Capítulo 3 - Doll Soul

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O carro ainda estava em movimento, eu podia sentir o balanço das curvas e lombadas, pelas horas que passei nesse porta-malas, o cheiro estava insuportável, era como uma mistura de sangue e uma espécie de produto de limpeza. Minhas mãos estavam amarradas com uma algema que parecia ser de plástico. Tentei me livrar dela, mas eram muito fortes, comecei a me debater tentando abrir o porta-malas mas esse esforço foi em vão. Tentei me sacudir fortemente, chutar, espernear,gritar, mas nenhuma das formas funcionava, eu estava ficando desesperada, eu comecei a chorar, eu sabia que isso não adiantaria em nada, pois o som da música no rádio estava muito alto. Tentei me debater novamente mas acabo batendo minha cabeça em algo duro, na mesma hora me sinto zonza e tudo parece girar e então desmaio.

Quando acordo todos os meus sentidos parecem normais, levanto os dedos e os direciono ao meu ouvido e então estralo um deles, para checar se está tudo realmente bem, me levanto e sento na cama, olho em volta e estou num quarto gigante, com as paredes em uma cor lilás acompanhadas com belas cortinas cor bege, bonecas de porcelana por todos os lados, e uma cama grandiosa e macia onde eu estava deitada. Me levantei e comecei a andar pelo quarto , fui até as janelas e tentei abri-las mas era impossível, elas estavam barradas com ferro, corri até a porta e tentei abri-la mas é óbvio que ela estava trancada. Me afastei da porta e corri em direção a ela com a intenção de derruba-la, e mais uma vez eu falhei, o desespero tomou conta de mim, comecei a pensar em minha mãe, e pensar na possibilidade de esse sequestro não ter um fim, eu não podia ficar ali, eu tinha que ir embora, comecei a chorar alto e a gritar, batendo minhas mãos na porta com força e ali fiquei por alguns minutos, até que eu resolvi levantar e me largar num canto qualquer, meus olhos estavam vermelhos como nunca os vira antes, os senti inchar, e nenhum minuto se passava sem que eu chorasse como uma criança, encarava o nada frequentemente até que ouvi um barulho na porta, tinha alguém destrancando-a para entrar, rapidamente eu me levantei e peguei um abajur, os barulhos pararam e a porta foi aberta, de lá vi uma mulher entrando; Magra, cabelos curtos na altura das orelhas só que um pouco mais abaixo, era branca como uma boneca e sua maquiagem era totalmente exagerada, seus olhos foram os mais valorizados, eram bem grandes, roupas exóticas e bem produzidas e calçando um salto que a deixava com uma altura anormal. Ela me analisou com um olhar frio e veio até mim:

- Largue isso.- Disse ela na mais calma forma possível, eu não larguei e ela agarrou meu braço com força e repetiu:

- Largue. - Dessa vez calculei que eu deveria obedece-la, então, coloquei o abajur de volta na mesinha e ela assentiu com a cabeça:

- Giogia, ela é perfeita! Iremos usa-la. - Uma voz que vinha de um aparelho minúsculo que estava em seu paletó responde com um "ok", ela me agarra pelos braços e me puxa para fora do quarto com ela, passamos por  corredor estreito que dava em outros corredores onde haviam portas que, acredito eu, dão para mais quartos como o meu. 

Finalmente chegamos a um cômodo, ele estava cheio de roupas, sapatos, maquiagem e pessoas desconhecidas. A tal mulher me sentou numa cadeira e mandou uma garota me maquiar: - Quero ela com os olhos delineados, cílios curvos e um batom vermelho bem marcante. - eu levanto o olhar e digo:

- N-Não acho que eu gosto dessa cor. - Ela se vira para mim e fala:

- Pois deveria gostar, sua pele tem a cor perfeita para o vermelho.








The perfect color for the redOnde histórias criam vida. Descubra agora