At A Blink - Larry Stylinson

» Capítulo 36

Porque que quando tudo está indo bem sempre acontece alguma merda para desgraçar tudo? Porque que a vida sempre nos pega de surpresa em momentos tão felizes?

Uma semana atrás meu pai havia falecido. Tudo bem que ele nunca fora tão presente em minha vida, mas ele era meu pai, por mais que um abraço ou um beijo na testa nunca foram deixados em mim vindo dele.

Minha mãe estava horrorizada e as meninas não poderiam estarem menos que isso. As gêmeas não paravam de chorar e era admissível já que tinham perdido o pai tão cedo.

Enquanto a minha pessoa... Eu estava normal. Triste, mas sem nenhum sentimento a mais para demonstrar.

Custava todos esses anos me tratar como seu filho? Nos falávamos, de vez em quando, e até nos dávamos bem - claro, quase nunca nos víamos - e o motivo por isso creio eu que seria por minha condição sexual. Besteira!

Um AVC tinha lhe dado uma visita semanas atrás, deixando-o com sequelas e um fardo em cima da minha mãe, mas não era um fardo ruim por ela estar cuidando dele por obrigação, claro que não, ela o amava, mas era um fardo que ela teria que carregar até o último dia da sua vida, até que esse momento chegou... Mais rápido do que imaginávamos.

Eu estava triste, não só pela morte do meu pai, mas também, pelas meninas que estavam sofrendo pela perda. Johanna estava sob efeitos de alguns calmantes e as minhas irmãs sob efeito de tristeza e músicas tristes, e eu como irmão mais velho e filho mais velho, tive que consolar todas as mulheres da minha vida.

"Harry, pega uma xícara de chá pra mim, por favor!" Eu estava sentado no sofá assistindo ao Bob esponja, enquanto todas estavam descansando e tentando amenizar tudo. Harry me acompanhando nessa jornada.

O garoto transformado em homem voltou com uma caneca, cuja eu tinha dado de presente de ano novo para Lottie, com chocolate quente.

"Desculpa! Não tem chá e eu não sei fazer, então esquentei esse chocolate." Ele sorriu ladino e sentou no sofá oposto ao que eu estava. Bati no lugar vazio ao meu lado para o mesmo se sentar, ele quase correndo para fazer isso.

"Sem problema! Obrigado!" Escorei minha cabeça em seu ombro, dando um gole na bebida que estava pegando fogo, queimando minha língua.

"Como está se sentindo?" Perguntou me envolvendo em seus braços malhados, puxando-me mais a ele.

"Neste momento?" Ele confirmou. "Com a língua queimada. Ela está áspera, affz." Harry sorriu pelo nariz e balançou a cabeça em negativa.

"Estou perguntando sobre tudo. Como você está se sentindo com tudo isso acontecendo?" Ele deitou sua cabeça em cima da minha.

"Eu estou triste pelas meninas, Harry. Perderam o pai muito novas e está sendo muito difícil para elas. E minha mãe... Coitada." Dei outro gole, dessa vez assoprando antes.

"Mas você não está sentindo... nada por ele?" Senti sua cabeça se afastar e seu olhar me queimando.

"Sentindo, estou, mas não é algo que seja alarmante, entende?" Ele confirmou e eu o olhei nos olhos, sua cara de confuso ali presente. Sorri. "Eu gosto do meu pai, não senti e nem sinto raiva por ele, mas não éramos tão próximos, não tínhamos uma relação pai e filho, sabe? Por isso que não está me atingindo tanto." Ele me olhou e beijou minha testa, eu fechando os olhos pelo afeto.

"Eu entendo sim, amor. Minha relação com meu pai também não era das melhores antes de te conhecer, mas você me mudou de uma forma que eu passei a suportar minha família." Ele cheirava meus cabelos.

"Eu também não me dava muito bem com meus pais, mas depois de te conhecer passei a dar mais valor a eles, principalmente, minha mãe e minhas irmãs..." Dei um último gole, finalizando com o líquido. "Eu acho que um mudou o outro de alguma forma. Éramos tão infelizes que despejávamos nossa infelicidade em nossos familiares, mas só bastou um conhecer o outro que tudo mudou para melhor. Só estava faltando você para liberar a minha felicidade e eu a sua. Fomos feitos um para o outro, Harry." Desencostei-me dele e coloquei minha caneca no centro de madeira que havia à nossa frente. Agarrei-me em seu corpo.