Dezenove - Reconciliação (parte 2)

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Corey acordou na manhã seguinte da mesma forma como havia dormido na noite anterior. O barulho do chuveiro se destacava através da porta entreaberta do banheiro. Melissa não estava ao seu lado. Os lençóis mal haviam sido tocados. Corey ficou se perguntando se ela, de fato, havia deitado ao seu lado. O dia anterior, estressante e abarrotado, o nocauteou de tal forma que, quando colocou a cabeça no travesseiro, tudo o que conheceu foi apenas um mundo sem sonhos de descanso profundo. Como se a briga com Melissa na noite anterior não tivesse acontecido. Mas aconteceu, e Corey se lembrou de como estava... Chateado. E seu sentimento só cresceu quando se deu conta de que ela, aparentemente, não tinha intenções de colocar as coisas no lugar novamente.

A vontade de Corey era entrar no banheiro e surpreendê-la, tocar seu corpo nu molhado, beijar o pescoço dela... A movimentação entre as pernas de Corey, já sempre a todo vapor a cada manhã, se tornou de tal maneira insuportável, que ele quase passou por cima de seu orgulho e do sentimento de "traição" que tomava conta de seu peito. Bem, ela não queria falar com ele, ele certamente não queria falar com ela. Era fácil retomar a raiva, as cenas de aproximação do investigador imbecil que ela não fez questão de impedir já não saíam de sua cabeça, de qualquer forma.

O único problema de todo esse novo e inesperado impasse no relacionamento (o tipo de coisa que Corey tinha esquecido que acontecia em relacionamentos) era que... Ele sentia falta dela. Doze horas sem olhos nos olhos e pele na pele e já parecia que havia algo muito errado acontecendo por ali. Notou, então, que toda a saudade que tivera que suportar quando havia sido obrigado a se afastar dela, fazê-la pensar que estava morto, escondido naquela praia distante na Escócia, talvez ainda não tivesse passado... Ainda precisaria de longos dias de doutora Melissa Parker para colocar tudo o que destruíra seu coração em seu devido lugar. Obviamente tempo para curti-la total e plenamente ainda não havia sido concedido pelo destino. Corey, contudo, concluiu que não tinha nada do que reclamar. Havia chegado até ali, afinal de contas, com um tiro no braço e um pedido de desculpas pelo excesso de imbecilidade a dar, mas estava com ela.

Lembrou-se do tempo em que não sabia como procurá-la, de como estava perdido sem ela na enorme e cinzenta Londres. Ela era seu porto seguro, afinal. E embora se sentisse um fraco por não ser capaz de continuar sem ela ao seu lado, embora se sentisse um completo idiota por envolvê-la mais do que já estava na confusão que era sua vida, sabia que precisava dela. Lembrou-se do alívio que inundou seu peito quando recebeu o telefonema da irmã dizendo que sabia onde Melissa estava.

-Pode me dar o endereço? – Corey pediu, tomando o cuidado de fechar a janela de seu apartamento sujo e escuro, para que ela não ouvisse o barulho dos carros.

Isso o colocaria em uma encrenca inimaginável.

-Por que quer o endereço dela? Não pode visitá-la, Corey. Além do mais, está a quilômetros e quilômetros de distância.

-Eu sei, é só que... Gostaria de saber onde está, se é um lugar legal e seguro...

Carolyne suspirou do outro lado da linha e hesitou um longo instante antes de respondê-lo:

-Você jura pela vida da nossa mãe que não vai sair daí, nem se o mundo estiver prestes a acabar e você for o último humano sobrevivente?

Corey rolou os olhos e então respondeu:

-Não vou sair daqui, Carolyne, só quero ter algum tipo de proximidade com ela...

-Você está ridiculamente apaixonado por essa garota, não está?

-Como jamais estive antes.

-Barber ficaria feliz por você.

-Barber não ficaria feliz, porque Barber está morta e o verdadeiro assassino está à solta...

Lobotomia (Livro II)Onde histórias criam vida. Descubra agora