Capítulo 4 - Doll Wardrobes

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A maquiadora se aproximou de mim segurando um pequeno pote com um pincel de ponta finíssima, assustei-me com aquilo, pois aquela ponta poderia me machucar. Ela pareceu notar minha preocupação:

- Não se preocupe. A ponta é macia, quando eu passar sobre sua pálpebra você nem irá sentir  - sim, eu nunca sequer passei batom nos lábios, quem dirá usar uma "coisa" dessa nos olhos - Então, quantos anos você tem? - eu a encaro com um olhar duro, sem querer deixo meus olhos lacrimejarem:

- Por que vocês estão fazendo isso comigo? - ela para por um instante, e coloca o pequeno pote na mesinha ao nosso lado, em seu olhar podia se notar pena. Ela direcionou seus polegares em meus olhos para enxugar minhas lágrimas mas algo a impediu, a Mulher de Negro que aparentava ser uma boneca veio por trás dela e agarrou seus braços com firmeza fazendo com que a maquiadora se espantasse:

-Você não deve falar com as dolls - ela faz uma pausa- já foi alertada disso. - seu rosto empalideceu, e podia se ouvir os estremecer de seus ossos:

 - E-eu só estava tentando confortá-la u-um pouco. - gaguejou algumas palavras. A Mulher de Negro suspirou lentamente ao pé de seu ouvido e de uma forma agressiva e rápida ela tomou o pequeno pote de suas mãos: - Eu - fez uma pausa e olhou para mim - cuido disso. - A maquiadora assentiu e saiu:

- Agora, fique quieta e feche os olhos até eu terminar.- eu respondi um "sim" e ela começou. Senti uma sensação gelada, era gostosa e refrescante, a maquiadora tinha razão, a ponta era extremamente macia. Depois senti como se uma pequena escova escovasse meus cílios, logo após senti um pincel sendo passado sobre minha sobrancelha e por último senti algo sendo passado em meus lábios até que ela finalmente disse:

-Terminamos por aqui. - Eu abro meus olhos e me levanto pensando num espelho, vejo um e vou até ele, sinto a presença da Mulher de Negro logo atrás de mim, mas a ignoro. Quando olho o meu reflexo fico completamente admirada com o ser que o espelho reflete, ela é linda, seus olhos, sua boca:

- Esta garota que está no reflexo desse espelho - me lembro de mim mesma, me lembro daquela decepção de pessoa que eu realmente sou, isso me faz abaixar a cabeça e chorar - não sou eu.

Consigo sentir a mulher de negro se aproximando de mim, e então sinto suas mãos em meu rosto, sinto elas levantando meu rosto e sinto seus polegares enxugando com carinho as minhas lágrimas recém caídas:

- Esta MULHER que está no reflexo do espelho, é você. - ela me vira para ela, ainda com as mãos em minhas bochechas, ela as acaricia e isso me faz lembrar de minha mãe. 

Ela pega em minha mão e me direciona para uma parte do grandioso quarto, lá podia se notar que era o vestiário pela quantidade de garotas com lingeries vestindo vestidos que eram mandadas a vestir, cada um com a sua parte provocante e alguns até com partes que ao meu olhar são vulgares. Eu olho para o rosto de cada garota e vejo a tristeza agonizante camuflada com maquiagem, para mim é triste ver tudo isso, ver o que está acontecendo com essas garotas, mas ao mesmo tempo me senti familiarizada por perceber que elas eram iguais a mim e estavam vivendo a minha realidade o que nos tornava praticamente "irmãs", tudo o que eu queria agora era poder ajudá-las. A Mulher de Negro solta meu braço e caminha até um homem de cabelos cor mel cortados num topete com pontas loiras e um cavanhaque que acompanhava a cor de seus cabelos, olhos castanhos escuros vestindo o uniforme do local e segurando uma prancheta enquanto olhava para mim e conversava com ela. Ele pareceu bem focado em mim, depois de terminar a conversa o homem direcionou seus passos até um cabideiro arara, passando seus dedos de cabide a cabide até tirar de lá um vestido maravilhoso, todo em vermelho com apenas uma alça, no local do peito podia se notar um certo brilho, como glitter, que ofuscava até o brilho de meus olhos. O pano era de uma certa leveza tão bonita e gratificante que quando era soltado de uma certa altura ele pairava no ar e descia airosamente como uma pena, dava para se perceber isso quando o homem vinha em nossa direção, balançando o vestido para lá e para cá. Ele me estende o vestido e fala:

- Vista isso. - eu estico meu braço e o tenho em minhas mãos, olho em volta mas não acho nenhum provador e resolvo perguntar:

- Ham... Onde ficam os provadores? - Ele ri e ela o acompanha, não entendo a graça mas permaneço ali, imóvel e esperando uma resposta:

- Querida, nós estamos entre mulheres, não precisamos de provadores aqui. De acordo? Agora, se quiser, pode achar um cantinho para se vestir, mas depois volte aqui. - Eu apenas o olho e logo após me afasto dos dois, reviro o lugar com meus olhos até achar um canto isolado e caminho até lá. Resolvo tirar a roupa rapidamente assim seria menos vergonhoso para mim, como toda delicadeza do mundo eu visto o vestido, ele é muito bonito, não poderia estragá-lo. Depois de vesti-lo volto para os dois, eles me levam para uma outra parte do grandioso cômodo não muito distante da "ala" dos vestidos ou simplesmente vestiário, nessa outra parte eles me dão um salto bico fino cor vermelho com pedras brilhantes que combinam cem por cento com o vestido, ele é maravilhoso:

- Muito bem, querida. Agora permaneça naquela fila até chegar a sua vez. Divirta-se. - Eu olho para onde ele aponta e caminho para a fila, estou a três garotas do começo da fila. Quando chega a minha vez, uma mulher me manda sentar na cadeira, em sua mão ela segurava um comprimido, a mulher me dá uma segunda ordem: abra a boca; eu abro e ela coloca o comprimido em cima da minha lingua, logo após ela lança uma terceira ordem: mastigue tudo e engula; eu obedeço. Depois disso ela me manda levantar, o engraçado é que eu não sinto nada, apenas senti o comprimido descendo pela minha garganta, fico parada ao lado de um grupo de garotas, focando minha mente no nada, de repente eu sinto algo, uma euforia, agitação, isso seria um...

Alucinógeno?



















The perfect color for the redOnde histórias criam vida. Descubra agora