Capítulo 1

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Abri os olhos e percebi que estava tremendo e respirando profundamente, meu coração estava acelerado. Eram 3:00 da manhã em NY, e apesar de conseguir ver algumas luzes na Times Square a escuridão predominava.

Há 7 anos os meus pesadelos sempre acabavam dessa forma. Hoje foi diferente. Consegui apenas alguns fleches, do que acontecerá depois do clarão de luz, eu pude observar um par de olhos azuis. Eram de longe os olhos mais lindos da minha vida, como cristais cintilantes, doces e angelicais. Apesar de tanta doçura em seu olhar pude perceber que eles eram tão resistentes quanto diamante.

Minha cabeça parecia estar prestes a explodir, não sabia se poderia aguentar mais desses sonhos sem explicação, qual seria o real sentido disso? Desde pequena minha mãe dizia que eu era destinada a grandes coisas... Todas as vezes em que eu acordei chorando por causa desse pesadelo ela sempre pareceu um pouco afastada do assunto, sempre dizia que todos os segredos são revelados na hora certa, e eu nunca entendi ao certo o que ela queria dizer com isso. Olhei mais uma vez para o relógio, ainda eram três e quinze. Depois daqueles olhos azuis eu não conseguiria mais dormir. Levantei da cama para beber algo e acidentalmente bati meu dedão no criado-mudo.

- Merda...- Estava latejando, depois disso tive a leve impressão de ter escutado um ruído atrás de mim, olhei para traz.. Não vi nada.

Segui ao corredor em direção a cozinha.Depois de pegar meu copo d'água fui em direção ao meu escritório, o lado positivo de se ter pesadelos de madrugada é que você consegue passar um bom tempo lendo livros, devido a insônia. Adorava ler alguns sobre mitologia, contos, clássicos, arcanjos... Miguel era um dos meus anjos favoritos, não sei por que, mas sempre entendi o sofrimento dele por ter de mandar o seu pequeno e porém malvado irmãozinho para, literalmente, o quinto dos infernos.

Talvez me identifique um pouco com ele... Já que quando tinha doze anos o meu irmão gêmeo Nate morreu em um misterioso incêndio que nunca foi explicado pelos bombeiros. Acredite... A dor de perder a pessoa que mais amava é a pior dor que poderia sentir em toda vida. Quando ele faleceu, senti que parte de mim também se foi... E por conta disso sempre tive uma parcela de culpa por por não estar lá para ajudá-lo. Cheguei no meu escritório, peguei o livro que estava lendo e voltei para o quarto, quando abri a porta senti um profundo arrepio que veio dos pés ao pescoço e vi que a janela estava aberta. - Estranho...- Jurava que tinha deixado fechada. Na medida em que me aproximava da janela fui sentindo mais frio, NY em janeiro é realmente fria, e quando coloquei a mão no vidro gelado para poder fechá-la tive a impressão de escutar uma voz rouca falando o meu nome.

- "Mabelle " - Rapidamente olhei para trás, não vi nada que possa ter feito aquele sussurro. Novamente quando retornei minhas mãos no vidro ouvi meu nome -"Mabelle"...- Desta vez o som parecia mais próximo.

-"Venha para mim"- disse a voz misteriosa enquanto virava-me assustada. Eu não estava ficando doida... Eu realmente tinha escutado aquilo.Naquele momento eu estava levemente apavorada, meus olhos se encheram de lágrimas, já que nunca fui uma garota de chorar, aquilo estava ficando realmente assustador.

-Quem está aí?! - Perguntei me apoiando na janela, agora então fechada.-Venha para mim...- A voz retrucou suavemente.A minha mãe sempre foi muito religiosa, e me ensinou desde pequena que quando me sentisse em em apuros, ou simplesmente com medo, deveria rezar e Deus me ajudaria, mas naquele momento eu sabia que Deus não poderia e teria de virar-me por conta própria.

- O seu destino é ser minha. - a voz falou mais uma vez.

-Que tipo de maluco é você?! - Gritei -Saia das sombras se você tem coragem!

Eu sabia que tinha feito a coisa errada. Na medida em que ele foi saindo das sobras o meu coração foi acelerando mais e mais. Acho que não seria preciso ele sair das sombras para me matar, morreria ali mesmo por conta de um ataque cardíaco. Ele vestia um capuz preto, não dava par ver o seu rosto direito, só o suficiente para perceber que ele tinha cabelos escuros, e olhos mais negros ainda.

Empunhava uma adaga com alguns símbolos antigos grifados na lâmina pontuda, pude reconhecer alguns de um livro que falava sobre magia negra, aquele símbolo... significava.. signi... Sacrifício!



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