Capítulo 2 - Help me

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 Acordei tonta e enjoada, minha vista estava borrada num branco, num borrão, tentei levantar mas uma mão me força a ficar deitada na cama:

- Fique ai, você precisa descansar um pouco, ou pelo menos até o esbranquiçado em sua vista desaparecer. - eu fecho os olhos por alguns minutos e depois os abro, os borrões sumiram e eu finalmente posso levantar. Me sento na cama e fico ali encarando o nada até que me lembro do que foi me cochichado, aquela frase fica ecoando, e ecoando, ecoando, ecoando em minha mente até alguém me desconcentrar, era a enfermeira:

- Você está bem? - eu a olho e vejo um sorriso estampado em sua face, ela não parecia incomodada com minha aparência, eu sorrio de volta e falo:

- Sim, obrigada por perguntar. - ela se vira e vai até uma cadeira próxima de minha cama, de lá ela traz meus livros de escola, ela para em minha frente e estende meus livros:

- Vamos, os alunos já foram dispensados. Está na hora de ir. - eu levanto estendendo minhas mãos para pegá-los:

- Já está de noite? - pergunto e ela assente - Obrigada por cuidar de mim. - ela pega em meu braço me fazendo ficar por um instante até ela falar:

- Você é melhor que elas, você é melhor que todos eles. Só precisa acreditar nisso. - logo em seguida ela beija minha testa e eu sinto sinceridade em seu ato, na hora meus olhos lacrimejam e então ela me deixa ir, eu me viro lentamente para a saída pensando que no mundo havia sim pessoas boas, algumas são muito tímidas, outras têm medo de serem julgadas por isso e outras já são mais atiradas e corajosas, mas o que realmente importa é que são boas e de vez em quando fazem coisas significativas, como fazer uma albina tímida, oprimida e coitada se sentir a pessoa mais importante do mundo por pelo menos dois segundos,  isso já muda muito.

Chego no portão da escola, percebi que já tinha atravessado o campus inteiro, aquele bairro estava tão silencioso, o escuro da noite cobria ruas e vielas tornando-as sozinhas e invividas. Tento afastar aquelas palavras ameaçadoras de minha cabeça, mas não consigo, pois tenho a sensação de estar sendo seguida, a todo o momento me viro para verificar se há alguém me seguindo, e quando repito a ação e viro de volta para a frente, dou de cara com uma das meninas, acho que essa seria Jennifer. Meu rosto congela e eu saio correndo e gritando em desespero, mas a alguns metros atrás de mim estava a outra garota, na hora eu parei ali mesmo e elas vieram em minha direção, eu tentei escapar mas uma delas agarrou em minha cintura e eu cai, comecei a me debater mas ela continuava me segurando firmemente, a outra garota se aproxima de mim e agacha do meu lado:

- Você é um monstro, uma aberração! - ela agarra meu cabelo e empurra minha cabeça contra o chão fazendo meu nariz sangrar mais uma vez - Você - ela bate minha cabeça novamente - não deveria - ela me empoe contra o chão mais uma vez - existir! - depois dessa palavra ela taca minha cabeça com um pouco mais de força,a dor que se apodera de mim é insuportável, sinto que um de meus dentes se quebrou, meu nariz está sangrando duas vezes mais do que antes, eu começo a chorar drasticamente alto, meu choro é desafinado e mais semelhante a um grito com lamentos. 

A menina que estava me segurando finalmente me solta e levanta, com isso eu consigo me mexer, tento me levar para longe dali, me arrastando para tentar fugir mas elas começam a me chutar no estômago e em meus membros, eu começo a expelir sangue pela boca e a engasgar com meu próprio sangue, balbucio algumas palavras mal formadas parecidas com um "afastem-se de mim", elas riem da minha dor, isso me assusta, pois agora estou em suas mãos, algo perverso está sendo planejado por elas e eu não quero ficar para ver, tento me arrastar para longe mais uma vez, e então elas agarram minhas pernas e puxam minhas calças, elas estavam me despindo, eu comecei a chorar mais e mais, até elas me baterem na cabeça.

Minha consciência ia e vinha, durava poucos segundos, mas nesses poucos segundos consegui ficar ciente de duas coisas: alguém me encontrou e eu ainda estou despida, mas com um pano cinza sobre meu corpo; eu estou num porta-malas, alguém está me sequestrando, socorro.




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