Capítulo 2

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- O que você está fazendo aqui garota? – Ouvi uma voz masculina me chamar. Ah! Não, só poderia ser brincadeira, não era ele, não poderia ser ele. Virei-me lentamente até dar de cara com o meu chefe. Larguei a blusa de qualquer jeito na pia e coloquei os braços em frente ao meu corpo, já tinha pago mico demais para um dia só.

-E.. eu tô. Eu tô tentando me limpar, como o senhor mandou – falei morta de vergonha. Mas o que ele estava fazendo no banheiro feminino?

- Mas no banheiro masculino? – A resposta veio mais rápido do que eu imaginei.  Nesse momento eu queria cavar um buraco no chão e me enterrar de tamanha vergonha que eu senti.

- Ba.. Banheiro masculino? – quase não consigo pronunciar a frase. Ainda estou encarando o chão quando sinto seus olhos sobre mim, então me vem uma coragem que não sei de onde surgiu e eu disparo – dá pro senhor me dá licença? eu preciso me limpar!

- Claro - respondeu – mas assim que terminar passe na minha sala. – e saiu do banheiro.

Nesse momento eu soube que seria demitida antes mesmo de começar a trabalhar. Mesmo assim terminei de me limpar, minha blusa estava toda manchada de lama e café e eu não tinha uma segunda peça ali pra poder trocar, o jeito seria passar o dia naquele estado deplorável mesmo.

Quando acabei, vesti minha blusa novamente e sai do banheiro e caminhei lentamente até sala do meu chefe. Os corredores ali eram de paredes brancas, mas nelas tinham pôsteres de inúmeras campanhas publicitarias da empresa. Caminhei até parar em frente a uma porta com uma placa grudada nela, que dizia "Carlos Aguiar – Diretor de Criação". Hesitei alguns segundos antes de dar três batidas na porta e anunciar minha chegada.

- Pode entrar – ouvi a voz do Carlos do outro lado da porta, tremi na base, mas abri a porta e entrei. Ele fez sinal para que eu fechasse a porta atrás de mim e eu o fiz, quando voltei a olha-lo vi um homem forte, mas não "bombado", ele tinha cabelos pretos, o que deixava seus olhos verdes ainda mais verdes e mais ou menos 1,87 de altura o que me intimidava um pouco, não devo passar dos 1,65. Percebi que estava em outro mundo quando ouvi-o quase gritar: - Tá me ouvindo garota?

- Desculpa – pedi – o que o senhor disse?

- Eu pedi pra você sentar-se, ou pretende ficar ai parada o tempo todo? – falou irritado.

- O que o senhor quer comigo? – perguntei enquanto me sentava. Ele me olhou e então respondeu.

- Eu quero que você vá pra casa, não vejo como pode trabalhar nesse estado – disse apontando pra mim.

- O senhor tá me demitindo? – questionei quase que em um sussurro – mas eu nem comecei a trabalhar.

- Não, não estou te demitindo, mas você vai ter que fazer hora extra pra pagar esse dia de trabalho depois, estamos entendidos?

- Sim senhor.

- Pode se retirar então. E por favor, amanhã apareça aqui com uma poupa limpa. Obrigada. 

- Com licença – disse me levantando e correndo para a porta. Sai daquele lugar o mais rápido que pude, tinha medo de que acontecesse mais alguma coisa que me metesse em uma enrascada ainda maior.

Fui pra casa pensando no azar que eu tive de tudo dar errado pra mim no meu primeiro dia de trabalho, mas também tive sorte, afinal, não fui demitida como imaginei que iria acontecer. Carlos até que me pareceu um pouco compreensivo, sempre pensei que ele fosse um completo idiota, já que todas as suas antigas assistentes não esquentavam lugar trabalhando pra ele. Quando derrubei o café dele achei que ali seria o meu fim.

A assistente Onde histórias criam vida. Descubra agora