Capítulo 5 - A visita

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O GRANDE LOBO

Valentina correu o mais rápido que podia já que sua capa acabava a impossibilitando de tal ato. Ela parou um pouco para que pudesse regular sua respiração. Ainda rondava a sua mente o que acabara de acontecer naquela caverna. Questionamentos eram feitos e nenhuma resposta vinha na mente de Valentina. Porém ainda pensara; quem era aquele moço que a salvou? E por que ele agia estranho? Eram questões a quais não sabia responder. Ela não conseguia esquecer o que sentiu quando ele lhe tocara, da respiração em seu pescoço e da língua dele em contato com sua pele, ato que fez seu corpo corresponder de uma forma inesperada. Ela percebera afinal que aquele homem por mais estranho que fosse para ela, de alguma forma sentia que o queria, pois ficara curiosa pelo dono de duas belas íris de cores surreais.

Em pouco tempo Valentina chegou ao vilarejo vendo pessoas reunidas na pequena praça que se localizava no meio da vila. As pessoas a olhavam assustados e surpresos. Sua mãe logo a viu e correu para abraça-la.

- Chapeuzinho por onde esteve? – Perguntou preocupada.

- Desculpa mamãe, a tempestade ficou muito forte e acabei me abrigando em uma caverna – Mentiu. Se Chapeuzinho contasse a verdade, sua mãe nunca mais a deixaria sair. Ela á prenderia para sempre com medo de que algo acontecesse.

- Você me deixou muito preocupada, não só a mim, mais a todos do vilarejo. – Chapeuzinho olhou ao redor e viu que as pessoas a olhavam curiosos.

- Não irá se repetir mamãe, prometo – Disse Valentina Sorrindo fraco.

- Tudo bem chapeuzinho – Suspirou. – Vai entrando falarei com o Sacerdote. – Disse sua mãe.

Ela apenas assentiu e foi em direção de sua casa, mas se assustou assim que viu Dylan pular em sua frente.

- O que quer Dylan? – Perguntou sem paciência.

- Precisava saber se estava bem – Disse sorrindo. Valentina sorriu de volta, soltando o ar devagar.

- Estou bem Dylan, obrigada por se preocupar. – Disse batendo de leve no ombro dele.

- Pensamos que o lobo tivesse te matado – Disse fazendo Valentina revirei os olhos.

- Dylan – Chamou sua atenção. – Pare com isso, não tem lobo nenhum aqui, já deveria saber disso pois já é um homem bem grandinho para acreditar nessas crendices. – Continuou a andar.

- Dizem que ele é enorme. – Disse Dylan andando ao seu lado.

- Quem disse? – O Perguntou, mas sem interesse. – São apenas lobos, que parecem com cachorros, de tamanhos normais.

- Você não acredita Valentina? – perguntou abismado. – Pois deveria temê-los. – Completou.

- Dylan, Lobos enormes não existem, são apenas histórias para assustar garotinhos inocentes, como você – Disse ela rindo, enquanto Dylan fazia uma careta de desgosto.

- Tem que começar a acreditar Valentina, quanto menos você esperar ele estará na ponta da sua cama pronto para te atacar – Quando Dylan disse isso, Valentina lembrou de seu pesadelo que teve na noite anterior. Ela abriu a boca para falar, mas foi interrompida pela a voz da mãe de Dylan que o chamara.

- Preciso ir, te vejo amanhã. – Disse ele correndo na direção de sua casa.

Valentina respirou fundo continuando o caminho para sua casa. Ainda sentindo muito frio, e nunca desejara tanto um banho quente.

Valentina adentrou a banheira sentindo seu corpo estremecer ao ter contato com a água quente em sua pele fria, mas logo relaxou. De olhos fechados uma lufada de vendo adentrou seu banheiro fazendo-a sentir um aroma de rosas que pairava no ar. Aquele cheiro de rosas que a viciava inundou suas narinas.

Pouco tempo depois, sentindo-se cansada e sonolenta. Valentina saiu da banheira com a toalha em volta do seu corpo, passou pela janela de seu quarto que ficava do lado de sua cama. Olhou de relance para fora e viu ele. O sem nome que a salvou, o senhor da sedução. Ele estava parado no meio da praça a olhando pela janela. Ela franziu sua testa achando aquilo completamente estranho. Percebeu que seus lábios se abriram em um sorriso, assustadoramente sedutor, mas logo o viu sair da praça. Ela correu para perto da janela para poder ver em que casa entraria ou em que direção iria, mais não o viu mais. Valentina o achava estranho, ele tinha um ar de mistério e as vezes parecia assustador. Ela fechou sua janela e terminou de se trocar.

- Valentina querida, vem jantar – Gritou sua mãe.

- Estou indo. – Terminando de pentear seu cabelo.

Chegando na cozinha sentiu o cheiro maravilhoso da sopa da minha mãe. Sentou-se na cadeira esperando que mãe colocar o prato com sopa.

- Mãe sua sopa é a melhor – Falou depois de ter posto na boca a terceira colherada.

- Aprendi com sua vó – Sorriu. A menção a sua vó a fez lembrar de mais cedo, da conversa que teve com ela, e que tudo ainda era um mistério.

- Mãe, não sabia que vovó ainda praticava o paganismo. – Comentei. Mamãe ficou séria.

- Querida isso não é assunto para falarmos na mesa. – Disse. Valentina ficou quieta, mas a sua curiosidade de saber mais a deixava inquieta.

- Nunca é um bom momento para falarmos sobre a nossa família. – Disse resmungona.

- Tudo bem chega, acho que já está na hora de ir para cama – Disse sua mãe levantando e recolhendo os pratos da mesa. Valentina se levantou com raiva e foi para o seu quarto batendo o pé pelo assoalho de madeira. Quando estava prestes a subir as escadas escutou um barulho do lado de fora. Olhou assustada para sua mãe que parecia não ter ouvido.

- Escutou? – Disse andando em direção a janela que estava fechada pela cortina.

- Valentina não abra essa cortina – Avisou sua mãe.

- Mãe quero saber que barulho foi esse. – Valentina olhou para janela novamente.

- É o lobo querida, se afaste da janela. – A sua curiosidade foi maior e desobedecendo sua mãe ela afastou um pouco a cortina.

- Olha só mamãe, não tem lobo nenhum aqui. – Abriu cortina vendo que não havia lobo algum lá. – Viu mãe, é você e esses vizinhos loucos com essa obsessão nesse lo... – Mal terminou de falar, Valentina arregalou seus olhos vendo um lobo enorme na frente de sua janela, rangendo os dentes olhando para ela como se fosse as devorar. Ela já não conseguia respirar direito e muito menos gritar. 

Ele era enorme, com olhos de tonalidade de cores diferentes e assustadoramente bonitos, o que rapidamente fez Valentina lembrar-se do moço que a salvou. Ainda olhando o lobo assustada, não conseguia se mover. 

Ele podia muito bem quebrar aquela janela e devorar a mim e a minha mãe. Pensara, mas ele não o fez. Ficou apenas a olhando, fazendo com que seu coração acelerasse. Valentina fechou seus olhos com força querendo não ver aquela criatura em sua frente. Ela sentiu uma corrente de ar entrar com um maravilhoso aroma de rosas. Quando abriu de volta os olhos, viu que o lobo não se encontrava mais lá. Ela olhou para a sua mãe que já a olhava assustada, enquanto se questionavam porque aquele lobo enorme não as matou.    

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⏰ Última atualização: Dec 15, 2022 ⏰

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Chapeuzinho Vermelho - A verdadeira históriaOnde histórias criam vida. Descubra agora