Blind Love

Capítulo 16 - A Fucking Destiny

Lauren tinha certeza que a vida queria fazê-la sofrer ainda mais. E por que ela tinha tanta certeza disso?

Era fácil. Ela estava agora sentada na sala de seu médico, que havia acabado de chegar com o resultado dos exames. Keana – que Lauren pediu para acompanhá-la na consulta – apertava sua mão em sinal de apoio. A morena, que estava começando aos poucos a evoluir quando se tratava da sua aversão ao toque, não quis parecer ingrata e se esquivar da mão da garota que estava ao seu lado, então aceitou o apoio.

A de olhos verdes não sabia exatamente por que chamara a vizinha para vir com ela, apenas não queria que nenhuma de suas amigas mais íntimas – ou sua família – soubessem do que estava acontecendo. Ou do que poderá acontecer. Não queria que sofressem antecipadamente por algo que nem ela mesma sabia o que era. Foi por isso que, na noite anterior quando se despedia da morena e aproveitando que Normani estava distraída demais estacionando o carro na garagem, pediu a Keana que a acompanhasse na consulta. Keana não sabia ou tinha visto tudo pelo o que Lauren passou nos últimos meses, então, seria mais fácil para ela não ser tão afetada pelo possível diagnóstico do médico.

Lauren encarava o chão, recordando-se da primeira vez que esteve naquele mesmo consultório. Não foi seu melhor momento, sejamos claros. Ela tinha acabado de perder a visão e ainda estava meio revoltada com a vida. Não que isso tenha mudado muito, mas sua revolta e raiva agora estavam mais controladas.

— Então, Lauren... – começou o médico, Dr. Willian. – Temo que os resultados não sejam muito promissores. Vou ser sincero e não a enrolar muito, ok? Como me pediu na primeira vez que esteve aqui. – ele suspirou, comovido pela causa da jovem garota à sua frente. O caso de Lauren era algo inédito, que acontecia raramente. Perder a visão da forma que a garota a perdeu era... No mínimo, um belo golpe do destino. Mas o problema que a levara ali não era esse, porém. Lauren tinha ficado um bom tempo exposta a uma mistura altamente perigosa de gases enquanto esteve por baixo dos escombros, e era isso que estava preocupando o médico. – Infelizmente, os antibióticos que receitei não tiveram o efeito esperado. – continuou o Dr. Willian. – E eles eram os que sempre obtivemos melhores resultados.

Lauren sentiu o aperto em sua mão afrouxar, ouvindo, então, a exclamação surpresa da morena ao seu lado. Keana estava preocupada com ela, e isso mexeu com a garota de olhos verdes. A morena realmente se importava com Lauren, mesmo depois de terem passado um longo tempo sem verem uma à outra.

— O que... – Keana tentou falar, limpando a garganta para disfarçar a preocupação na voz. – O que exatamente isso quer dizer?

A garota lançou um olhar de soslaio para Lauren, porém, a morena continuava a fitar o nada. A verdade era que Lauren temia o que viria a seguir, tinha medo que seu pesadelo recomeçasse. Não podia acontecer tudo de novo, não agora. Não quando ela finalmente estava começando a... Inferno! Começando a viver novamente!

— Bem, Srta. Issartel... Significa que a infecção pulmonar que Lauren teve quando estava em coma deixou fortes sequelas. Sequelas essas que não esperávamos. – o médico agora fitava a morena, e Keana viu pena expressos em seu olhar.

Ela o compreendia. Afinal, ambos – ele mais que ela – sabiam do que Lauren tinha passado até agora, e o quanto sofrera com isso. Foi o receio que a fez aceitar o inusitado pedido da morena, receio e o sentimento de injustiça por ela ser... Saudável e Lauren não.

— Pare de enrolação, doutor, e diga logo o que deu nisso. – Lauren murmurou, saindo de seus devaneios.

O médico sorriu, sem graça. Provavelmente, já estava mais que acostumado com o jeito peculiar da morena.

— Ok... – ele começou a remexer nos papéis sob a mesa, parando apenas ao encontrar algo específico. – Sabe que no curto período que ficou sob os escombros da garagem esteve exposta a diversos gases tóxicos, não é? – Lauren assentiu, impaciente. Já conhecia muito bem aquele lenga-lenga todo. Ela só queria que aquela tortura acabasse logo.