Capítulo 17

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- Quer que eu vá com você?

- Não... Eu sei me virar.

- Ta... Não esquece o celular, qualquer coisa me liga, ok?

- Sakura você age igualzinho ao meu pai. Sem mentira. - riu de leve.

- Vou aderir isso como um elogio.

- Faz o que quiser.

- Calma, miga.

- Eu... Eu só preciso de um tempo sozinha. - sorriu triste.

- Tudo bem.

Hinata entrou de volta para o quarto, arrumou sua bolsa com o celular e a carteirinha do ônibus. Nem pediu autorização para Tsunade e saiu cidade a fora.

Pegou um ônibus que levava até o bairro de sua casa e foi. Desceu num ponto familiar, em frente tinha uma livraria com uma faixa dizendo: GRANDE REABERTURA.

Tão pouco tempo que ficou fora, nem se lembrava direito das ruas. Muito menos da livraria que estava sendo reformada. Aquela faixa foi o suficiente para seduzi-la às vitrines cheias de novos lançamentos literários. Lembrou-se do cartão de crédito que o pai havia lhe dado no início do ano, que raramente usava, e entrou na livraria.

Haviam algumas pessoas andando nos corredores formados por prateleiras recheadas de livros novinhos em folha. Os atendentes pareciam felizes e sorridentes ao ver que o movimento estava bom. Um garoto de uns 19 anos veio em direção a ela sorrindo.

- Boa tarde. - disse com a voz calma. - Bem vindo à Cultura.

- Boa tarde. Por que esse nome? "Cultura"?

- Não entendo esse nome também, mas... Fazer o quê? - sorriu. - Procura algum livro em especial?

- Eu queria um livro de frases... Não histórias, mas frases aleatórias, sabe?

- Ah sim. Tenho um livro perfeito pra você. Vem comigo. - ele a guiou por entre as prateleiras até uma ala mais vazia. - Aqui tem um livro chamado Pó de Estrelas. Ele reúne todas as frases mais marcantes das nossas estrelas e anônimos. A minha favorita é: "Paixões ruins estragam músicas boas, bons livros e boas pessoas", você vai adorar, tenho certeza.

- Obrigada. - pegou o livro na prateleira e observou a capa. Era linda, um preto profundo cheio de purpurina branca. - Tem algum problema eu pagar o livro e ler aqui?

- De forma alguma. Quer ir até o caixa?

- Sim, por favor.

Foi até o caixa, pagou, e o atendente simpático lhe mostrou as poltronas onde ela poderia ler em paz.

Abriu o livro e começou a ler. Ficou encantada com as fontes de letras desiguais, as fotos em pop art dos autores das frases e aquelas palavras a envolviam como um cobertor.

"Voe como uma águia e toque o sol"
                        — Iron Maiden.

"Românticos escrevem sob a luz do luar, poetas escrevem em qualquer lugar, compositores compõem sempre que dá, e eu escrevo sempre que o coração mandar..."
                       — Anônimo.

"Come a bunda da tua mulher, come a bunda da tua filha, come a tua bunda, você não pode falar nada, você tem que enfiar o dedo na bunda..."

Riu com essa. Se interessou tanto que quando viu, estava quase na metade do livro. Resolveu parar. Agradeceu os atendentes e resolveu voltar.

Sentou no ponto de ônibus e pensou, pensou, repensou e desistiu. Foi para um mercadinho próximo e analisou os produtos. Foi direto para a ala de chocolate, pegou 3 Snickers e uma barra de chocolate laka com oreo. Pegou também uma lata de Schweppes e começou a andar. Andou pelas ruas que lembrava, sempre refletindo. O caminho foi ficando casa vez mais familiar até que... Parou em frente a um portão que marcou sua vida. Parou em frente à sua casa. A casa do pai, as lembranças da infância voltaram, da adolescência também, lembrou de Hanabi e dos jantares de seu pai. Tocou o interfone querendo matar a saudade.

Um Conto Nada Real.Onde histórias criam vida. Descubra agora