Capítulo 1 - Bem vindos a Locwood

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Aroma de rosas

Em meados de 1320, existiam várias criaturas inexplicáveis; criaturas, medonhas e assustadoras, que viviam na terra acabando com qualquer resquício de humanidade. Mas com a chegada dos Sacerdotes nas vilas, adquiriu-se o equilíbrio; enquanto houvesse o discernimento da Igreja. Dez anos se passaram desde então e a ordem sobrenatural se encontra estabelecida. Por mais que alegava-se de que o "mau" estivesse contido, ainda assim todos viviam com medo.

Loccwood é uma pequena vila escondida, por uma vasta e densa floresta; onde todos em que habitam são felizes e contentes com suas vidas pacatas e desinteressante. Normalmente não reclamaria, até gosto, o grande problema é que não somos livres, pois vivemos como presos. Os morados não vão e não permitem que ninguém vá para a floresta, já que sentem medo do que se esconde por lá. O Sacerdote da vila declarou uma lei em que proibia qualquer morador de entrar na floresta, pois existem criaturas sombrias a espreita esperando algum insano se atrever a adentra-la.

Ouço desde pequena, que a floresta fora amaldiçoada por Deus; pelos pecados da carne. Não que eu vá acreditar nessas trivialidades, são apenas contos para nos proibir das diversões do mundo. Mamãe nunca me deixou visitar a vovó, pois diz que é perigoso demais, e que, quem entra nunca mais volta. Ela tem medo que eu possa errar o caminho e me perder, medo que eu possa ser devorada pelo Lobo mau que existe por lá.

Hoje completei dezessete primaveras e estou tentando a convencer de me deixar ir visitar a vovó, pois sinto sua falta. Minha vó não mora na vila, não mais. Não suportou a morte do vovô que fora atacado e morto por uma criatura da noite. Vovó ficara muito triste e fora embora sem olhar para trás.

- Mãe Por favor, deixe-me visitar a vovó - Supliquei.

-Valentina filha, já conversamos sobre isso! - Disse-me regando suas plantas.

- Já tenho dezessete! e como presente gostaria de ir ver a vovó, não a vejo desde os cinco. - Ela suspirou, mas continuou em silêncio. Ainda de costas continuou a regar suas plantinhas. Eu conseguia ver a marca em cravadas em suas costas, agora cicatrizadas. Vinha na altura da cintura e terminava no inicio de sua nuca. Já havia questionado sobre ela, mas nunca obtive resposta. Tudo que eu recebia era um longo suspiro e ela logo tratava de mudar de assunto. Penso que não devem ser lembranças boas, por isso não insisto.

- Mamãe por favor... - Insistir mais uma vez. Ela veio até a mim colocando suas mãos em meu rosto carinhosamente.

- Valery querida , você não entende que o que eu faço é para te manter segura?! - Indagou aflita.

- Mamãe, não existe criaturas sombrias na floresta. - Eu não acreditava nessa história. Peguei em suas mãos e olhei eu seus olhos. - Escute-me mamãe, eu sei que a senhora quer apenas me proteger, mas eu já lhe disse que não irei pela a floresta - Ela me olhou ainda contrariada. - Pegarei o caminho mais longo, se assim desejar - Ela sorriu. - Prometo!

- Esta bem filha, deixarei ir, mas por favor... - Ela deu uma pausa suspirando. - Me prometeu que não iria pela floresta.

- Como desejar mamãe - Falei pulando de alegria. Pela primeira vez irei até a casa da Vovó visitá-la. - Quando poderei ir? - Perguntei animada.

- Daqui três dias - Falou séria. Eu a questionaria por que não pela manhã? Mas pensando melhor ela poderia não deixar, se eu perguntasse, melhor deixar como está.

- Tudo bem - Falei a beijando no rosto. - Posso ir na casa da Grace? Quero lhe contar -

- Pode queria, mas é perigoso ficar lá fora, já é quase lua cheia - Disse voltando a regar.

- Tudo bem, mamãe voltarei logo.

Caminhado até a casa de Grace, notei que a vila estava quase toda deserta, sem ninguém, algumas ainda fechavam suas portas e janelas. Isso por conta do medo que sentiam dos "sombrios" como chamavam as criaturas. Nunca vi um de perto, mas o Sacerdote da igreja diz em suas palavras santas que já vira e que até lutara com um aqui em Locwood. Descritos por ele como; enormes cachorros com dentes afiados e raivosos, olhos grandes e assustadores. Todos respeitam e admiram o Sacerdote, dizem que pelo menos deveríamos, pois ele carrega uma imagem santificada perante Deus por expulsar um "sombrio" anos atrás. Na verdade eu não acho que ele seja de Deus, está mais para enviado do demônio. Ele é maldoso com as pessoas, apenas por elas não fazerem o que ele quer. Ele chegou na vila já ditando regras. O vilarejo que já estava passando por dificuldades com a colheita que estava escarça, acreditaram em qualquer coisa que ele falara. Eu não os culpo, pois quando o desespero vem, só nos resta esperar um milagre, então eles acham que se estivessem mais perto de Deus as coisas poderiam melhorar.

- Olá Grace, tenho uma coisa para contar - Falei assim que a encontrei encostada na entrada da taberna de Castenvild.

- Oh, Valery, estava a conversar com Otta que depois da missa pela manhã podíamos sair para nos divertir - Ela disse animadamente. - Ele levará cervejas, então, você vem? - Sussurrou.

- Então, era o que eu queria te contar - Falei. - Amanhã irei visitar minha avó, mamãe finalmente disse que eu poderia ir.

- Meu Deus! sério Valery? - Questionou chocada. - Sim, cedo pela manhã irei a casa no bosque onde vovó mora.

- Fico feliz por você - Diz sorrindo abertamente. - Oh meu Deus, já é quase lua cheia - Disse apontando para o céu. - Vamos! - Saímos correndo pela vila de volta para casa. Grace entrou na sua casa e eu segui para a minha.

- Mamãe, cheguei - Falei assim que adentrei.

- Vá subir se lavar e descansar, amanha é um longo dia querida. - Disse ela beijando minha testa. - Antes disso querida, ajuda-me a colocar as correntes na porta. - Olhei para as suas mãos que segurava as correntes pesadas feitos de ferro. Que segundo o Sacerdote; ferro era uma arma usada contra o sobrenatural, pois purificava o mau. Ajudei a colocar as correntes na porta e fechar as trancas das janelas, não é mais algo incomum, me acostumei depois de um tempo.

Em tempos de Lua Cheia todos se abrigavam e se protegiam como podem, pois os "sombrios" vem sedentos por sangue e matam o que virem pela frente. Existe uma lenda que diz que, em noite de Lua de Sangue; que acontece de tempos em tempos, os "sombrios" raptam as jovens que fazem a sua Décima Sétima primavera.

Sentada em minha cama, fitava pela janela a floresta escura sob o luar da lua cheia, imaginando o que ela escondia.

"Está chegando a hora de reivindicá-la como minha... Minha companheira" - Eu pude escuta-la em minha cabeça, essa voz que me atormenta desde de sempre. Quando não é coisas que não fazem sentidos nenhum para mim, é apenas ordens ou pressentimentos de que algo de ruim possa me acontecer. As vezes a temo, sinto um medo pelo, pois eu sei que se descobrissem que eu escuto vozes poderiam me acusar de bruxaria e acabaria na fogueira, por isso a mantenho em segredo de todos. Um aroma leve de rosas paira no ar, levando toda a minha preocupação de antes.



Chapeuzinho Vermelho - A verdadeira históriaOnde histórias criam vida. Descubra agora