Capítulo 5

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[Niall's POV]

No dia a seguir, Louis avisou-me que as aulas apenas começavam dentro de uma semana. Ainda era segunda-feira e pelo que ele me tinha dito, esta semana servia apenas para os alunos realizarem pequenas (ou grandes) festas e se irem habituado ao ambiente da Universidade. A meu ver, era somente uma perda de tempo. Festas, bebidas, raparigas...parecia uma boa mistura, mas eu não estava para isso. Queria simplesmente focar-me nos estudos para sair dali o mais depressa possível, porém parecia que tudo á minha volta me impedia de tal coisa.

"-Mano, tens de ouvir esta," – Louis chegou perto de mim, no seu tom de voz demasiado alto e já habitual. "-o Jordon vai fazer uma festa hoje á noite, e como é o filho querido do Diretor, ele deixou-o fazer no anfiteatro."

Ao reparar na minha expressão indiferente, Louis agarrou-me nos ombros e abanou-me.

"-Tens a noção do que isto quer dizer? O anfiteatro é enorme! E também haviam rumores que umas cozinheiras novas andavam por aí, e são bem giras!" – Louis quase gritava aos meus ouvidos, entusiasmado. Larguei o livro que estava a ler e encarei-o, olhando-o nos olhos.

"-Wow, o sonho de qualquer gajo é andar com uma cozinheira." - Ri, sarcasticamente. Louis revirou os olhos e passeou no quarto.

"-Mano, já viste o que é, para além de namorares com um gaja, ela ainda te serve comida!" – O rapaz levou as mãos á cabeça.

"-Brutal." – Sorri, levantando as sobrancelhas e movimentando a cabeça. "-Se ela souber fazer lasanha, caso-me com ela." – Louis abanou a cabeça e atirou-se para a sua cama. Voltei a pegar no meu livro, e pouco tempo depois de ter recomeçado a ler, alguém bateu á porta.

"-Deve ser a Lisa." – Louis disse, levantando-se. Concentrando-me na minha leitura de novo, a rapariga entrou no quarto a gritar, irritada com o seu namorado.

"-Eu não acredito que não me convidaste, Louis! Tu sabes que o baile vai ser hoje á noite e não me disseste nada!" – Revirei os olhos e voltei a pousar o livro. Tornava-se impossível ler no meu próprio quarto.

A rapariga loira, de estatura média e os olhos azulados, abanava as mãos em direção ao Louis. Este permanecia quieto, assustado com a reação de Lisa.

"-O Jordon disse-me que era uma simples festa, pensei que nem sequer tivesses interesse em ir." – Louis parecia muito mais carinhoso quando se encontrava na presença da namorada. Falava num tom de voz mais baixo, quase sussurrado. Não sabia ao certo se era um ato de carinho, ou se estava realmente assustado.

"-Estou-me nas tintas para o Jordon! Estou a falar do baile de caloiros, Louis, é hoje!" – Lisa continuava a falar com Louis, como se não tivesse notado na minha presença.

"-Mas, amorzinho, tu sabes que este já o nosso último ano na Universidade, certo?" – Ele perguntou, quase como uma afirmação. "-Nós somos finalistas, e não caloiros." - Falou, calmamente. Era estranho ver duas pessoas tão diferentes, serem tão felizes juntas. Pelo menos era o que parecia. Louis passava a maior parte do tempo com Lisa, e pelo que ele me tinha dito, já namoravam há três anos.

"-E eu com isso! Quero ir, bebé, e tu tens de me convidar!" – Lisa agarrou no seu namorado pelo colarinho da camisola e deu-lhe um beijo no nariz. Que raio estava eu fazer ali? Levantei-me da cama e direcionei-me para o corredor, deixando os dois pombinhos para trás. Bati á porta do quarto de Sarah e a rapariga encarou-me com um olhar ensonado.

"-O que estás a fazer aqui?" – Ela questionou, esfregando os olhos.

"-Desculpa ter-te acordado, não sabia que estavas a dormir." – Disse, metendo as mãos nos bolsos das calças e balançando nos meus calcanhares.

"-Estava apenas a tentar. A gaja não se cala com a porcaria do baile." – Sarah virou costas, e eu aceitei isso como um convite indireto para entrar. Fechei a porta atrás de mim e sentei-me a seu lado, na sua cama.

"-Pois, já reparei. Então e tu? Não estás entusiasmada?" – Perguntei, ao ver Sarah encostar-se para trás e soltar um grunhido.

"-Não sou dessas coisas. Vestidos e batom...esquece." – Retorquiu, com os olhos fechados.

"-Hum, está bem." – Bati levemente na cama e mordi o lábio inferior. Acabei por me levantar e dirigir-me até á porta. "-Pensei que quisesses ir comigo."

Sarah ergueu o tronco, olhando-me com os olhos esbugalhados. Depois de algum tempo a encarar o meu rosto em silêncio, Parker deitou-se de novo.

"-Desculpa, loirinho. Mas isso não é mesmo a minha cena." – Respondeu. A seguir ao sentimento de rejeição me ter assumido por completo, assenti levemente e dei um longo passeio pelo jardim da Universidade. Era tudo tão novo para mim, o sentimento de relutância invadia-me constantemente, sendo mais resistente do que eu. Não era aquilo que eu queria. Não era naquele sítio que eu pertencia, nem que me sentia feliz. As aulas ainda nem sequer tinham começado e eu já estava desejoso de que acabassem. Seria normal, por esta altura, eu sentir-me confiante e entusiasmado por algo novo ter entrado na minha vida, no entanto não era isso que estava a acontecer. Durante toda a minha vida eu tinha sido controlado pelos meus pais, e estava tão farto disso que me sentia sufocado.

Acabei por abanar a cabeça e afastar aqueles pensamentos mórbidos da minha mente, deixando-os para outra altura. Tudo o que me restava era a diversão que me era proporcionada naquele sítio.

Sentado num banco, no jardim onde eu caminhava, estava uma rapariga agarrada aos joelhos, com o corpo a estremecer. Sentei-me ao seu lado, ainda com as mãos nos bolsos, e encarei o portão enorme da Universidade.

"-Estás bem?" – Perguntei, reparando na rapariga que tremia ao meu lado. A resposta foi um silêncio duradouro, e optei por não insistir. "-Tens frio?" – Interroguei, sem retirar o olhar do horizonte. "-O teu namorado é um otário." – Afirmei, á espera que a rapariga me respondesse.

"-São todos, não é verdade?" – Com a voz rouca, ela acabou por falar.

"-Apenas me referi a um namorado porque não pensei que tivesses mais." – Ouvi uma gargalhada seca e não evitei sorrir. Levantei-me e reparei na tatuagem que a rapariga tinha no ombro. Era uma fénix.

Estava a ficar escuro, embora não fosse tarde, mas escolhi voltar para dentro devido ao frio que se instalara, deixando a rapariga no banco, imóvel.

A porta do meu quarto estava trancada, e calculei que Louis estivesse com Lisa. O quarto número 100 era a minha única opção, mas antes de ter batido á porta, a rapariga de olhos escuros abriu-ma, como se tivesse adivinhado que eu estava do outro lado.

"-Sabes que mais?" – Ela retorquiu, puxando a minha mão e empurrando-me para dentro do quarto. "-Vamos ver um filme." – A rapariga fechou a porta com estrondo e eu não conseguia deixar escapar um sorriso surpreendente.

E quem era eu para negar uma oferta daquelas?


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