Bem Vinda a Nova York

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A mudança é algo relativo de pessoa pra pessoa. Algumas pessoas encaram a mudança como algo essencial e outras acham desnecessário. Eu pessoalmente não me identifico com nenhuma dessas opiniões, acho que fico com o meio termo, não acho que estejam certas, mas também não acho que estão erradas. A mudança só é boa quando vem de maneira positiva, e acredito que viver a vida toda da mesma maneira não seja proveitoso. A vida sabe qual é o momento certo para tudo.

No momento eu estou vivendo uma grande mudança na minha vida, uma boa, em minha opinião. Acabei de me formar na faculdade, foram quatro anos bem difíceis, mas que compensaram muito no final. Depois da faculdade eu consegui uma vaga na Underwood&Corporation ou UW&CO, não é um cargo alto, mas é o suficiente pra mim.

- Você passou quatro anos na faculdade de administração pra virar secretaria? - Minha mãe falou enquanto colocava minha mala em cima da cama.

- Você fala como se eu fosse morrer nessa profissão - Ela me encarou apreensiva - Essa é uma vantagem da administração, se eu me dedicar bastante e fizer um bom trabalho eu posso ser promovida facilmente - Abri meu armário e comecei a tirar algumas roupas.

- Ainda não estou convencida - Resmungou ela, abrindo a mala.

- Você só está chateada por que eu vou me mudar - Argumentei

- E você queria que eu ficasse como? Minha única filha está me abandonado - Não pude deixar de soltar uma risada. Ela era muito exagerada

- Não fale isso, é exagerado até pra você. Por mais que eu esteja indo pra longe jamais vou abandona-la - Ela bufou - E além do mais, você ainda tem a vovô.

- Aquela velha tá quase pra morrer - Ela brincou e eu ri.

- Eu ouvi isso Dinah - Minha avó apareceu na porta - E você também Valerie, não pense que eu não ouvi sua risada. E pro governo das duas eu estou ótima de saúde, estou no auge dos meus 50 e poucos - Começamos a rir. Eu ia sentir falta desse ambiente familiar, principalmente no lugar que eu vou. Eu não acredito que eu vou me mudar para Nova York.

- Então querida como está se sentido com tudo isso? - Minha avó perguntou com sua voz tranquila.

- Sinceramente?... Assusta... Mas feliz - Suspirei - Só espero que o ambiente corporativo não consuma minha alma... Por completo - Me sentei na beirada da cama e apoiei meus braços nos joelhos

- Não se preocupe querida - Minha mãe sentou a meu lado - Vamos ligar todos os dias.

- Exatamente. Vamos ligar pra você todos os dias, até o dia de nossa morte - Complementou minha avó.

- Mamãe! - Berrou minha mãe, e colocou as mãos nos meus ouvidos como se eu fosse uma criança - Não fale essas coisas perto da Valerie.

- Ah mulher para com isso, ela tem vinte e um anos. E por que você pode fazer piada com a minha morte e eu não? - Ela riu e saiu do quarto.

- Vou sentir falta dessas brigas bestas de vocês - Falei com uma pontada no coração.

- E eu vou sentir falta de você rindo delas - Acrescentou ela me abraçando.

[...]

Você vai nos telefonar assim que você pousar ok? - Minha avó falava ao mesmo tempo tentando controlar o choro. Minha mãe estava atrás dela chorando de uma forma que eu nunca vi.

"Ultima chamada para o voo 193 pra Nova York"

Esforcei-me pra não começar a chorar também, isso só iria piorar as coisas, eu preciso ser forte, ou pelo menos parecer naquele momento. Eu me despedi mais uma vez das duas e segui meu caminho. Assim que sentei na poltrona do avião eu desabei, a moça que estava do meu lado perguntou se estava tudo bem comigo, eu só consegui falar pra ela não se preocupar, que eu estava bem. Ela não pareceu convencida, mas não disse mais nada.

O Príncipe e a ExecutivaOnde histórias criam vida. Descubra agora