Uma Nova Eu

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-Não pedimos sua opinião.-Ele falou dando um cuspe em mim

Acordei alguns minutos depois em um quarto pequeno e sujo com Giovana e Alexandre olhando para minha cara.

-Ela está bem, Chocolate. Relaxa...-Disse ela

Vi ela e Alexandre saindo do quarto e dormi novamente. Acordei com alguém entrando no quarto que eu estava e batendo a porta.

-Aquela coronhada foi só o começo! Agora você vai ter o que merece, Docinho.-Falou o cara magrelo que me deu uma coronhada

Ele estava tirando o cinto. Eu tentei gritar, juro, Mas ele me deu um tapa que me fez cair no chão. Levantei e tentei correr até a porta mas ele trancou com chave. Alguém batia desesperadamente na porta "deixa ela seu imundo!" A pessoa atrás da porta gritava. Ele me bateu muito com o cinto e quando eu já estava cheia que marcas ele começou a dar murros em meu rosto, eu tentava, juro que tentava me debater e fugir mas ele me bateu tanto que eu mal tinha forças para respirar. Ele me jogou na cama.

-Dor, agonia e tortura para você! Prazer imenso para mim... Docinho...-Ele falou
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Clara estava sendo estuprada... Giovana fazia de tudo para o que o cara abrisse a porta e deixa-se ela ir, era torturador ouvir os gritos de Clara implorando piedade... Era angustiante aquilo. Giovana cansou de tentar, se encolheu na entrada da porta, cobriu os ouvidos com as mãos, fechou os olhos e pediu em silêncio. Não pediu apenas a Deus, pediu a qualquer alma, entidade ou força que pudesse salvar Clara e aliviar aquela angústia que ela sentia. Clara continuava gritando, implorando piedade daquele homem cruel e insensível. Giovana chorou ali, encolhida na porta. "Ele realmente não existe... Nem sei porque eu ainda peço, ainda oro..." ela pensou. Os gritos de Clara se ouvia ao longe, aquilo seria um trauma para a vida toda, ali, naquele corpo e naquela mente surgiria um novo ódio, um novo rancor, uma nova amargura. "Onde estará Deus?" Ela pensou.
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-Até a próxima, Docinho...-Ele falou

Eu não ouvi. Estava imersa em meus pensamentos e reflexões. Atirada na cama como um animal. "Onde estará Deus?" Eu pensei. Na minha mente não se passava nada, Havia sido estuprada e espancada, não podia e não conseguia pensar em mais nada além do ódio que eu sentia por dentro, um ódio que queimava minha alma e me fazia um mal imenso. Se é que eu ainda tinha algum vestígio de alma.

-A propósito-Ele se virou para mim na entrada da porta-Meu nome é Romero. Mais conhecido como Nego-Ele sorriu com ironia, chutou algo na porta e saiu.

Continuei imóvel, deitada na cama e completamente nua. Era como se toda a alegria do mundo tivesse acabado. De agora em diante uma nova Clara surgiria da escuridão. Uma Clara sem alma, com ódio e amargura, destinada à vingança.
Fechei meus olhos, alguém entrou no quarto.

-Clara... Você está... Está bem?-Disse alguém

Logo reconheci quem era pela voz, era Giovana. Levantei, a olhei friamente e disse:

-Poderia me ajudar a me vestir?-Falei com a voz fria

Ela me ajudou. Depois que já estava completamente vestida eu disse:

-Obrigada...-Dei uma pausa-Onde está Alexandre?

-Ele foi obrigado a se drogar... Não deve estar nada bem agora.-Ela falou de cabeça baixa

Depois de uma pausa ela continuou

-Você está sentindo algo?

"Tudo! Sinto tudo ao mesmo tempo. Como se tivesse algo me dilacerando por dentro." Eu pensei. Mas não quis falar... Não conseguia expressar sentimentos e emoções. Não mais.

-Eu... Não sinto. Não tenho mas sentimentos dentro de mim.

-Você não tem mais nenhum sentimento? Não sente nada mesmo?-Ela disse

Eu tentava juntar tudo o que eu sentia e expressar em uma palavra só. Uma palavra que dissesse tudo o que eu sentia.

-Sinto ódio!-Eu disse com firmeza

Era isso! Ódio. Era essa a palavra... A pequena palavra que expressava tudo o que eu sentia. Todo rancor e a agonia, Tudo!

-Clara... Eu sinto muito-Ela começou a chorar-Eu tentei mas... Me desculpa.

-Não foi sua culpa! Se liberte deste peso e não leve ele para a sua vida. Mas, preciso de sua ajuda.

-Minha ajuda? Em quê?-Ela disse enxugando as lágrimas

-Quero vingança!-Me levantei

Ela me olhou com medo. Não sabia se com medo de mim ou do que eu falei, mas eu não me importava! Nada mais me importava agora. Apenas minha vingança.

O Diário De Um MistérioOnde histórias criam vida. Descubra agora