Sete - Sorte

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-Nem pensar! – Melissa protestou, pronta para negar até o fim dos tempos, se fosse necessário.

Corey respirou fundo e coçou a cabeça, provavelmente tentando encontrar um modo de convencer Melissa. Ela não queria ser convencida a respeito daquilo, contudo. Não visitaria a família de Barber nem se Corey lhe oferecesse um milhão de libras - e ela bem sabia que ele poderia arranjar tal quantia -, por um milhão de motivos que poderiam ser resumidos no simples fato de que o fantasma da falecida adorava persegui-la. Havia um tempo desde a última congelante visita, mas Melissa não queria arriscar sua sorte.

Não iria.

-Melissa... – Corey lhe chamou pelo nome, baixo, tranqüilo, e sua voz foi como seda acariciando a pele dela...

Ser chamada de "doutora" por ele lhe causava excitação. Ser chamada pelo nome despertava outro tipo de reação de seu organismo, muito mais poderosa. Uma que fazia suas mãos suarem e sua barriga revirar como um furacão. Uma que lhe deixava absolutamente à mercê de todas as vontades dele. Porque não se pertencia quando já havia aceitado o fato de que pertencia a ele.

Amor.

Porcaria de amor.

Era uma maneira baixa de se jogar, pensou Melissa, muito baixa. Ela bem tinha consciência de sua fraqueza ante as armas de sedução de Corey, porém não se deixaria levar dessa vez.

-Não.

-Você não vai nem me deixar explicar?

-Não.

-Tem medo que eu te convença? – ele sorriu ladino.

Melissa rolou os olhos e pensou em fingir indignação, porém desistiu. Sabia que não chegaria nem perto de enganá-lo.

-Tenho. – suspirou e confirmou com um aceno – E não quero ser convencida desse absurdo, portanto, pode esquecer.

-Por quê?

-Por muitos motivos. – deu de ombros e bateu o cabelo, tentando parecer confiante o suficiente.

-Quais motivos?

Melissa suspirou, incomodada com o fato de que precisaria falar em voz alta a respeito de seu probleminha sobrenatural.

-Porque... – ela pigarreou, porque sua voz falhou ridiculamente – Olhe, eu não acho que vá nos ajudar em alguma coisa eu ir até a casa de Barber.

-Por que não?

-Ah, você questiona demais! – Melissa torceu a boca – Daniel Langdon não deve estar escondido na casa de Barber...

-Mas Daniel Langdon é como um segundo filho para o Paay, logo pode saber de alguma coisa que nos interesse, alguma pista que nos leve até ele...

-Corey... Você é o melhor amigo dele, de-

-Até ele resolver matar Barber, pendurá-la em uma árvore e me incriminar em seu lugar. – Corey lhe interrompeu.

-Você costumava ser o melhor amigo dele, deveria saber como ele pensa, os lugares em que se esconderia...

-Você acha que já não pensei nisso, Melissa? O que acha que andei fazendo desde que deixei a cabana na praia? Ele não estava em nenhum dos lugares que imaginei que estaria e que eu poderia freqüentar sem ser reconhecido por alguém bastante informado, ou viciado demais em televisão e em documentários sobre casos criminais emblemáticos ou algo assim.

-Documentários sobre casos criminais emblemáticos? – Melissa sorriu.

-Bom, segundo Carolyne, eu andei aparecendo em alguns programas do Discovery e National Geographic... – Corey deu de ombros, parecia envergonhado. – As pessoas poderiam começar a desconfiar caso um criminoso emblemático que supostamente deveria estar morto começa a andar por Londres...

Lobotomia (Livro II)Onde histórias criam vida. Descubra agora