A luz do sol da tarde entrava pela janela e caía sobre o corpo adormecido de um garoto. Ele era alto e corpulento. Tinha a pele clara e cabelos loiros arrepiados por algum tipo de gel. Ele acordou com o calor e a luz em seu rosto. Ele se mexeu em sua cama e então se arrependeu, pois uma pontada de dor de cabeça o atingiu. Ele tornou a fechar os olhos e se virou para o teto. "Que horas são?" Tales se perguntou. Assim que concluiu o pensamento seu estômago roncou fortemente. Ele estava morrendo de fome. Não entendia o motivo. Por que não comera antes de dormir? Foi quando percebeu que não se lembrava de ter comido e nem de ter adormecido. Não se lembrava nem de chegar em casa. A última coisa de que lembrava era... "O garoto novo..." Aquele que o tinha desafiado na escola. Como era mesmo o nome dele? "Eliaz!" pensou, irritado. "Eu avisei a ele que ele iria pagar." Mas aí estava o problema: Tales o seguiu junto com dois amigos para dar uma lição em Eliaz para que ele soubesse com quem estava se metendo. Eles o encontraram em um beco avançaram até ele. Eles trocaram algumas palavras e então... Nada! Não se lembrava de absolutamente nada. Nada que tivesse ocorrido no beco. E sempre que tentava a dor parecia aumentar.
Seu estômago gemia, impedindo que se concentrasse. Não adiantaria ficar ali deitado buscando a memória de barriga vazia. Nunca seria capaz de manter o foco. Então ele se levantou e quase imediatamente foi atingido outra forte onda de dor de cabeça junto com uma leve tontura. Precisou se apoiar novamente na cama para recuperar o equilíbrio. "O que está acontecendo comigo?" Pensou. O garoto esperou alguns momentos até se sentir melhor e saiu do quarto. Pra variar, a casa estava deserta, a não ser pela empregada que cuidava de seus afazeres pela casa. Raramente seus pais apareciam. Seu pai, o diretor, sempre cuidando de assuntos relacionados à escola, só aparecia à noite. E sua mãe vivia em constantes viagens devido ao seu trabalho como estilista.
Tales andou até a cozinha e encontrou um prato de comida ao lado do microondas e sorriu. "Fátima sempre pensa em tudo, realmente..."
Alta, de cabelos e olhos castanho-escuro já começando a mostrar seus primeiros fios brancos e pele corada com os primeiros sinais de rugas. Fátima esteve com ele desde a infância, quando seu pai assumiu a diretoria da Morning Star. Desde então, ela têm sido uma constante companhia durante o dia, sempre cuidando da casa e dele.
Ele esquentou a comida e comeu ali mesmo, recostado à bancada, enquanto tentava se lembrar do que havia acontecido no beco mais cedo, e como havia chegado em casa. Por mais que tentasse, nada lhe ocorria. Foi então que ele ouviu passos. Olhou pela porta e avistou Fátima subindo as escadas para o segundo andar da casa. Um pensamento lhe ocorreu: Provavelmente ela o vira chegar em casa. E se ela viu quando ele chegou, talvez soubesse de algo que o ajudasse a se lembrar dos acontecimentos daquela estranha tarde. Era um passo arriscado, pois ela não poderia saber que ele havia chegado sem se recordar de como havia chegado em casa. Precisaria de uma desculpa para fazê-la falar sem desconfiar de nada.O jovem correu escada acima, mal terminando a comida. Seu apetite desaparecera e fora substituído pela fome de descobrir o que havia acontecido. Chegando ao topo das escadas, avistou Fátima se preparando para entrar em seu quarto. A mulher alta sobressaltou-se com a aparição de Tales tão de repente.
- Que susto menino! Quer me matar do coração? Já não bastou chegar em casa e ir dormir sem falar nada ou comer nada? Quase liguei pro seu pai!
Sua voz, normalmente calma estava estridente devida a preocupação e ao susto que acabara de levar.
Tales apenas suspirou, fingindo que não era nada demais.
- Fátima calma. Eu só estava... Cansado. Só isso.
- Eu notei! Dormindo por quase três horas sem comida. Seu dia provavelmente foi cansativo."Três horas... Como assim eu dormi por Três horas?"
Os olhos escuros de Fátima ainda repousavam sobre ele. Ela parecia esperar uma explicação.
- Ah, nada demais... Só mais um dia entediante como todos os outros.
- Não acho que seja desculpa pra você chegar em casa parecendo um zumbi que não responde quando falo com você. Parece que esquece que cuido de você há mais de cinco anos!
"Um zumbi? Do que ela está falando?"
Tales forçou um sorriso e apenas se desculpou.
- Não vai acontecer de novo.Ele entrou em seu quarto e sentou-se na cama. A mulher, vendo que o menino parecia bem, deixou-o, apesar de ainda estar desconfiada do que havia realmente acontecido.
O rapaz sentou-se na cama tentando refletir sobre a conversa que acabara de ter.
"Um zumbi, ela disse... O que isso significa?"
Tales não se lembrava de nada daquilo. Estava no mínimo confuso com toda aquela situação. Ele recosto-se na cabeceira e fechou os olhos, refazendo todos os passos desde que havia saído da escola. A chegada ao beco, encontrar Eliaz sozinho. E o sorriso confiante do outro rapaz ao dizer "Você não vai querer fazer isso...". Não se lembrava do que havia acontecido depois, mas a lembrança daquela frase lhe causava arrepio na espinha. Decididamente, tiraria aquela história a limpo. Pensou em falar com seus amigos. Mandou mensagens para ambos e eles pareciam igualmente confusos. Não se lembravam de nada e haviam chegado em casa nas mesmas condições e acordado com dores de cabeça. Tales estava passando de indignado para enraivecido. Aquele garoto deve tê-los hipnotizado de alguma forma. Havia algo de diferente nele. Podia sentir. E iria fazer de tudo para descobrir o que era e revelar a todos quem realmente era Eliaz. E então, o faria pagar por ter sido humilhado dentro da sala.
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Alados
Teen FictionJane é uma jovem comum de 17 anos. Pelo menos, é o que parece. Seu passado e presente sombrios a assombram, e são um segredo para todos exceto sua mãe. E então, todo o seu segredo é ameaçado com a chegada de um novo aluno na escola. Junto com ele, a...