Capítulo 1

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1º Dia

"Digo aos românticos boêmios:

Podem viver milênios!

Que a verdade nunca terão,

Pois coisa simples não diferem

Só se ferem...

Ao achar que o amor

Está longe da dor!

Tolos! tolo fui...

Ao menos minha dor agora diminui

Tolos! tolo fui...

Acreditei em uma mulher...

E no amor que flui;

Tolos! tolo fui...

Não mais acredito no que...

... Este tolo anui!"

Ninguém é cem por cento são, assim como ninguém é cem por cento louco. Assim pensa Arthur, escritor, poeta, improvisa no violão e sopra uma gaita.

- Sou poeta-mor dos não poetas! – diz Arthur amassando a enésima folha numa vã tentativa de terminar o capítulo.

É leitor, ele era modesto; na verdade ele era ingênuo, contudo não confunda ingenuidade com tolice! Era apenas um apaixonado! Bem, só não se sabe pelo quê ou por quem! Arthur não sabe o que é paixão, mas é um apaixonado. Certa vez, ele conheceu uma garota; Ela se apaixonou por ele, mas ele por ingenuidade não percebeu. Aos poucos, quando a amizade dos dois ia amadurecendo (e também por pressão dos amigos), Arthur começou a sentir algo pela moça, até que chegou ao ponto que ele disse para si mesmo:

- Estou apaixonado! Meu primeiro Amor!

Seria agora a hora de dar um significado para aquela paixão que nem ele sabia ao certo de que era? Bem, a situação foi a mesma de ter participado de um sorteio.

"Não foi desta vez!"

- Às vezes acho que a vida é um grande sorteio. – respira Arthur riscando algumas anotações

Sim leitor, ele era filósofo também. Arthur era um homem diplomado, culto, porém ingênuo. Nesta hora eu fico com o que ele disse: Nada é cem por cento!

- Bem, se é um sorteio e se tenho muitos anos de vida pela frente, então vai chegar o dia em que eu serei sorteado e finalmente terei sorte na vida.

Oh! sim, sim! Ele era também muito otimista; acreditava na força da palavra, coisa esta que ele presa e muito. Em suma: Era um homem honrado. Arthur morava de aluguel em um cortiço. A dona era uma viúva chorona e bestona, só não perdeu sua casa do cortiço, porque quem mora lá é Arthur. Mas esta história eu conto depois, e daí você vai ver porque ela é bestona e o que Arthur tem com isso.

O cortiço fica em Salvador. Ah! Bela Salvador de 1920, pois bem, é aqui onde começa o que vou lhes contar.

Arthur estava em sua casa, escrevendo uma peça (ou pelo menos tentando), quando alguém bate à sua porta. Arthur vai atender com o pensamento da peça na sua cabeça. Quando abre...

- Olá Arthur! – diz a visitante

Era uma mulher de mais ou menos quarenta anos, vestida toda de preto.

-FEIJÃO! – grita Arthur, quando a mulher termina de cumprimentá-lo.

- Por que me cumprimenta assim? - a mulher se assusta e de repente começa a chorar.

- Na casa da mulher vai ter um pé de feijão! É ISSO! Isso resolve tudo! – diz Arthur, sem perceber que a mulher tinha começado a chorar. Feliz, Arthur beija a testa da mulher - Você é uma gênia, Margarida!

Sete dias para o AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora