Rua 09.

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Era de manhã, deixei Chyo aos cuidados de Ari e fui para o endereço. Lá estava, um galpão velho e com o portão enferrujado fechado a cadeado, havia um buraco na parede, o que possibilitava a minha entrada.

Era levemente iluminado pelos raios de sol que saíam das pequenas janelas, a plantação havia dominado aquele local, avistei um roseiro de rosas brancas. Parecia bem vívido, e ser cuidado.

Pude notar um envelope vermelho em cima das rosas, me estiquei com cuidado para alcançar e mesmo assim consegui me cortar com espinhos, derrubando sangue em algumas rosas.

No envelope havia:

Gostaria de ter te mostrado, desculpe. Pegue a tesoura de jardinagem na caixa.
Cave.

Procurei pela caixa o que não foi tão difícil de achar, fui em direção ao roseiro e cortei algumas folhas, em baixo havia o chão. Cavei profundamente até tocar em algo duro, era branco, seriam ossos?

Retirei o resto de poeira de cima, era um corpo morto em decomposição, não fedia por algum motivo e parecia novo! As raízes do roseiro se alimentavam daquele corpo. Ele segurava uma caixa, dentro dela havia um bilhete:

Haru Ameyagi, 13 anos.

Era alguma irmã do Oruo?
Neste momento o telefone toca, era a Ari dizendo para voltar para casa agora.

Chyo havia vomitado muito, e estava com dor no pescoço.

ー Chyo? Você está bem?

ー Sim, por que não?

ー Você estava vomitando!

ー Ah tanto faz... Desliga a luz, meus olhos estão sensíveis...
Fiz o que ela havia ordenado.

ー Você sabe algo do exercício de física?

ー Ahn... Eu... Não sei de nada... Eu não consigo pensar em nada... Sei lá!
Ela deitou seu rosto no colchão. Chyo agia estranho desde a morte do seu pai, ela se recusava a ir no hospital toda vez que passava mal...

Dois dias se passaram desde então... Eu havia arrumado um emprego temporário em uma loja de conveniência aqui perto, recebia semanalmente por isso, Chyo continuava trabalhando mas sempre voltava exausta.

Estávamos na metade do ano, fazia um imenso calor. Férias, nosso grupo decidiu sair para um local longe da cidade e voltar daqui alguns dias. Chyo nunca havia andado de metrô na vida, ficou tão entusiasmada com isso que não piscou o olho na viagem, Ari dormiu a viagem toda, Ero conversava com Yura sobre a casa, e eu... Fiquei pensando sobre a família Ameyagi.

Chegamos lá eram quase 6:45, nós escolhemos alguns quartos e fomos dormir, Chyo tomou um rápido banho e deitou-se antes de mim na verdade,
ela realmente precisava descansar.

Tive um sonho, eu estava em uma casa mas por algum motivo eu conhecia aquela casa! Ela era totalmente familiar... Desci as escadas e então percebi uma porta se abrir, algo brilhava naquela porta e eu podia ouvir a voz de Chyo suavemente me chamar. Aproximei daquela porta e então...
Acordei com Chyo me balançando, mandando eu vestir algo pois iríamos para praia.

Todo mundo na temática praia e preparados, peguei a primeira roupa refrescante da mala e vesti.
Estavam Yura e Ari brincando na água, Ero caçava conchas, Chyo estava sentada lendo algo. A interrompi dando um pequeno beijo no seu pescoço.

O que está lendo?

ー Um pequeno livro sobre vida marinha, é interessante.

ー Única coisa divertida pra você?

ー É... Por que?

ー E eu?

Ela gargalhou alto e afagou minha cabeça.

ー Você nem venha com drama, senhor Xian!

Ero reuniu todos em baixo da sombra e jogou algumas conchas no chão.
Bem, cada concha dessa será dividida a partir da personalidade de cada um!

Concha Amarela vai para a Ari, a concha da responsabilidade.

A concha Rosa, para Yura. Concha da gentileza

A cinza para mim, concha da inutilidade. Ei, eu sou Ero, sou inútil!

A Vermelha vai para a Chyo, a concha do amor. Chyo acolhe qualquer um que se mova!

E... Azul! Para Xian.
Ele colocou a concha devagar em minha mão.
Você é o oposto da Chyo! Você se desapega com facilidade das pessoas. Você fica com a concha do desafeto.
Ele me olhava sério, fixamente nos meus olhos.

Todos brincamos, até que chegou de noite.

O pessoal ficou contando histórias de terror em volta da fogueira, Chyo e eu observamos as estrelas em cima de uma pequena colina.

ー São lindas não?

ー Em breve, quero tocar elas...
Seus olhos brilhavam tão forte quanto as estrelas aquela noite. Sinceramente eu não havia entendido o significado daquilo...

De repente, aquele nome pregou em minha mente...

Ameyagi Haru...

ー Xian? Você me escutou?

ー Desculpe... Você falou alguma coisa?

ー Tem uma casa, ali no pântano... Ela apontou para o pântano onde no meio da neblina, havia uma sombra de alguma construção...


Ela está abandonada há anos segundo o Ero, deveríamos fazer algo bem estúpido tipo... VISITAR AQUELE LOCAL!

ー Hah! Já vi filmes de terror o suficiente para saber que isso é total IDIOTICE.

ー Parece que alguém está assustado com as histórias bobas do Ero! Hehe... Podemos entrar lá e bagunçar as coisas antigas... Tocar fogo lá! Ou quem sabe... Fazer outras coisas.

ー N-Não me provoque!

Ela ria um pouco, um dos mais sinceros e únicos que ela deu desde o falecimento do seu pai.

ー Amanhã de noite! Arrume lanternas, vamos lá amanhã. Ela me deu um longo selinho, e foi se deitar. Fiquei naquele local por um tempo e logo após entrei na casa. Fui para o quarto e Chyo já estava dormindo, deitei ao seu lado e dormi.

津 - tell me.Onde histórias criam vida. Descubra agora