Sasha Romanoff

A invasão

POV Sasha

17 de abril de 2012

— Ok, ok e depois, o que ele disse?

— Eu sei lá Anne, não respondi mais - Rio.

— Cara, mas ele não é feio.

— É sim! Como você pode achar aquele babuíno bonito, Sophie?

— Ai gente, também não é assim, é que vocês tão exagerando. Eu não ficaria com ele, mas...

— Sasha! Você não é paga pra fica batendo papo com suas coleguinhas!

Reviro os olhos e me levanto.

— Mas ta tudo vazio! Não tem ninguém pra atender! - Exclamo irritada.

— Pouco me importa, a cozinha precisa ser limpa - Responde minha patroa, com os braços cruzados, aparecendo em frente ao balcão.

— Mas eu já limpei... - Choramingo caminhando até a cozinha.

Bem, essa era a minha vida. Sim trabalhava em uma lanchonete de quinta aos 18 anos só pra ganhar um mísero centavo e ter o que comer.

Minha vida nunca tinha sida fácil. E quem disse que seria? Claro, as vezes eu passava em frente as casas e via as famílias reunidas no jantar, saboreando um delicioso espaguete ou um frango assado e pensava que isso sim seria uma vida boa. Não precisava ser rica e ter tudo do mundo, apenas... Ter o mínimo, entende?

Deixe-me resumir um pouco par você; Até meus seis anos de idade eu estive numa boa. Tinha um pai e uma mãe e uma irmã mais velha. Se bem que não era tão perfeito assim como você pensa. Minha mãe sempre me tratou com diferença. A Natalia, minha irmã mais velha, era o anjinho dela. O motivo para isso nunca soube. Quem sempre me defendia era meu pai. Natalia nunca foi injusta comigo ou agiu mimada, sempre adorei ser sua irmã mais nova.

Mas então, em um belo dia de inverno, aconteceu a tragédia. Eu e Natalia tínhamos ido ao mercado comprar o jantar, e quando voltamos para casa, ela estava em chamas.

Lembro-me bem de cada detalhe daquele dia.

Natalia deixou a cesta de pães desabar ao chão e correu gritando para casa. Eu não conseguia entender o que estava acontecendo. Fiquei paralisada, sem até conseguir respirar.

Natalia voltou toda suja um tempo depois, com os olhos inchados e vermelhos. Ela me abraçou com força mas eu nem estava mais acordada. Apaguei na hora.

Quando acordei estava em um hospital. Natalia não estava mais lá. Os médicos disseram que nem viram outra menina na região.

Como meus pais estavam mortos e não havia familiares vivos, eu iria para um orfanato.

Eu não poderia ir a um. Viver com outra família? Nem fu...

Fiquei desesperada. Sem mãe, sem pai, sem irmã... Não tinha saída.

Eu fugi do hospital um dia depois.

Vivi nas ruas escondida por anos. Pensei em ir para a America já que a vida na Rússia estava cada vez mais complicada na época. Entrei em um navio clandestino sem chamar atenção e quando saímos nos Estados Unidos também vivi escondida.

Bem isso é o mínimo.

— Logo a clientela chega e não estaremos prontas para atendê-los se você agir assim! Agora ande!

Coloco o avental e prendo meu cabelo em um coque frouxo enquanto entro na cozinha.

— Aí, Sasha. A gente já ta indo, ok? Tem dinheiro no balcão - Exclama Sophie doutro lado - Beijos!