Capítulo II

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...

Os dez jovens caminharam embaixo de chuva morro acima, procurando um lugar onde podiam passar a noite. Quanto mais perto do castelo, mais assustador o cenário a sua volta parecia ficar. As árvores enormes e sem folhas, seus galhos secos cobrindo a lua. A estradinha na qual se encontravam, que era de terra, agora encontrava-se lamacenta e os fazia escorregar vez ou outra. Harry, Niall e Alissa escorregaram, pelo menos, umas cinco vezes.

─ Credo, parece que isso não acaba nunca. ─ Liam tentou falar um pouco mais alto que o barulho da chuva e os trovões.

─ Já consigo ver o castelo melhor daqui ─ Disse Harry ─ estamos chegando. Acho.

Harry estava certo. Mais alguns seis minutos de caminhada, e lá estavam eles, de frente ao castelo. Assustador, todos pensaram. Estarem na Transilvânia, a alguns minutos do Dia das Bruxas, com essa chuva, parados em frente a um castelo com cara de mal-assombrado.

─ Acho que já vi esse castelo em algum lugar ─ Alissa disse e apertou os olhos, tentando enxergar melhor ─ mas não consigo me lembrar onde.

Lia estava distraída olhando as muitas janelas quando pareceu ver uma sombra na única janela em que havia uma luz acessa. Não conseguiu ver com clareza, mas a figura era alta e esguia.

Possivelmente um homem. Possivelmente um maníaco. Mas eles não tinham escolha, afinal.

─ Gente ─ chamou ─ olhem naquela janela ali! ─ quando acompanhou o olhar dos amigos, não havia mais sombra alguma. Mas a luz continuava acessa.

─ Bem, pelo menos isso indica que há alguém lá dentro. ─ Zayn disse ─ não sei se isso me alegra ou me assusta.

─ Mas eu vi alguém! ─ Lyanna protestou.

─ O que você viu? ─ Ju perguntou.

─ Eu não sei direito... Mas tenho certeza de que vi alguém.

─ Ok, vamos bater na porta e ver o que acontece ─ Louis disse e deu um passo a frente, dirigindo-se às portas de madeira sem maçaneta, apenas duas argolas de ferro. Ele segurou uma delas e bateu contra a porta fazendo um barulho bastante alto. Lia passou o braço no seu e, com a mão livre, Louis segurou a mão dela.

Esperaram. Esperaram dez, quinze, vinte minutos. E nada. A chuva só parecia ganhar mais intensidade e os raios continuavam.

─ Vocês têm que estar de brincadeira - Disse Ju, segurando sua mala totalmente encharcada.

─ Por que não tentamos gritar? Quem sabe eles não escutam?

─ Niall, se eles não escutaram a porta, vão nos escutar gritando? ─ Disse Ari.

─ Ah...

─ Vamos embora ─ Harry começava a ficar emburrado ─ ninguém vai abrir essa porta.

─ Não seja rabugento, Harold. ─ Disse Alissa em tom brincalhão, apertando suas bochechas ─ tenho certeza de que já está vindo alg...

Antes que pudesse terminar sua frase, a porta se abriu com tudo. Todos olharam assustados para o mordomo tremendamente sinistro parado a sua frente. Era um senhor pálido, com manchas arroxeadas em baixo dos olhos. Tinha o cabelo branco e parecia que não dormia ou comia há dias.

Ninguém disse nada. Ninguém se atrevia a dizer nada. Ficaram todos se encarando, às vezes mudavam seu olhar para o mordomo.

─ Acho que fiz xixi na calça ─ Niall sussurrou baixinho no ouvido de Zayn, que fez uma careta.

─ Boa noite. ─ O mordomo finalmente falou, sua voz mórbida, grossa e malvada.

─ Ahn... Oi. ─ Disse Ari.

─ Com licença ─ Kayla tomou a frente ─ nós estávamos na estrada quando começou a chover e uma árvore caiu, atrapalhando nosso caminho. Gostaríamos de saber se podemos, pelo menos, passar a noite aqui. ─ a expressão dele não mudava, o que a deixava com vontade de sair correndo. - É apenas uma noite, prometemos que não iremos incomodar. Iremos embora logo que amanhecer.

─ Ora, Alfred, não seja mal-educado com esses belos e sadios jovens.

A voz era, certamente, diferente da de Alfred. Não era nada mórbida, era sensual, e vinha do pé da enorme escada que até então ninguém havia reparado.

Um homem estrondosamente bonito estava parado ali, vestindo algo muito parecido com um hobbie. Tinha os cabelos loiros e compridos e penetrantes olhos azuis. Não aparentava ter mais de 30 anos. Por mais jovial que fosse seu rosto, tinha um semblante antigo, com se tivesse vivido por muito tempo e tivesse visto de tudo. Seu sorriso era branco, e seus dentes pareciam um pouco pontiagudos.

As meninas deixaram escapar um suspiro enquanto os meninos pareciam nervosos.

─ Boa noite ─ disse o homem ─ Me chamo Vlad. E este é meu fiel mordomo e amigo, Alfred. - Ele tinha um sotaque forte.

─ Vlad? ─ Alissa perguntou. Aquele castelo, aquele nome... Soava extremamente familiar a ela.

─ Sim. Vladimir Mikhailov III, da Rússia. ─ Ele sorriu e Lyanna sentiu as pernas bambas. Alissa assentiu, mas ainda havia algo de muito familiar nele. E seu sotaque, definitivamente, não era russo.

─ Você é um príncipe? ─ Juliet perguntou, sem prestar muita atenção ao que dizia, e Zayn cruzou os braços sobre o peito, bufando.

Vlad deu uma risada alta e gostosa de se ouvir, fazendo com que Juliet se esquecesse do que havia dito. Se é que havia dito algo.

No começo, soou brincalhão. Mas logo assumiu um semblante mais sério e compenetrado, olhando fixamente ao teto do castelo.
Só então os jovens repararam que já estavam dentro do castelo. Olharam ao redor, contemplando a escadaria com corrimãos de ouro que levavam ao segundo andar. As cadeiras acolchoadas em um tom de vinho. Vários quadros, aparentemente muito antigos e nenhum espelho, o que era estranho. Vlad parecia ser um homem vaidoso. Mas era no teto que estava o segredo. Era uma imensa e monstruosa pintura cobrindo o teto de ponta a ponta. Pinturas de monstros mitológicos e criaturas estranhas devorando corpos, criancinhas e muitas outras atrocidades. Era como um filme de terror pausado nas piores cenas. A maior de todas elas era um homem, com asas negras e os caninos pontiagudos, bebendo o sangue de uma moça enquanto este escorria pelo seu pescoço.

Alissa sentiu seu estômago embrulhar.

─ Isso é perturbador. ─ Lyanna pronunciou-se pela primeira vez desde que entraram e Vlad manteve os olhos fixos nela.

Quando ela percebeu, se sentiu incomodada. Havia algo maligno naquele olhar, mesmo que sensual, como se ela fosse algum tipo de presa, e ele, o predador. Ela percebeu que ele havia parado de respirar. Mas ela não o viu respirar quando os acolheu na porta.
Louis não deixou de notar. Não saiu do lado de Lia esse tempo todo. Podia senti-lo encarando-a maliciosamente e ficou enojado. Passou o braço pela sua cintura e encarou o homem loiro. Sua pele era tão branca que quase podiam ver suas veias saltarem de sua face. Seus lábios não tinham cor. As unhas de sua mão eram compridas e pareciam tão afiadas quanto seus dentes brancos. Quem era esse Vlad, afinal?

─ Então ─ Vlad finalmente desviou seu olhar da menina ─ vocês vão passar a noite aqui?

Road to Transylvania (One Direction)Onde histórias criam vida. Descubra agora