Um dia normal, não?

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O jantar foi muito divertido e quando fui para a cama só conseguia pensar no dia seguinte e que ia jogar com o meu irmão, mas o inesperado aconteceu... No dia seguinte de manhã acordei com os gritos da minha mãe ,nem me dei ao trabalho de vestir o robe ou calçar os chinelos e desci as escadas a correr. Podia sentir os degraus gelados debaixo dos meus pés enquanto pensava "O que é, o que é "
Cada vez os gritos ficavam mais proximos quando cheguei lá abaixo após me esquivar de uma mesa com uma acrobacia digna dos jogos olímpicos fui encontrar o meu pai e o meu irmão a meter a minha mãe no carro, depois o meu pai entrou e o carro afastou-se rapidamente além das dunas.

Eu-Kay! -sem resultado pois ele ficou a olhar para o sitio onde o carro tinha virado-Manoooooooo!

Kay-Ham? Oh, May. Já acordas te. Queres tomar o pequeno almoço-disse indo para a cozinha.

Eu-Aaaaa, não! Quero saber o que se passou aqui!? -Disse eu quase a dar um estalo na cara dele. Ele sabe que eu detesto quando diz que não se passa nada e eu sei que passou.

Kay-Oh, a mãe sentiu umas dores de manhã e o pai foi leva-la ao hospital na cidade.
Devo ter ficado a olhar para ele com uma cara tão estranha que ele me perguntou se eu queria água. Mas não, não queria água, o que eu queria era desatar a correr atrás do carro. Não iria ver a minha mãe durante sabe-se lá quanto tempo.

Nesse dia não fui correr, fui para o meu quarto não sei bem fazer o que, mas fiquei lá a manhã inteira a olhar para o teto até o meu irmão me chamar para almoçar.

O almoço era um mini peixe para cada um com batata. O meu irmão, sempre brincalhão, sempre a meter-se comigo,esteve calado todo o almoço, ou seja era mesmo grave, ele não é assim. Estou mesmo preocupada.

Durante o resto da tarde ele fechou-se no quarto e quase que posso apostar que ele estava a chorar, mas não ouvi bem. Já farta daquele ambiente decidi ir para a praia ,mas não para correr, não... Nesse dia em especial só estava três pessoas na praia. Um homem que passeava o cão, e uma senhora com o seu filho. Sentei-me à beira mar suficientemente perto para que a água me chegasse aos pés.
Desde pequena que eu sempre achei que o sitio do horizonte,onde o seu é o mar se tocam, era um portal para outro universo... Claro que já me deixei disso à muito tempo, mas sentia-me bem em pensar nisso de novo.

Nessa noite só consegui adormecer muuuuuuito depois de ir para a cama. Queria chorar, queria gritar, mas tudo o que consegui foi... Olhar, olhar para o céu através da janela.
Aquela era uma noite especialmente estrelada.
Como não conseguia dormir, levantei-me e, ia a abrir a janela para arejar um pouco quando vi... Uma pessoa?! Corria pelas dunas em direção ao nosso carro(o que o pai não levara) e entrou.
Eu, sem saber o que estava a acontecer pensei-"Estão a roubar o nosso carro ".
Abri a porta de rompante e comecei a correr no corredor até à porta do meu irmão ninguém abriu ou respondeu, estava trancada. Eu sei que o meu mano tem um sono pesado mas sinceramente porque é que ele trancaria a porta e se eu precisasse de algo durante a noite, com estava a precisar.
Ele sabia que normalmente em pequenina eu tinha medo do escuro e das sombras, e à noite, corria a chorar aqueles dez metros que separavam os nossos quartos, convencida de que estava a ser perseguida por fantasmas, monstros, e bruxas...

E aí, à memória deste pensamento, olhei em volta ...Tudo estava mais escuro do que alguma vez eu tinha visto. A única luz era o luar que refletia no espelho do hall de entrada, e que vinha da janela do meu quarto. Essa luz só tornava tudo pior . Haviam sombras tremulas em todo o lado. Vi uma mexer-se, não de verdade mas na minha cabeça. Fechei os olhos com força, mas não adiantou, já tinha visto. Abri os outra vez porque sempre detestei estar sem ver o que se passa ao nosso lado. Claro que no instante que os abri pareceu-me ver um homem... Tudo na minha imaginação. "May, para estas a ser infantil. "-dizia eu para me encorajar a passar aqueles dez metros, nem que fosse aos berros como uma louca, tinha de os passar. Sabia que estava a ser mais do que infantil, aquilo era um medo que as crianças de oito anos têm, e no entanto lá estava eu, com medo de atravessar dez metros no escuro e eu tinha quinze...

Quando finalmente ganhei coragem, corri o maior sprint da minha vida até ao quarto e fechei a porta. Liguei a luz e fiquei assim até ao dia seguinte, não me atrevi sequer a ir à janela ver do homem e do carro, se realmente as suas intenções eram de levar o carro, com o tempo que eu estive ali aninhada junto ao piano, tinha tido tempo. E nessa altura pensei, e se o piano tivesse começado a tocar sozinho? E se grande candeeiro tivesse começado a abanar, e... Se o homem que eu vi era real? Tentei afastar estes pensamentos da cabeça pois eu sei que não é real, é fruto da minha imaginação. Mas não deu, enquanto não amanheceu.

Ai, tive coragem para sair do quarto, as janelas deixavam entrar raios de sol e como havia uma a cada dez degraus
não havia um único sitio da casa que não estivesse iluminado. Fui procurar o meu irmão, ele não estava em lado nenhum! -"Hum, talvez tenha ido correr. " após pensar isto, calcei uns ténis ,desta vez apetecia me calçar algo,e então calcei uns ténis da Nike que o meu irmão me tinha oferecido.

Sai para correr para ver se o encontrava. Normalmente, eram três quilómetros para lá e três para cá, nas o meu irmão faz sempre quatro, o significa que tinha de andar mais.

Mas, ao chegar ao segundo mas ou menos, deparei-me com uma coisa estranha. Naquele sitio, perto das arribas onde dantes não estava nada, estava agora uma casinha, bem modesta mas muito bonita. Em frente dela estava uma senhora a colher frutas da árvore. Ela acenou-me e eu sorri de volta. Continuei a correr, que senhora tão simpat...Espera ai... Isto não faz sentido. Parei e olhei para a casa já a uns bons metros de distância de mim. Não era possível, quer dizer, eu passei aqui ontem e não havia nada e uma casa não se constrói do dia para a noite ,e as árvores também não crescem assim. Aqui algo está mal.

Mas depois lembrei-me, tinha era de ir procurar o Kay, depois de lançar um último olhar a casa, onde a senhora ainda colhia frutos, virei-me pronta para continuar a correr. Bati com tua algo e ficou-me doer o nariz. Alguém me ajudou levantar e ai eu percebi que tinha ido contra alguém não algo e rezei a todos os Santos que conheço para que fosse Kay. Mas não era. Era um rapaz, um pouco mais alto do que eu ,tinha cabelo preto e olhos verdes brilhantes, sorriso perfeito.

XXX-Oh, desculpa, estás bem? -perguntou e sorriu.

Eu-Ah, sim. -Respondi secamente.
E recomecei a correr. E deixei-o para trás .Ainda o ouvi a chamar-me mas não me virei. Comecei a correr mais rápido.

Nunca fui muito boa com rapazes, excepto com o meu irmao.

Corri o percurso que o Kay costumava fazer mas nao o encontrei...

Estou a começar a ficar muito preocupada.


Oi ! Desculpem não ter publicado mais cedo mas não tenho tido tempo, espero que estejam a gostar de "Marés Matinais ".
O próximo capítulo estará publicado em princípio terça.
Até Breve. #aplles33

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