Igreja

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22 de Novembro

Querido Will,

Eu precisava fazer algo para te guardar só para mim, foi então quando comecei a lhes escrever essas cartas, mesmo sem saber seu endereço, se ainda gostava de mim e se um dia iria ler tudo isso. Era o mínimo fazer: dedicar uma parte do meu dia a você, estando aqui ou não.
Hoje era dia de ir até a igreja, durante todo esse tempo só havia ido lá duas vezes no máximo, mas a partir dali eu tentaria ir ver as crianças do orfanato sempre, não que eu fizesse isso só por você, estaria fazendo por mim também. Conversar com o pastor e ver um sorriso a cada história nossa que eu contava, melhorou e muito o meu domingo. Depois fui almoçar com a mamãe e a tia Dali, que bom que ela havia voltado, talvez você não lembre dela, quando nos tornamos amigos ela tinha acabado de noivar com um desses empresários e fôra morar em Nova York. Enfim o que posso dizer sobre ela é que em seu olhar não há medo de ficar sozinha, independente e sabia o que fazer para conseguir seus objetivos. Ela era tudo que eu queria ser e para minha felicidade ficaria ali conosco até as minhas aulas do próximo ano terminarem, agora eu me sentia menos sozinha. Na conversa após o almoço ela soube entender perfeitamente como eu passava em um mês e meio, o que ninguém fora mamãe entendia.
Fomos para casa as quatro caminhando, adivinhe de quem foi a sugestão? Isso mesmo, mal chegará e já mudou um dos nossos hábitos. Fiz questão de mostrá-la nossas coisas, os livros, as suas blusas e tudo mais que construímos juntos, foi quando ela me questionou:
- "Porque você nunca percebeu? Ele era tão bom assim, o que havia de errado?"
Parte de mim sabia responder e a outra parte não sabia como dizer em voz alta, o clima que era bom mudou em uma fração de segundos e meu corpo se recusou a fazer algo além de chorar. Sentamos na cama, ela me fez carinho até que eu adormecesse, assim como já aconteceu com a gente.

Com carinho e beijos de takô,
Ema.

Beijos de TakôOnde histórias criam vida. Descubra agora