- Pelo amor, garoto! - Revirei os olhos e tentei acalma-lo, uma tentativa que não daria certo, nunca. - Fale comigo, talvez isso ajuda.
- Eu... Vou... É vomit...
- Então cala a boca, não fala nada. - O desespero na minha voz era grande demais. - Faz assim: respira pelo nariz e solta pela boca, desse jeito.
Enzo me imitou, fez isso por uns dois minutos. Comecei a abana-lo com aquelas revistas que o próprio avião disponibiliza, aos poucos a sua cor foi voltando ao normal.
- To um pouco melhor agora... - Ele disse com a voz fraca. - Obrigado...
- Que nada, tudo pra não vomitar perto de mim.
Ele da uma risada e acabo rindo também. Peço para ele levantar para poder voltar para o meu lugar.
- Não acho que seja uma boa ideia.
- Por que? Eu quero ficar sentada do lado da janela.
Fiz biquinho e tentei fazer uma cara de cachorrinho que caiu da mudança.
- Você não entendeu, se eu levantar posso voltar a passar mal mais rápido, não acho que seja seguro.
- Tudo bem, mas então recolhe as pernas, eu vou passar de qualquer jeito.
Passei e sentei no meu lugar de novo. Queria escutar música, mas o meu celular acabou acabando a bateria. Ótimo, a viagem ia ser super legal agora. Bufei um pouco alto e Enzo acabou ouvindo.
- O que foi, senhora nervosinha?
- Ha ha ha, - Essa com certeza foi a risada mais falsa que já fiz na vida - como você é engraçado!
- Agora vai ficar ignorante, é? - Levantou as sobrancelhas e arrumou o óculos.
- Eu não esto... - Revirei os olhos. - O meu celular acabou a bateria e meu carregador ficou na mala.
- Uma pena, tenho dó de você.
Deu um sorriso maldoso, que vontade de esmagar aquele pescoço... Controle, Margo. Você precisa ter controle. Revirei os olhos e dei um sorrisinho sem mostrar os dentes.
Virei a cara e fiquei olhando pela janela. A essa hora meu pai ainda deveria estar na reunião, me pergunto o que seria de tão importante para ser discutido em plena noite de natal.
A imprensa é uma das coisas mais importantes para meu pai, não abriria mão dela por nada nessa vida. Lembro que uma semana antes da morte da mamãe eles brigavam muito, porque meu pai estava passando mais tempo na empresa que em casa. Ele dizia que finalmente a empresa estava começando a crescer e que necessário ficar mais tempo lá. Acho que por causa dessas brigas ele se sentiu muito culpado depois da morte dela.
- Ei, garota.
Ignoro Enzo e continuei olhando pela janela. O céu estava cheio de nuvens, o que impossibilitava ver direito a "paisagem".
- Eu sei que você está ouvindo, não adianta me ignorar, garota. E outra se não falar comigo posso acabar passando mal de novo.
Viro a cara fazendo cara feia.
- O que custa me chamar pelo nome?
- Se eu soubesse seu nome eu chamaria, sem problema nenhum.
- Se tivesse perguntado qual era, saberia.
Vejo ele revirar os olhos e dou uma risadinha.
- Ok, qual o seu nome, espertinha?
- Margo. - Respondo com um sorriso sarcástico.
- Bonito nome, é o mesmo nome de um livro que li ultimamente.
- Ah é? Que livro? - Pergunto, erguendo uma sobrancelha.
- Margot, é uma história impressionante. Você deveria ler, acho que iria gostar.
- Não gosto muito ler ler. Quer dizer, eu amava ler, devorava livros de todos os tipos e tamanhos, mas...
- Perdeu o costume?
O seu olhar sobre mim era de interesse, não sei porquê mas isso acabou me constrangendo.
- Quase isso...
Na verdade eu parei de ler depois da morte da mamãe. Era ela que me incentivava, comprava livros e discutia comigo depois sobre eles. Era algo que fazíamos juntas. Depois do acidente, eu tentei continuar com o gosto pela leitura, mas não fazia mais sentido sem ela ali para poder discutir sobre o quão bom ou ruim era aquela história.
- oma.
Enzo me estica uma caixinha branca junto com um fio.
- O que é isso? - Pergunto com um olhar desconfiado.
- Um carregador portátil; - ele dá de ombros e chacoalha a cabeça. - Meu companheiro desde semana passada.
- Obrigada... - Digo meio sem graça.
Contexto tudo e meu celular começa a carregar. Dou um sorrisinho para Enzo e ele retribui o mesmo.
Apesar dele ter estragado a minha camiseta favorita, parece ser uma pessoa legal, mas sou vou saber se conversar realmente com ele.
- Então... - O que vou dizer? Sou a maior negação quando se tem que puxar assunto com alguém. - Você ta me devendo uma camiseta.
- Estou é? - Ele ergue uma sobrancelha, cruzei os braços em resposta. Definitivamente ele estava me devendo uma camiseta. - É, acho que estou devendo uma camiseta pra você mesmo, quando a gente chegar compro a que você escolher.
- Tudo bem, mas tem que ser do aeroporto? - Faço a melhor cara de Gato de Botas que tenho.
- Se você quer sair comigo é só dizer, Margo.
- Eu não quero sair com você, idiota, só quero uma camiseta nova.
- Ok, grossa.
Ele sussurra para si mesmo, mas como ele está do meu lado consigo escutar. Fico um pouco brava com o comentário, mas não é nada que devesse me irritar, já me chamaram de coisas piores.
- O que você vai fazer em Londres? - Ele me perguntou sem rodeios.
- Vim pra estudar, um pequeno e velho sonho. E você?
- Vim a procura dos meus pais biológicos e tenho alguns eventos pra ir.
- Você sabe mais alguma coisa sobre eles? - Deixo a curiosidade transparecer um pouco.
- O nome deles. Tudo que consegui achar com minhas pesquisas foi isso: eles moram em Londres e alguns nomes.
- E seus pais adotivos?
- No começo não apoiaram muito, mas no fim aceitaram. Eu não quero realmente conhecê-los ou conseguir alguma explicação só quero ver como eles são.
- Entendi... - Ele não está muito confortável no assunto, da pra perceber. - E esses eventos que falou?
- São sobre games, séries, filmes, um sobre o YouTube, e mais coisas que você não entenderia.
- Coisas de nerd. - Digo fingindo um espirro.
- Isso é um canal no YouTube.
- Eu sei que é, bobão. Eu sei perder meu tempo livre.
Na verdade, eu não sabia nada sobre esse canal, não sei nem porquê menti dizendo isso!
- Vou fingir que acredito.
- Você só é nerd na vida? - Pergunto tentando mudar logo de assunto antes que ele pergunte sobre essas coisas.
- Ter canal no YouTube de games é ser nerd? - Ele arruma os óculos de novo.
- Isso é ser gamer, mas acho que sim.
Ele da uma risada e quando vai começar a falar algo uma das aeromoças começa a falar:
- Senhores passageiros, pelo horário de Brasília já é meia noite, então desejo a todos um feliz natal!
Todos dentro do avião começam a desejar feliz natal aos outros com abraços e apertos de mão.
A garotinha de trás se debruça na minha cadeira e diz:
- Feliz natal, moça! - Ela sorri par mim e depois pergunta baixinho: - Você acha que o Papai Noel vai conseguir entregar meu presente aqui?
Ajoelho banco de frente para ela e digo:
- Talvez quando chegar você encontre ele ainda nas ruas! Feliz natal, pequena.
Ela volta a se sentar e eu também. Não sei porquê mas me pareceu que aquela menininha gostou de mim.
- Feliz natal, nerd
Estico a mão para um aperto, mas em vez disso ele me da um abraço.
- Feliz natal, Margo.
x x xNÃO ME BATAM
PELO AMOR
OBRIGADA¡Desculpa de novo pelo atraso, eu estou atualizando minhas séries e tem uma coisinha chamada bloqueio criativo que também não ajuda muito.
Queria agradecer por todas as views que Don't Let Me Go está tendo, me sinto tão orgulhosa *-*
Vou TENTAR postar o mais rápido possível o quarto capítulo.
Acho que nos vemos na próxima,
Mordidinhas da titia tina.
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Don't let me go
Teen FictionDe todas as coisas que já pediu, de todas as coisas que já fez, te peço com todo meu coração que não me deixe ir. Já parti para esse mundo errado uma vez, não quero me perder novamente nesse mundo. Sei que se eu for dessa vez não terá volta. Larguei...