Capítulo 6 - Friend Shoulder

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Ele afasta seu rosto do meu e vira de costas para mim, se agacha um pouco e fala:

- Suba aqui, garota! - Sem pensar duas vezes, dou cinco passos para trás e corro em sua direção pulando em suas costas, ele agarra minhas pernas e com impulso me joga para cima. Subimos o primeiro lance de escadas apressadamente, risonhos por efeito das bebidas e eu da droga, então o segundo e depois o terceiro em espiral. Neste andar começavam as portas, todas pareciam ter um tema, pois cada porta estava enfeitada de um jeito diferente e para confirmar a minha suspeita, em cada uma delas havia uma placa em dourado onde definiram o certo "nome" do quarto:

- Escolha uma porta, senhorita. - eu desajeitadamente apontei para aquela que mais me chamou a atenção: uma porta com uma pintura de uma onda, com dois chapeis de pirata pendurados e alguns adesivos de peixes e um baú de tesouros colados nela; pulei de suas costas e corri em direção a porta abrindo-a e parando diante dela:

- Uau! - digo, ele me alcança e tem a mesma primeira impressão do quarto:

- Realmente, é maravilhoso! - o quarto era espetacular, a cama era redonda cercada por pequenas tábuas de madeira, entre o encontro da parede com a cama havia uma sereia esculpida também em madeira e envernizada, lençóis azuis, um baú personalizado de acordo com o tema e cheio de bebidas. Ao lado direito da cama tinha uma porta de vidro deslizante que dava em uma espécie de sacada, acompanhada de uma jacuzzi e uma paisagem de tirar o fôlego. Mais para a esquerda da deslizante, tinha uma porta de madeira:

- Aonde será que ela leva? - questionei sobre a porta apontando para ela.

- Descobriremos juntos. - ao terminar da frase, ele engancha um de seus braços em minha cintura forçando-a colar em seu corpo e fecha a porta trancando-a por final. Nós começamos a rir, por fim caímos na cama. Trocamos olhares enquanto ele acaricia meus cabelos e de repente minha visão toma uma lentidão inigualável, o que era algo novo para mim já que as únicas alterações na visão que me ocorreram foram por causa dos ataques à pedra. Ele aproxima seus lábios chegando cada vez mais perto dos meus, a cada aproximada meu coração batia mais forte e mais rápido, até que nos beijamos. Não consigo descrever o quanto esse sentimento é bom, o quanto ele me faz bem e o quanto eu precisava dele.

Sinto suas mãos abrindo o zíper do meu vestido e o deslizando até ser capaz de revelar a lingerie que fui forçada a colocar, sinto seus beijos descendo em direção a minha barriga e ficando por ali, tento me concentrar nele, mas minha cabeça está em outro lugar, pensando na minha felicidade longe daquele pesadelo. As lembranças começam a brotar em meus olhos como um cascata de dor:

- Eu não consigo. Desculpa. - digo levantando da cama, metade do meu vestido fica pendurado em meus joelhos, a cada passo ele laçava ainda mais minhas pernas e numa tentativa enfurecida, malogro. Meu corpo acaba colado no chão e sou capaz de sentir ele assistir essa deplorável cena, não tenho força e se tivesse pelo menos um pingo de dignidade eu não a usaria agora, portanto, continuo com o rosto atolado em meio aos meus braços não ousando mover um músculo

- O que aconteceu? Por que está chorando?

- Eu não posso, eu não posso continuar com isso, não posso continuar nesse lugar, - me viro para ele - eu preciso ir embora, Derek! - ele segura minhas mãos:

- Eu posso te ajudar.- essas simples palavras me fazem encará-lo:

- F-faria isso por mim? Faria mesmo? - ele sorri, colocando suas mãos em meu rosto ele levanta e me beija nas duas bochechas e volta seus olhos para os meus:

- Dilla, eu não precisei de muito tempo para perceber que você é a mulher mais maravilhosa que eu já vi e mesmo estando bêbada e completamente drogada, eu sei que eles a drogaram, eu consigo perceber isso, eu...- ele abaixa a cabeça, sorri, a levanta novamente e continua - eu quero te ajudar, eu quero te conhecer longe desse prédio, te levar pra um primeiro encontro e proceder com uma relação, eu quero conhecer sua mãe e quero tentar ter algo com você. - terminadas as palavras e meus olhos já não suportavam mais lágrimas chegando a transbordar, eu apenas sorri, pois não conseguia fazer nada diferente disso, a dor que eu estava sentindo não me permitia:

- Mas, e essa dor que eu estou sentindo? - ele ainda ajoelhado coloca a mão direita no bolso e começa a vasculhar, de lá tira um pequeno pacote de plástico transparente contendo dentro um pedaço de papel enrolado e me estende:
- Talvez possa ajudar. Ele sempre me ajuda. - ele dá de ombros. Quando eu paro para pensar racionalmente eu não gosto da idéia, mas a situação já está tão fodida que me deixo guiar pelas vontades. Tomo o baseado de sua mão, coloco-o entre os dedos e o pouso em minha boca.- Tente não tragar tão rápido, você pode se engasgar. Normalmente acontece com iniciantes.- ele dá suas palavras finais, retorna uma mão nos bolsos e retira um isqueiro com o qual acende o meu baseado. Eu dou um trago leve mas acabo tossindo do mesmo jeito. Mesmo com a tosse já sou capaz de sentir a dor deixando de ser dor mesmo em pequenos tragos, o alívio é instantâneo:
- Imagino como eu estaria sem te conhecer. - digo enquanto seguro suas mãos e o guio até a cama:
- Como você se imagina sem mim?- nós nos sentamos e cruzamos as mãos:
- Talvez seja cedo, não? Pra assumir essa dependência, ainda mais quando não sabemos se é recíproco. -ele para para analisar o nada, suspira e olha bem nos meus olhos:
- Talvez. Talvez seja a coisa mais doida, mas também mais em alta no mundo. Só que, dá pra sentir algo. Algo vindo de você que me força a focar totalmente em você, mesmo que seja contra a minha vontade... Talvez não seja tão cedo assim.- sua mão direita acaricia meus cabelos e escorrega até a minha mão portadora do baseado, ele dá um trago e depois o apaga com uma pisada. Dessa vez seus lábios estão pertos dos meus e seu nariz está roçando no meu, suas mãos deslizantes percorrem um novo caminho e param no meu quadril. Em movimentos rápidos eu me vejo em seu colo e depois deitada no centro da cama. Sinto vários sentimentos e toques novos pra mim, carinhosos e lentos, apaixonados. É uma coisa indizível.

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⏰ Última atualização: May 31, 2016 ⏰

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