Capítulo 5

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5 ANOS ATRÁS

Corri para fora do prédio, abrindo a porta do carro com pressa e desespero. Minhas mãos tremiam tanto que era quase impossível encaixar a chave no lugar. Assim que consegui, dei partida em uma velocidade assustadora e nada segura. Os pneus fizeram tanto barulho e tão alto que ecoou pelos becos da rua e deixou meus ouvidos com um zumbido ensurdecedor.

Cheguei à porta do prédio de Elizabeth, estacionando o carro de qualquer jeito em uma vaga proibida, mas não estava com cabeça para respeitar as leis do condomínio ou mesmo as de trânsito, pelo menos não agora.

Ela não podia ir embora. Ela não podia me deixar. Não depois de tudo o que passamos — o que não foi muito, mas o suficiente para eu perceber que eu preciso estar com ela. É até egoísta da minha parte pensar dessa forma, mas a adrenalina no meu corpo, neste instante, faz o medo que eu sinto ficar ainda mais forte e intenso, então não estou me importando muito em ser racional.

Cheguei à portaria avistando Pierre com seu tradicional sorriso simpático e amistoso.

— Sr. Brad? O que está fazendo aqui? — franziu o cenho, confuso.

— Vim ver a Elizabeth. — respondi, ofegante, como se fosse a coisa mais óbvia do mundo.

— Mas, senhor... a senhorita Elizabeth foi para o aeroporto há mais de uma hora. — falou manso, ignorando minha total falta de educação de segundos antes.

O impacto daquelas palavras foi o suficiente para pesar em meus ombros e me fazer perder o ar. Apoiei minhas mãos no balcão de mármore do hall de entrada, tentando manter o foco e ignorar o zumbido em meus ouvidos. Minha visão começou a escurecer e o ar de todo o planeta não parecia ser o suficiente para encher meus pulmões e oxigenar meu corpo. Meu corpo começava a vacilar, devido à diminuição de adrenalina no meu corpo.

— Ela viajou? — tentava me manter de pé, apoiando-me em meus cotovelos, já que minhas pernas enfraquecem cada vez mais.

Pierre notou que eu desmaiaria a qualquer momento e correu de sua cadeira, dando a volta no balcão para tentar evitar que eu caísse bruscamente no chão e me machucasse. Ele apoiou meu corpo na lateral do balcão e depois correu até a mesa com garrafas de água, entregando uma para mim.

— Ela viajou, Pierre? — repeti a pergunta, como se minha vida dependesse da resposta dele.

— Não, Brad. Ela foi embora. — olhava-me com um olhar entristecido. — Pensei que o senhor soubesse ou que, até mesmo, fossem juntos.

Eu só queria gritar, chutar, socar... Fazer qualquer coisa para pôr todo aquele emaranhado de sentimentos para fora. A questão era que ela foi embora. Ela me deixou, como se nada tivesse acontecido. Como se não fôssemos nada e isso era o que mais doía.

Me sinto tão imbecil, tão idiota e estúpido. Ela acabou comigo. E o pior é que eu não consigo sentir raiva dela, até porque seria injusto. Se ela aparecesse aqui, agora, talvez eu desse uns gritos de incredulidade, mas segundos depois me arrependeria, pediria perdão e a beijaria desesperadamente, porque sou um trouxa e não consigo mais estar longe delas e nem fingir que não estou completamente envolvido.

Não acredito que me apaixonei por Elizabeth Folks e ela me largou aqui com apenas uma droga de carta. Um simples pedaço de papel que foi capaz de me destruir em uma pequena fração de segundos.

— Me desculpe. Não queria ser o responsável por te dar essa notícia...

— Tudo bem, Pierre. — segurei seu ombro.

Pierre continuava me encarando, completamente cabisbaixo e arrependido.

— Acho melhor eu ir para casa. — usei todo o resto de força que havia em meu corpo para levantar do chão — Obrigado pela ajuda. — segurei um de seus ombros.

Depois de um SonhoOnde histórias criam vida. Descubra agora