Niall's POV
B R E V I
"- Imagina," - começou- "que apenas tens um voo de avião. Compras o bilhete e discutes com a tua mulher antes de ir."
"-Qual mulher?" - Interrompi, não sabia onde Sarah queria chegar.
"-Shh." - A rapariga colocou a sua mão á minha frente, mandando-me calar. "-Eu disse para imaginares."
"-Está bem, mas tendo em conta os parâmetros naturais, eu preciso de saber como se chama, de que cor são os seus olhos.." - Sarah lançou-me um olhar mortífero e eu achei que seria melhor, para o bem da minha própria saúde, se permanecesse calado.
"-Deixa-me continuar." - Pediu ela, e eu assenti. "-Quando, na viagem, o avião cai e tu és o único sobrevivente. O que mudavas? O facto de teres ido naquele avião ou de teres discutido com a tua mulher?"
Pensei durante algum tempo numa resposta minimamente razoável, e de seguida olhei para Sarah, que me encarava á espera que eu dissesse algo.
"-Obviamente que ficaria arrependido por ter ido naquele voo. Não percebo onde a minha 'suposta' mulher poderia intervir na queda do avião."
"-Mas se tivesses ido noutro, talvez tivesse acontecido a mesma coisa. No entanto, se não tivesses discutido com a tua mulher, terias pensado duas vezes antes de ir." - Sarah estava tão entusiasmada com aquela conversa que eu acabei por soltar uma gargalhada. Elevou o tronco e passeou pelo quarto com o comando da televisão na mão, encarando os pés.
"-E se calhar iria de qualquer das formas." - Respondi, mantendo-me no meu lugar, observando Sarah pensar em respostas válidas.
"-Talvez, mas quando se tem algo para cuidar em Terra, para quê voar?"
"-Estás a partir do princípio que eu iria numa viagem apenas porque tinha discutido com a minha mulher. E se eu precisasse daquele voo porque tinha uma entrevista de emprego noutro país?" - Perguntei, reparando no seu vício de morder o lábio inferior quando pensava em algo.
"-A razão pela qual tu tinhas ido seria por queres passar um tempo sem a tua mulher, não por outro motivo qualquer." - Respondeu, com a cabeça a balouçar de um lado para o outro, numa tentativa de se divertir.
"-Deverias ter explicado isso no início." - Sarah encolheu os ombros e reprimiu os lábios. Eu não estava, de facto, habituado a pensar desta maneira. Ela era uma rapariga cheia de teorias e pensamentos e eu, ao lado dela, era a coisa mais comum á face da Terra. Parecíamos não combinar, de todo. Sarah continuava com a mente cheia de peripécias, o andar elegante e olhar com tantas coisas escondidas, e eu? Niall James Horan permanecia com aquele andar embriagado e o cabelo sempre estranhamente penteado. Uma pessoa como Sarah merecia alguém que a compreendesse. E eu era demasiado transparente. O olhar da rapariga cintilava com fantasmas do passado, e eu chegava a perguntar-me a mim mesmo se seria mesmo possível saber o que estava por detrás deles. "-Lamento, mas se me dessem 10 mil euros para ir viajar, eu saía daqui num ápice." - Admiti, sorrindo.
"-Seu insensível." - Sarah exclamou, curvando um pequeno sorriso, mas não o mostrando completamente.
"-Conclusão, a vida é um globo de neve repleto de improbabilidades e preposições." - Num gesto simples e rápido, afastou o seu cabelo para trás dos seus ombros e sentou-se no chão, com um livro aberto no seu colo.
"-Não tenho bem a certeza do que é que isso significa." - Sarah voltou a abanar os ombros como resposta e fechou o livro, colocando-o de novo na prateleira. "-Mas o que é que isto tudo tem a ver com o filme?" - Questionei, deitado na sua cama.
"-Nada." - Suspirou. "-Absolutamente nada." - Riu, ainda levantada. Bati na cama, com intuito de que Sarah se sentasse ao meu lado. No momento a seguir, ela sentou-se com a caixa de um DVD na mão, e o comando da televisão pousado no seu colo. "-Que idade tens?" - Perguntou, colocando uma das suas mãos no meu cabelo, mas sem me encarar.
"-Wow, vamos ver pornografia?" - Soltei uma gargalhada demasiado alta, porém habitual, e Sarah bateu-me no braço. "-Tenho 18." - Franzi a testa, depois de me ter queixado.
"-Wow, és um puto." - Ela riu, tentando, ao que parecia, pentear o meu cabelo. "-Eu tenho 20." - A porta do dormitório abriu-se repentinamente, e ouviu-se uma tosse forçada.
"-Hum, desculpa Louis, mas estamos a meio de algo." - Disse eu, reparando na expressão desconfortável da rapariga deitada ao meu lado. "-Ela estava a mexer no meu cabelo enquanto aprecíavamos um belo show de porno." - Louis esbugalhou os olhos, soltando gargalhadas histéricas a seguir. Depois de confessar que tudo não passava de uma brincadeira, Sarah olhou para mim e bateu-me novamente no braço.
"-Porco!" - Retorquiu, tentando esconder um sorriso que se formava na sua face.
"-Vistam-se, seus preguiçosos." - A voz de Louis encheu o quarto, e por momentos eu tinha-me esquecido da sua presença. "-Nem pensem que eu vou ao baile sem vocês os dois." - A rapariga de olhos castanhos olhou para mim e revirou os olhos, voltando a encarar Louis.
"-Nenhum de nós quer ir, desculpa." - Disse ela, retorcendo um canto da boca.
"-Por acaso, eu não me im-" - Sarah tapou-me a boca antes que eu pudesse acabar a frase e sorriu para Louis ironicamente.
"-Estou-me verdadeiramente a cagar para se vocês querem ir ou não, isto foi uma ordem." - Louis mantinha o seu olhar orgulhoso e a sua postura vaidosa. "-Vá lá, amiga. Faz isso por mim." - Quase implorou, olhando-me. Não evitei rir, e levantei-me. Agarrei na mão de Sarah que entretanto se tinha deitado de barriga para baixo, com o objetivo de ignorar a vida.
"-É apenas hoje, brevi." - O uso do latim com raparigas nunca tinha dado certo, até áquele dia.
"-Desculpa?" - Sarah elevou uma sobrancelha e olhou-me como se eu tivesse molho de bolonhesa na cara.
"-Brevi significa pequena, em latim." - Clarifiquei, sentindo-me, na verdade, importante. Tinha tido algumas lições de latim durante uns anos, e naquele momento arrependia-me por não ter prestado a devida atenção que a língua merecia.
"-Isso é tão atraente." - Sarah revirou os olhos e falou num tom exagerado, pelo que eu percebi que estava a ser sarcástica. "-Não sei como não tens namorada."
"-Como sabes que não tenho namorada?" - Franzi o sobrolho e cruzei os braços. Sarah levantou as mãos num ato inocente, e como se já tivesse pensado no assunto, respondeu rapidamene.
"-Porque se realmente tivesses, não estarias deitado na cama de uma rapariga que mal conheces." - Foi aí que dei conta da falta de Louis. Eramos apenas nós os dois, novamente, com o suposto filme já a começar e a discutir sobre assuntos aleatórios.
"-Porque não? Posso ser um grande sacana." - Afirmei, curvando um pequeno sorriso. Sarah assentiu.
"-Talvez." - Sorriu também. "-Mas não és."
"-Como sabes que não sou?" - Era tudo tão estranho. Parker olhava para mim, como se quisesse decifrar algum código. A tensão que ela me colocava deixava-me constrangido. Parecia querer saber aquilo que eu não sabia.
"-Porque eu conheço-os tão bem, raios! E nenhum deles alguma vez se deitou numa banheira comigo e questionou os meus problemas. Nenhum deles sorriu quando eu falei na minha mãe. Porque essas cenas passam ao lado, entendes? Eles simplesmente não querem saber se tu tens um pai exigente e que a tua mãe morreu. E sim, é verdade que tu podias ser realmente um otário com desejos sexuais alterados mas estás aqui, certo? Eu dei-te com os pés e tu ainda estás aqui. Tipo, sempre. Literalmente." - Sarah levantou-se surpreendemente rápido e eu ri-me com a sua facilidade em escolher as palavras.
"-És muito complicada, sabias?" - Tudo o que me ocorria naquele momento era que aquela rapariga era estranha. Mas num bom sentido. E isso era algo frustrante, porque como pode alguém ser estranho sem ser no mau sentido?
"-Já me disseram." - E o fantasma do sorriso voltou, curvando os cantos da sua boca.
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College Boy - N.H
FanfictionA Universidade é o inicio de tudo e Sarah Parker estava preparada para tudo o que se pudesse eventualmente atravessar na sua vida. Tudo, menos um rapaz, que com um ar angelical e um sorriso malicioso, conseguiu transformar a vida de uma rapariga ape...