visita? Achei que Trendy viria se despedir pelo menos. O guarda mais alto é moreno, seus olhos são claros e neles pude ver um tipo de surpresa, acho que porque sou muito nova, não sei bem. O outro é loiro, esse tinha uma cara mais séria.
-Rebecca Vandler, acompanhe-nos - disse o guarda loiro.
Fiz um sinal com a cabeça e fiz o que ele pediu. Ao sairmos do prédio pude ver que tinham muito mais gente do que o da última Festa da Colheita, aproximadamente umas 50 pessoas. 50 pessoas que não puderam pagar um imposto tolo. 50 pessoas que serão escravas, algumas, pelo resto da vida. 50 pessoas que estão deixando a sua família. E eu faço parte dessas pessoas.
Chegamos até a estação de trem que irá nos levar para o 1° subEstado, fico nervosa só de pensar na minha futura obrigação, posso cair numa boa família, assim como posso cair numa família horrenda.
- Por aqui senhorita Vandler - o guarda loiro diz apontando para um vagão.
Quando estou na porta ouço uma voz me chamando de longe.
-Espera! Bequi, espere um pouco, por favor!
Só tem uma pessoa no mundo que me chamaria assim. Trendy.
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Uma Segunda Chance
SpiritualNum futuro distante, Rebecca tenta sobreviver com sua mãe e irmã em Driprom, um Estado onde a pobreza é a maioria. Nesse lugar ela descobrirá a sua verdadeira missão na Terra e que todos podem ter uma Segunda Chance.