Depois de um bom papo de dois cafés o Bruno me deixou em casa e foi embora, meus planos de filme, pipoca e sorvete se foram, assim como minha vontade de fazer qualquer outra coisa. Então cheguei em casa, tomei um banho, coloquei um pijama e me joguei na cama, minha sorte foi que no dia seguinte era sábado e eu não precisaria ir trabalhar, ou pelo menos eu achava que não.Acordei as 6:32 com um bipe do meu celular, tateei a cama até encontrar o aparelho e assim que abri os olhos vi que o que havia me acordado era uma mensagem do Senhor Mandão.
Preciso de você as 8 no meu escritório.
Esse era o conteúdo da mensagem, nada de "bom dia" ou algo parecido, apenas uma ordem. Obriguei-me a levantar e me arrumar, pois sabia que se eu não fizesse isso logo chegaria atrasada.
Que foi o que aconteceu. Os ônibus dessa cidade estão ficando cada vez mais escassos. Por isso levei quase meia hora pra pegar um ônibus e seguir para meu destino, nessa hora eu já sabia que o meu amado chefinho estaria soltando fogo pelas ventas, mas quem manda ele me avisar que precisa de mim em um sábado de manha em cima da hora?
Cheguei ao trabalho já descabelada, roupa amassada, como não era um dia "oficial" de trabalho coloquei um short de alfaiataria, um oxford nude e uma blusinha de seda. Quando entrei na sala do Carlos nossos olhos se encontraram por uma fração de segundos, não entendi o que aconteceu comigo nesse tempo, mas mas foi algo estranho, parecia que estávamos conectados, mas aí ele falou...
- Você está atrasada Beatriz.
- Em minha defesa eu não sabia que viria hoje.
Senhor Mandão estava louco com a divulgação do show e por isso estava me enlouquecendo também. O dia foi tão corrido que nem percebi que a hora do almoço já havia passado.
- Entrega para Carlos Aguiar - Um moço magro e baixinho chegou perto de mim - Você pode assinar aqui? Pediu me estendendo o papel e a caneta.
- Claro! - Assinei e ele me entregou um pacote de comida chinesa. Eu nem sabia que estava com fome, até meu estomago roncar ao sentir aquele cheiro.
Peguei o pacote e fui em direção a sala do meu chefe, eu só esperava que ele ficasse mais calmo depois de comer alguma coisa. E quando ele comesse, eu iria pedir pra eu ir almoçar, eu realmente estava com fome a aquela altura.
Depois de três batidas na porta eu ouvi um "ponde entrar" e entrei.
- Seu almoço, senhor. - Falei ao colocar o pacote na mesa. - Com licença - Virei as costas e já estava saindo da sala quando ele me chamou.
- Espera! Almoça comigo? - Seu tom era baixo, parecia até tímido. Mas eu não iria recusar, estava faminta. - Eu percebi que você não comeu nada hoje. - Olhei incrédula pra ele. Ele tinha razão.
- Tudo bem, mas só porque eu estou faminta.
O almoço seguiu tranquilo, nenhum de nós proferiu nenhuma palavra e aquilo estava me incomodando, era estranho estar com meu chefe assim, ele sempre está bravo com alguma coisa e eu já estava sabendo lidar com ele bravo, mas ele tranquilo daquele jeito era novidade pra mim.
Dei graças a Deus quando meu celular tocou e eu vi o nome da Ana no visor.
- Com licença, senhor. Mas preciso atender. - Falei saindo da sala - Oi, amor.
- Onde você está sua louca? Achei que fossemos a praia hoje. -Disse fazendo beicinho, pelo que a conheço.
- Estou na empresa, o Senhor Mandão me mandou vir pra cá hoje cedo.
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A assistente
ChickLitSempre atrapalhada, Beatriz não leva desaforo pra casa, nem mesmo quando começa a trabalhar para o grande Carlos Aguiar. Uma antipatia mútua que surge quase que imediatamente entre eles irá se desenvolver em algo muito maior. Porém, coisas do passad...