Capítulo 2 - Meu aniversário

93 6 1
                                    

— Quando é teu aniversário Lívia? — a Clara me perguntou.

— Dia 29 desse mês. — respondi.

— Ué, mas... — ela começou, pensativa — Fevereiro só tem 29 dias em ano bissexto.

— Pois é...

— Então seu aniversário é de quatro em quatro anos? — concordei, assentindo — Que legal... e bizarro! E você ainda deu sorte, no carnaval.

— Na maioria das vezes é no feriado de carnaval. — comentei, sem muita animação.

Eu gosto do carnaval, e até gosto do meu aniversário ser no feriado, mas esse ano eu sinto que não vai ser como eu espero. Minha família não está em uma situação financeira muito favorável e não serei eu a pedir uma festa.

Como eu ainda não tenho quase nenhuma amizade com alguém nessa escola, não falei a mais pessoas sobre meu aniversário. Esse é outro motivo do porque meu aniversário não vai ser dos melhores: não tenho muitos amigos.

Por ser feriado de carnaval, minhas poucas amigas as quais eu gostaria de passar meu aniversário não estarão disponíveis.

Enfim, um aniversário de 16 anos bem sem emoção, assim como eu respondi a Clara sobre ele.

Não, eu não acho tão legal ter o aniversário cumprindo a data certa a cada quatro anos como a Clara achou. Na verdade eu acho um saco, principalmente as brincadeiras na família... "São quantos anos? 16 ou 4?" "Não tem presente querida, seu aniversário é só daqui a dois anos" "Parabéns... ah, é só no ano que vem" e por aí vai.

Muitas vezes, minha família costuma comemorar meu aniversário no dia 28, já que dia 29 demora um tempo pra vir de novo.

Eu sinceramente acharia ótimo ter um aniversário normal, como todos os adolescentes da minha idade, a cada ano e não a cada quatro anos.

Tudo bem, até que é legal esse acontecimento. Me sinto única, especial só pelo dia em que nasci.

Mas às vezes me sinto, sei lá, criança...

Parece que nada favorece meu aniversário de 4/16 anos: dinheiro, amizades, colégio, família...

E o pior é que eu sempre me esforço pra fazer dos meus aniversários da data certa o melhor possível, afinal nem mesmo a cada ano é. Porém, quase sempre, meus esforços são inúteis.

Triste essa minha realidade.

[...]

29 de fevereiro de 2016

Eu sempre imaginei no meu aniversário aquela parte do filme, ou série, ou novela que ninguém fala com a aniversariante, mas na noite do aniversário dela todo mundo estava compactuado em uma armação: uma festa surpresa.

Nunca fui de alimentar muito essa esperança, mas confesso que esse ano foi o que esse sonho teve maior proporção.

Eu literalmente dormia e acordava pensando em como seria lindo se isso acontecesse. Em um grande buffet estar toda a minha família e amigos prontos para uma grande festa que eles mesmos tramaram para mim.

No meio de toda essa bagunça, algum amigo levar outro amigo e eu conhecer esse garoto novo e tal.

Sim, eu confesso, sou do tipo de garota de acredita em contos de fadas e que sempre sonhou com um príncipe encantado.

Na maioria das vezes, as pessoas que também faziam parte desse grupo de sonhadores (a) sofreram alguma super decepção no meio do caminho como perder a mãe ou o pai, ou algum desses ir embora, ou sofrer algum tipo de acidente ou bullying e hoje não permitem existir magia e sonhos nos seus corações por medo de perderem tudo novamente.

Apenas um ano meio bizarroOnde histórias criam vida. Descubra agora