Capítulo 4

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BATHTUB

[Niall's POV]

"-Não vais sair daí?" – Perguntei, pela milésima vez, sentado á porta da casa de banho, á espera que Sarah saísse daquele cubículo.

"-Vai-te embora." – Gritou, repetindo o que dissera anteriormente.

"-Porque não sais daí e vens ter comigo?" – Questionei, batendo na porta. Estávamos ali há pelo menos 20 minutos, e Sarah teimava em ficar lá dentro, como se tivesse vergonha de me encarar.

"-Porque tu vais querer ver um filme, e toda a gente sabe que os adolescentes fazem a seguir ao filme." – Não evitei soltar uma grande gargalhada e acabei por me levantar, rodando a maçaneta da porta e percebendo que esta já não estava trancada. A rapariga tinha agora os cabelos soltos ao longo dos ombros e estava deitada na banheira...vestida.

"-O que estás a fazer?" – Perguntei, incrédulo. Sarah pegou num pacote de bolachas que estava ao seu lado e colocou algumas na boca.

"-Estou a afogar as minhas mágoas na comida, o que achas que estou a fazer?" – Com a boca cheia, a rapariga choramingava enquanto eu encarava a sua figura, a conter-me para não desatar a rir.

"-Queres contar-me o que se passa?" – Interroguei, ao mesmo tempo que Sarah me olhava e enchia a boca com mais bolachas. A rapariga não respondeu e eu tomei como iniciativa deitar-me ao seu lado, na banheira. Ela desviou-se, deixando-me deitar no seu lado oposto.

Estendi a minha mão para que me desse algumas bolachas e Sarah olhou para mim, com a testa franzida, e abanou a cabeça, negando o meu pedido. Encolhi os ombros e a jovem atirou com o pacote para o chão, cruzando os braços de seguida.

"-O meu pai queria que eu viesse para esta Universidade. Foi o sonho dele desde sempre, porque nunca conseguiu estudar cá, então quis que eu fosse capaz de ter as melhores notas e destacar-me entre todos os alunos. O que faço agora? Tenho medo de o desiludir e ele me colocar de castigo." – Disse ela, encarando a parede.

"-Castigo? Mas tu tens quê, 10 anos?" – Não consegui evitar perguntar, arrependendo-me logo de seguida, pois Sarah lançou-me um olhar mortífero.

"-São os métodos dele. Sempre foi rígido comigo, desde pequena, e agora eu pensava que ele me ia deixar ser livre, fazer o que eu quisesse, afinal de contas, tenho quase 19 anos." – Confessou, omitindo um pequeno sorriso.

"-Já pensaste que ele é assim apenas porque quer o teu bem?" – Dei-me conta do que tinha acabado de dizer e parei no tempo, por uns meros e significantes segundos. Eu tinha entrado na Universidade de Oxford, há cerca de meia hora. Entretanto, já tinha encontrado uma rapariga-rapaz extremamente bonita e bipolar, um rapaz barulhento e uma rapariga faladora. Dei por mim numa casa-de-banho, deitado numa banheira sem água e a falar com uma desconhecida, que desabafava comigo como se nos conhecêssemos há anos. De facto, não era assim que eu imaginava a Universidade.

"-Tenho medo, loirinho. Apenas isso." – Loirinho?

"-O meu nome é Niall." – Referi, brincando com os meus próprios dedos. A rapariga olhou-me, com uma expressão divertida no rosto.

"-Neil?" – Interrogou, tentando pronunciar o meu nome. Já tinha passado por isto inúmeras vezes.

"-Niall." – Repeti. Sarah olhou-me confusa.

"-Nail?" – Revirei os olhos, impaciente. Sarah riu-se, divertida com a situação. "-Okay, okay, já percebi...Naiál?" – Assenti com a cabeça, vendo a expressão no rosto de Sarah mudar. Ela sorriu, contente. "-Que raio de nome. Não te podias chamar José ou assim?"

"-Espera só até veres o meu apelido..." – Murmurei, sabendo que Sarah não me iria ouvir.

"-Não tens nenhum segundo nome?" – Perguntou ela, semicerrando os olhos.

"-Niall James Horan." – Afirmei, perguntando-me a mim mesma o porquê de estar a dar tanta informação a uma rapariga que mal conhecia.

"-Sarah Parker." – Relatou, mexendo no cabelo. "-Apenas isso." – Olhei para o meu relógio de pulso e reparei que já eram cinco horas. Achei que era uma boa altura para voltar ao meu dormitório. Levantei-me e Sarah resfolegou, surpresa com o meu ato. "-James?" – Já me encontrava á porta da casa de banho quando Sarah me chamou.

"-Sim?" – Estranhei o facto de me terem chamado pelo segundo nome, uma vez que não estava habituado, porém sorri.

"-Obrigada por não me teres deixado sozinha." – Disse. "-E por não me teres mandado para aquele sítio muito feio." – Curvei uma sobrancelha e esbocei-lhe um sorriso.

"-Sempre que quiseres." – Confessei, surpreendendo-me a mim mesmo. "-Se achas que o teu pai é demasiado rígido contigo, porque não falas com a tua mãe?"

"-Eu falo, todos os dias." – A sua expressão mudou repentinamente. A hesitação na sua voz fez-me repensar na minha pergunta. Sarah encarou os seus próprios pés, permanecendo imóvel.

"-Onde está ela?" – Arrisquei. Sarah deixou um leve sorriso escapar-se dos lábios e apontou para o teto.

"-Lá em cima." - Respondeu.

Caramba. Aquela rapariga era qualquer coisa.



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