J.H, artista na arte do fazer-me amá-lo.

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Acordei com o barulho irritante do meu toque de celular, não que ele fosse totalmente irritante, mas devido às circunstâncias, qualquer barulho que ousasse me acordar, automaticamente era irritante; agradeci, de qualquer modo, porque se Namjoon tivesse me ligado um pouco mais tarde, eu certamente teria perdido a hora e, consequentemente, a primeira aula. Claro, também não perceberia que Hoseok estava praticamente congelando de frio ao meu lado; o cobri, mas não tive coragem de acordar aquela criança sapeca que dormia, vencida pelo cansaço da noite anterior. Peguei o celular e corri para o projeto de sacada que tínhamos, atendendo de uma vez por todas a ligação de Namjoon, visto que Hoseok já soltara alguns palavrões pelo barulho estridente.

- O que quer agora, diabos? - Falei assim que o vidro frio do aparelho tocara minha orelha.

- Pelo visto a noite foi boa, né? - Ele berrara do outro lado e eu pude ouvir claramente Seokjin gritar para que ele perguntasse se eu havia me divertido. - Seokjin mandou perguntar se você se divertiu!

- É, merda, eu aproveitei o encontro com Hoseok, - praguejei, irritado com toda aquela situação - por que você tá me ligando essa hora?! Chegamos tarde e eu estou morrendo de sono. E não se atreva a perguntar se transamos.

- É só curiosidade, hyung, - choramingou - sugiro que se arrume logo, então, eu não vou dar nenhuma desculpa pro professor só porque o bonitinho quer ficar mais tempo na cama.

- Ah, - suspirei - quanto tempo eu tenho, exatamente?

- Vinte minutos, - riu - corre. Nós queremos saber como foi sua noite.

- Pois eu não vou falar nada pros dois curiosos, - disse aos sussurros, entrando no banheiro e tentando, fazer o mínimo de barulho possível para que Hoseok não acordasse - vou entrar no banho. Se eu não chegar aí em quinze minutos, inventa alguma coisa.

- Bom dia pra você também, - disse e eu tinha certeza de que revirara suas orbes castanhas, por que Namjoon nunca perderia esse hábito - acho bom não demorar.

- Vai caçar o que fazer - e desliguei por fim.

Minha cabeça rodava no mil e eu estava com uma dor terrível nas costas, resultado da posição desconfortável em que eu dormira com Hoseok, pensei que um banho gelado resolveria tudo aquilo e que pudesse me despertar daquele estado sonolento em que me encontrava. Um erro, admito, tudo o que fiz foi congelar debaixo da água fria, o que não me fizera ficar acordado e sim com mais vontade de afundar na cama até o final do dia; sim, eu poderia faltar um dia, mas agora eu já havia tomado banho e me arrumado, cansado demais para me trocar novamente. Hoseok se remexera algumas vezes na cama, enquanto eu tentava colocar os meus materiais dentro da mochila e correr o máximo que eu pudesse dali. Eu nem pensava em nada que não fosse correr o mais rápido que minhas pernas curtas aguentassem, assim, eu poderia voltar logo e encontraria [ou não] Hoseok me esperando com o jantar daquela noite. Ele certamente ficaria preocupado em acordar e não me ver ao seu lado, por isso, resolvi escrever um bilhete na pressa em que estava; colando-o na porta do armário, onde tinha certeza que ele veria. Sai correndo o mais rápido que pude, passei por todas aquelas pessoas empacadas no campus e praticamente voei até a sala, onde Namjoon explicava ao nosso professor que eu chegaria atrasado, por não ter tido uma boa noite de sono.

As aulas foram mais arrastadas do que pensei que seria, e ficou pior quando comecei a checar o celular a cada dois minutos, meu coração apertava ao ver a aba de conversas com Hoseok vazia, estampando o último 'Estou com saudades, hyung.' que ele havia me enviado há alguns dias atrás. Aquele típico solavanco ao ver que, um; ele, provavelmente, não havia acordado, ou, dois; acordara atrasado e não me mandara nenhuma mensagem. Namjoon percebera meu desespero e como um vidente descobrira que meu problema era Hoseok, ou a falta dele, no caso em questão; se bem que não era necessário, de um todo, que precisassem ser videntes para descobrir que minha cabeça rondava em um único nome, Jung Hoseok. Quando o celular finalmente vibrou em cima da mesa, quase o deixei cair no chão, tamanha fora minha expectativa, mas logo o sorriso em meu rosto desaparecera, assim que vi ser uma mensagem da operadora, dizendo que meus créditos estavam próximos ao fim. Oras, que vá ao inferno. Deixei o celular ao meu lado, tentando prestar atenção, porém, por algum motivo desconhecido, eu não conseguia prestar atenção nas aulas, minha cabeça literalmente flutuava e mesmo que eu tentasse me manter concentrado nas explicações do professor, acabava viajando para outro planeta. Queria voltar a dormir nos braços de Hoseok e queria me afundar naquela cama macia até acordar debaixo da terra. Era simplesmente impossível me concentrar ao que o professor dizia, tanto que, quando ele finalmente saiu da sala, Namjoon cutucou minha bochecha direita, fazendo-me pular na cadeira de susto, enquanto eu continuava brincando com o celular entre os dedos.

Um por centoOnde histórias criam vida. Descubra agora