Olho pela janela do táxi, vendo as gotas escorrerem, o céu esta abrindo e o pôr do sol vem vindo já, a estrada para o aeroporto praticamente vazia, sem transito algum. O taxista insiste em contar sobre como a vida dele está cheia de problemas e como nós, jovens, temos a vida boa. Cansada de ouvir toda aquela ladainha coloquei meus fones de ouvido e coloquei para tocar Perfect - Simple Plan.
No momento essa música descreve tudo que eu sinto, tudo que eu quero dizer.
Desde que minha mãe morreu a dois anos meu pai vem tentando planejar o meu futuro, como se sua vida dependesse disso. Eu sei que ainda sofre pela morte dela, eu também sinto saudades dela, mas não posso deixar que ele interfira mais na minha vida. Antes não podia fazer nada, eu era obrigada para agradar meu pai e porquê ainda era menor de idade. No começo eu fugia de casa, acabava indo para a casa de alguns "amigos", mas logo as mães ficaram de saco cheio, começaram a me dedurar e ligar para meu pai.
Agora que fiz 18 anos não preciso mais fingir e nem fugir para a casa de ninguém, tomei uma decisão importante na minha vida e pretendo continuar dessa vez, até o fim. Sempre foi difícil encarar os problemas, principalmente depois de tudo que aconteceu com a minha mãe, mas agora está mais do que na hora de enfrenta-los e não desistir.
Decidi que, para isso, eu devesse me mudar. Não de apenas de casa, mas de país, começar uma nova vida do zero, onde nada pode me impedir de ser quem eu sou. Sei que pode ser uma decisão drástica, mas é o que eu sempre quis fazer, terminar de estudar fora do Brasil, nem que fosse para ser catadora de latinhas.
Como meu pai é dono de uma empresa super bem sucedida, temos bastante dinheiro e, apesar de querer começar do zero e ter minhas próprias conquistas, tive que pedir algum dinheiro emprestado. Meu pai recusou no começo, gritava que eu não podia deixar todos seus planos para trás e que o futuro da empresa estaria nas minhas mãos, mas depois de tantas brigas, gritos, chantagens e alguns "sermões" sobre ele ter que respeitar o que quero consegui alguma coisa e uma "permissão" para poder sair desse país.
O táxi para no embarque e desembarque do aeroporto e logo desço do carro, o motorista desce e me ajuda com as malas. Agradeço e pago ele, como sei que foi um pouco rude ignora-lo durante o caminho todo, dou uma pequena gorjeta de R$50 reais.
- Não, senhorita, não posso aceitar tal quantia.
- Claro que pode, considere isso com um presente de natal e um pedido de desculpas.
Ele abre um sorriso de ponta a ponta e agradece. Coloco a carteira dentro da bolsa, pego as malas e coloco em um carrinho. Apesar de ser véspera de natal, o aeroporto esta vazio. Faço e check-in e despacho as malas.
Enquanto espero chamarem para poder embarcar vou tomar algum café. Já esta escuro lá fora agora, com certeza as famílias já estão começando a se reunir para comemorar o natal. Queria estar pelo menos passando o meu natal com meu pai antes de ir embora, mas ele tinha uma reunião muito importante e não podia faltar, então decidi vir hoje mesmo.
Já com o café na mão e o celular na outra vou atrás de algum lugar para sentar. Estava um pouco distraída escolhendo uma música quando um garoto bate de frente comigo, além do impacto todo o café vai parar na minha blusa.
- OH SEU FILHO D... - começo a gritar com ele sem mesmo olhar para a cara dele, mas antes de terminar respiro fundo e digo: - Muito obrigado por estragar a minha camiseta favorita, nerd idiota.
- Desculpa pela camiseta, mas se você estivesse olhando para onde anda nada disso teria acontecido. - Ele diz calma e arrumando o óculos.
- Se VOCÊ estivesse prestando atenção teria desviado... Quer saber que se foda, só some da minha frente, imbecil.
Antes que ele fale alguma coisa, saio dali e vou para o banheiro. Tento limpar o máximo que consigo da blusa, mas não adianta apenas mancha mais. Que merda. Tiro a camiseta e coloco a blusa de frio, fechando até o pescoço.
Deve ter alguma loja onde vende camiseta barata e bonitinha, mas assim que vou entrar na loja ouço anunciar:
- Atenção passageiros do voo 4662, com destino a Londres, começaremos o embarque dentro de 1 minuto.
Droga. Droga, droga, droga. Não ia dar tempo de comprar a camiseta, então peguei tudo que era preciso e sai correndo para o balcão onde eu tinha que estar. Meu telefone toca, penso em desligar a chamada mas na hora vejo que é meu pai e atendo:
- Oi, desculpa eu estou um pouco atrasada, fale rápido por favor.
- Oi, tem certeza que quer fazer isso querida? - Ele pergunta, da para perceber que há um pouco de insegurança em sua voz.
- Pai, é algo que eu sempre quis. - Chego no balcão e dou os documentos e a passagem para a moça que ali esta. - Já discutimos sobre isso.
- Tudo certo, senhorita. Pode ir, boa viagem. - A moça me da os documentos sorrindo e agradeço apenas mexendo os lábios.
- Posso arrumar um emprego para você por aqui, uma casa se não quiser morar mais comigo.
- Não é por isso que estou indo. Quem traçou toda a minha vida até agora foi o senhor, agora eu quero seguir meu sonho, quem vai traçar minha vida sou eu. Quero ir para um lugar onde posso recomeçar do zero sem me preocupar com todos aqueles meus antigos problemas perigosos, como você mesmo dizia. - Paro no meio do túnel que da acesso para o avião. - Eu já me meti com tanta coisa errada desde a morte da mamãe, eu quero fazer o certo agora, quero terminar meus estudos e quem sabe ter uma ótima profissão. Me desculpa, mas sim eu tenho certeza.
- Então... Se for assim, boa viagem minha filha. - Ouço alguém chamar seu nome no fundo da ligação. - Sim, Carmem, já estou indo. Te amo, Margo. Feliz natal.
Antes que eu posso responder ele desliga. Sei que agora não tem mais volta, entro no avião e sento na minha poltrona. Me ajeito e fico olhando pela janela, deixo uma ou duas lágrimas rolarem. Sei que apesar de tudo eu vou sentir falta do Brasil, São Paulo para ser mais precisa, e também vou sentir falta do meu pai.
- Oh não... - Escuto a voz de um homem... não, espera, eu reconheço essa voz. Sera que...?
x x x
Então galero, essa não é a minha primeira fic. Mas essa é uma fic totalmente aleatória que acabei de ter a ideia, então não tem nada planejado.
Espero que tenham gostado do fundo do meu coração.
Qualquer erro, por favor digam nos comentários. Qualquer critica será bem vinda.
Obrigada galero.
(Peguem leve, por favor ehehe)
Mordidinhas da titia tia
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Don't let me go
Teen FictionDe todas as coisas que já pediu, de todas as coisas que já fez, te peço com todo meu coração que não me deixe ir. Já parti para esse mundo errado uma vez, não quero me perder novamente nesse mundo. Sei que se eu for dessa vez não terá volta. Larguei...