Capítulo 2

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Dorothy acordou desorientada e confusa, não sabia onde estava. O quarto era apenas iluminado pela claridade que vinha a janela. Quando levantou, sentiu uma dor enorme que a fez voltar a se deitar. Mas por que ela sentia tanta dor assim?

Foi então que ela se lembrou de tudo o que aconteceu. Aquele homem nojento, passando suas mãos nojentas pelo seu corpo. Ela deveria ter se acostumado com sua vida, mas não estava. Mesmo depois de cinco anos vivendo aquela vida que era obrigada a levar, nunca conseguiu aceitar a real situação. Mesmo ele sendo seu cliente desde começara a trabalhar naquele bordel – pois era seu padrasto quem indicava seus clientes – ela não se acostumou aquilo, odiava a se submeter aquilo. Mas daquela vez seria diferente, ela disse não e foi embora dali, mas isso não adiantou de nada, ele a seguiu. Ela sabia o que iria acontecer. Mas não queria aquilo.

Ela começou a se espernear, e a gritar, enquanto ele a prensava na parede suja daquele beco. Foi então que um homem apareceu, ela reconheceu como outro cliente. Achou que ele fosse ajuda-la. Mas não, ele era só mais um estuprador.

Dorothy se obrigou a parar de pensar sobre aquilo, sem perceber chorava compulsivamente. Mas afinal, a onde ela estava? Sentiu o medo se apossar novamente.

Ignorando todas as dores, ela se levantou. Soltou um gemido de dor, suas costelas, braços, pernas, doíam muito. Era resultado de tanto tentar lutar contra eles, mesmo sabendo que não escaparia. Depois de alguns minutos tentando achar algo que ajudasse ver melhor, ela achou um interruptor e o ligou. Ela estava em um quarto com toque feminino.

As paredes eram brancas, e tinha uma pintura de árvores com flores lilás. O chão era todo de tábuas de madeira. De baixo da pintura da árvore, se encontrava a cama que há minutos atrás estava deitada. Do lado da cama, tinha uma cômoda branca, e um closet, mesmo que ela nunca tenha visto um de perto, dos poucos filmes que vira, ela reconheceria um.

A chuva que caia era tão acolhedora, no entanto, deixava tudo tão melancólico.

Ela viu uma porta, em frente à cama. Ela logo se apressou em abri-la e sair daquele quarto. Olhando para o lado direito, havia um pequeno corredor, e na ponta do pé foi caminhando em passos lentos, por conta da dor, até o final. Quando chegou, ao lugar que julgava ser a sala. A sala estava mais claro que o quarto, já que a janela era bem maior. Na sala, só havia uma porta. Então, ela foi em direção a essa porta. Com certeza era essa que daria a saída. Mas antes que pudesse chegar à luz da sala foi acessa.

— Você acordou. — uma voz grossa comentou, ela, assustada, nada fez. Sentindo um arrepio passar por sua espinha, apenas ficou parada, sentindo as lágrimas caírem.

— Quem é você? — ela perguntou, com voz tremula. — Por favor, não faça nada comigo.

O homem que a encara, parecia ser um jovem de vinte anos, no máximo vinte e oito. Seus olhos claros demonstravam preocupações, ela aprendeu a não julgar um caráter pelo o que aparenta ser, seu padrasto parecia ser uma boa pessoa. Mas no fim, nunca fora uma boa pessoa.

— Meu nome é Tobias — ele falou. Quanto mais ele se aproximava, mas ela se afastava. — e não se preocupe, não farei mal algum com você.

Ele tentava ser cauteloso, sabia que ela estava com medo. Mas na verdade, Tobias não sabia o que fazer. Deveria chamar por sua mãe, mas não queria deixa-la sozinha.

— Então, por favor, me deixe ir — pediu ela.

— Calma, vamos conversar — disse Tobias, sem saber exatamente o que fazer.

Ela enrugou a testa, como assim ele queria conversar? Ela não queria ficar por nem mais um segundo em uma casa junto com um homem. Só de pensar no que eles eram capazes, sentia náuseas. Dorothy se virou e tentou abrir a porta, desesperada. E como previra, a porta estava trancada.

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