Capítulo 4 - Manibear

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— Abre a porcaria da porta, Lauren! – gritou Taylor, esmurrando a porta do quarto de Lauren pelo o que seria a vigésima vez em menos de quarenta e oito horas.

Já faziam quase dois dias que ela estava trancada ali dentro, sem sair para nada. Ela tinha um pequeno frigobar no quarto, então podia se virar por mais um dia sem precisar sair dali. A pequena geladeira era uma das poucas coisas que trouxera de seu apartamento quando teve que – forçadamente – voltar a morar com seus pais. Antes ela dividia o apartamento próximo à faculdade com sua melhor amiga, Normani. Porém, a mesma agora morava sozinha e estava à procura de mais uma pessoa para dividir as despesas. Das suas amigas de faculdade, Normani fora a única que ainda vinha visitá-la. Afinal, elas se conheciam desde sempre, e Normani conhecia muito bem o forte gênio de Lauren.

Lauren não podia culpá-las pelo fato de se afastarem, nem ela gostava de sua companhia no momento.

— EU VOU DERRUBAR ESSA MERDA, LAUREN! – Taylor tornou a gritar, impaciente. Ela era bem parecida com Lauren quando se tratava disso. – Lo... – continuou, dessa vez mais calma. – Vamos! A Mani está aqui!

— Abre logo essa porta, Jauregui! – Lauren agora ouviu a voz da amiga. – Sabe que se não abrir vai ser pior, não sabe?

E ela sabia muito bem como a amiga era bem persistente quando queria algo. Lauren bufou, levantando-se o mais devagar possível da cama. Passou as mãos pelos longos fios negros, tentando em vão domá-los. Não fazia ideia de como estava sua aparência no momento, aliás, ela nunca sabia como estava.

Pegou sua bengala retrátil na mesa de estudos e foi até a porta, destrancando-a em seguida.

— Meu Deus! Você está com uma cara péssima! – disse a amiga, entrando no quarto sem permissão. Lauren ouviu a irmã fazer o mesmo.

Bom vê-la também, Mani. Claro que pode entrar no quarto, fique à vontade. – Lauren comentou com sarcasmo. Tornou a trancar a porta e foi até a cama, jogando-se na mesma.

— Poupe-me de seu mau humor, Jauregui. – rebateu a amiga. – Agora, vá tomar um banho e trocar de roupa. Vim aqui para arrancá-la de sua caverna, e não sairei até que isso aconteça.

— Então, veio para ficar? – perguntou, arqueando uma sobrancelha.

Ha-ha, muito engraçado. – Normani se jogou na cama ao lado da amiga. Lauren automaticamente deitou-se em seu colo. – Como você está, Lo?

— Como acha que estou?

Normani começou a mexer nos cabelos da morena, em um leve cafuné. Lauren suspirou. Ela sentia falta desses momentos, quando era apenas ela e a amiga sozinha no apartamento que dividiam ou acompanhadas das outras colegas de faculdade. Em casa, mesmo que sempre tivesse alguém a fazendo companhia, ela sempre se sentia sozinha.

— Quer falar sobre?

Ela queria?

Lauren se sentia esgotada de todas as formas possíveis. Ela nunca se permitira desabar desde o acidente que tirou sua visão, e quase tinha feito isso há menos de dois dias atrás. Sentia-se magoada, triste, revoltada, com raiva, e acima de tudo se sentia fraca. Fraca por não conseguir passar por tudo isso.

— Mama me contou da discussão que tiveram. – disse Taylor, ela havia permanecido em silêncio desde que entrara no quarto. Lauren já estava começando a esquecer de sua presença ali. – Ela está arrependida, Laur. E magoada. Sabe que ela nunca sequer levantou a mão para nenhum de nós, e agora que o fez... - Taylor suspirou. -  Ela e o papa saíram, mas ainda estão preocupados com você.

Blind LoveOnde histórias criam vida. Descubra agora