Capítulo 1

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Sabe quando somos crianças e ficamos ansiosas para crescer e aprender as coisas boas da vida, mas quando crescemos tudo o que queremos é ser crianças de novo?

É assim que me sinto nesse momento, não a parte de voltar a ser criança, mais a parte de querer voltar atrás, agora que estou em frente a porta do diretor do hospital me dou conta de uma coisa, se meu irmão escondeu o que nossa tia Laura tem de mim, é por que as coisas estão piores do que eu imaginava, e no momento não sei se tenho forças para enfrentar mais essa que a vida me apresenta.

Eu poderia ir até meu irmão, Ian , que é um excelente médico, porém temo que ele possa me contar apenas as meias verdades e no momento eu preciso saber de tudo.

Vindo para cá me deparei com poucas pessoas circulando no aeroporto, poucos sabem que estou aqui - assim espero - e as 2 horas da manhã a maioria das pessoas estão com muito sono para prestar atenção em uma loira alta, de jeans e óculos de leitura; tentei passar despercebida em todo o caminho, mas no hospital fui reconhecida pelos funcionários, e enquanto as enfermeiras ficaram de longe cochichando, os visitantes que estavam na sala de espera se aproximaram e pediram apenas autógrafos, uma hora dessas já tem tweets circulando na rede da minha presença na cidade, o que me dá apenas algumas horas de sossego, já que para chegar aqui são necessárias 5 horas de viagem.

Depois de alguns segundos de pensamentos e desvaneos, finalmente encontro coragem para levantar minha mão em punho e bater a porta anunciando a minha presença.

Entro numa sala espaçosa, de cores neutras com dois quadros de paisagem abstrata a minha direita, sem fotografias e com uma estante recheadas de livos que de longe não posso dizer precisamente do que se tratam, olho para frente depois de analisar a sala a minha volta e encontro um homem baixo, de cabelos brancos e olhos claros me olhando literalmente de boca aberta, ele me encara assustado como se não acreditasse na minha presença em sua sala.

-Liz Rohr?

-Prazer Senhor Stewart.

Ele continua me olhando como se eu fosse de outro planeta e instantaneamente começo me sentir desconfortável, quando sua ficha cai, ele respira fundo para se recuperar do pequeno susto, e me pergunto se vai ser assim com todo mundo, poxa, eu ainda sou eu, quer dizer ainda sou a Elizabeth, a garota loira que cresceu nessa cidade, então sim eu continuo sendo a mesma, só um pouco mais reconhecida e mais rica, mas continuo a mesma.

-Sente-se, o que eu poderia fazer pela Senhorita?Algo para beber?

-Me chame de Liz e não, não quero nada.

Me sento e espero ele assumir a sua posição.

-Me chamo Alex, então o que posso fazer?

Respiro fundo para espantar meu medo, medo de descubrir que tudo está perdido, e sento-me ereta como se estivesse no comando de todas as minhas emoções.

-Quero saber tudo sobre o caso da minha tia, Laura Rohr.

Ele me olha impassível, e não sei se me sinto aliviada ou preocupada, médicos já são treinados em dar notícias ruins como se não fossem nada, e quanto mais ele demora, mais meu coração bate acelerado.

-O estado dela é grave, e me espanta o fato de você não ter sido anunciada sobre isso.

Eu vou matar o Ian, depois que ele me contar o por que de não ter me ligado, mas antes preciso saber o que está acontecendo, mesmo com o coração a mil e a boca seca:

-Que estado?

-Ela foi diagnosticda a algumas semanas com um tumor maligno pulmonar.

-Radioterapia ?

Era Uma Vez Nós Dois | NA AMAZONOnde histórias criam vida. Descubra agora