津 - tell me.

o início de um novo ano, de uma nova sensação.

Noite de 31/12 daquele mesmo ano, pré-madrugada. Estava com o braço apoiado na minha janela e bebendo café com leite, a rua estava bem escura dava para a observar uma enorme constelação naquele céu azul marinho.

Deixei meu copo em cima do pequeno criado-mudo, peguei um casaco, o vesti e desci as escadas. Meus tios estavam sentados discutindo sobre alguma coisa enquanto bebiam algum tipo de vinho, avisei que estava de saída e fechei a porta. Tudo estava tão branco lá fora, a neve fazia várias camadas sobre o chão, era um pouco difícil se movimentar naquele monte de gelo. Percebo algo Preto se debater entre aquela neve, parecia um ser vivo com frio.
Me movimentei o mais rápido que pude, e o acolhi em meus braços, era um gato. Ele miava desesperadamente, estava com a pata sangrando.

Voltei para a casa e sem nem conversar sobre com meus tios, corri para meu quarto. Abri o guarda roupa e peguei o primeiro pano velho que apareceu, no qual rasguei uma tira e embalei a pata do gato que parecia calmo após ser acolhido para dentro de casa, era o mesmo gato no qual eu havia avistado aquele dia.

Ele cochilava tranquilamente em cima de alguns panos que deixei no chão, parecia aquecido e confortável ali.
Já era cerca de meia noite e ouvia fogos por toda parte, as luzes de alguns refletiam no meu escuro quarto algumas vezes. Estava sentado, lendo um antigo jornal sobre desaparecimentos de pessoas, como alguém desapareceria em uma cidade tão pequena assim?

Acabei por cair no sono, acordei com batidas na porta, levantei daquela poltrona velha e abri a porta, era minha tia falando que eu tinha visitas.

Desci as escadas quase tropeçando, estava sonolento avistei Chyo que soltava algumas gargalhadas de minha situação, mandei ela subir.

Ela estava sentada brincando com o gatinho. Então quebra o silêncio:

ー Ano novo, você já se matriculou?

ー Consegui uma vaga em seu colégio por sorte, minha tia é bem determinada quando ela quer conseguir algo. Ri baixinho

Mas me responde... Como você descobriu onde eu moro?

ー Uhmm... eu fiz o rastreio a partir do seu celular.

ー VOCÊ O QUE? Acho que fiz uma expressão bem bosta de surpreso, além de piromaniaca, stalker?

ー Brincadeira, só te segui!

ー Er... Você é estranha. Confirmado, ela é uma stalker.
Ela continuava brincando com o pequeno gato, corria atrás dele, provocava com uma fita. Ele parecia melhor de sua pata. Por algum motivo, pensamentos sobre meu poder surgiram em mente... Eu deveria contar isso para Chyo? Ela me acharia um louco.

ー O que foi? Você tá pálido.

ー C-Chyo... Eu ten-

TE ACHO MUITO BONITA COM ESSE CABELO!

ー Isso foi estranho, obrigada! Ela gargalhou alto com minha reação inesperada.

Me fala, você tá me tratando bem pra pedir algum favor?

ー Não né! Mal me conhece olha a visão que já tem de mim.

ー Desculpa Xian, não é bem desse jeito...

ー Hm

Ela me fez cócegas abaixo da nuca, virei e segurei sua mão a encarando com uma expressão normal. Agi fora de si e ela havia corado

ー Er... Tenho que ir.
Ela ajeitou sua saia preta e se levantou.
Balancei minha cabeça e respondi
ー Quer que eu te leve em casa?
Ela negou com a cabeça.

ー Não está tarde, até a porta basta, obrigada.
Parecia um pouco sem graça, ainda bem vermelha. Caminhamos sem dar um piu ou olhar um para o outro durante o percurso, chegando em passos lentos até a porta.

ー Hoje foi legal, gostei de seu gato. Tchau Xian, até qualquer dia.

Ela me deu um breve beijo na bochecha e se retirou.
Continuei plantado com cara de pamonha sem saber como reagir, meu rosto estava quente e eu provavelmente estava vermelho.