Lá estava ele. Calado, enquanto observava o seu reino pela varanda do castelo. Kirk sabia que seu reino era melhor do que jamais fora um dia. Potens era um reino abundante em tudo. Nas mercadorias, nos comércios, e era super habitado. Não havia um lugar sequer vazio. Era o centro comercial de Kentar. Em certo momento, o rei Kirk Black, deu um leve sorriso, ao olhar como seu reino era próspero e organizado. Entretanto, sua expressão facial mudou de repente, pois ele viu uma cena, de sua varanda, que o irritou por demais.
— Ei, você! Venha já aqui! Guardas, levem esse homem para a sala do trono imediatamente! — gritou Kirk. E assim foi feito. Como ele ordenou - depois de instantes - o tal homem estava ali de pé diante dele.
— O que eu posso fazer pelo senhor, majestade? — disse o assustado homem.
— Como devo lhe chamar? — perguntou o rei. Ele gostava de saber qual era o nome dele, pois para o rei "falar com um 'sem nome', era falar com ninguém."
— Me chamo Adrian, meu senhor. — respondeu com uma voz aflita.
— Muito bem. — Kirk levantou-se de seu trono, e começou a andar lentamente até o homem — Por que você estava batendo naquela jovem moça, Adrian? — Essa pergunta fez Adrian tremer por inteiro. Ele mal podia dizer uma simples palavra e ser compreendido.
— Vamos, meu rapaz. Fale! — ordenou Kirk. O Rei torcia para ser uma história convincente, para que o homem não precisasse ser castigado por bater em uma mulher. Não que fosse uma lei, contudo era o rei que não aprovava tal coisa.
— Ela é minha irmã, meu senhor. Eu estava dando um corretivo na moça, pois ela não fez o que eu ordenei. — explicou Adrian, o que deixou o rei mais indignado ainda.
— Como assim "ordenou"? Ela é sua escrava? Você a comprou de algum comerciante? — tais perguntas desceram à seco pela garganta de Adrian, que se calou.
— Ao menos posso saber o que você supostamente, "ordenou" a moça fazer? — envergonhado, Adrian olhou para o rei e disse:
— Eu tenho mesmo que dizer, vossa majestade? — perguntou ele, cabisbaixo.
— É claro! Quem ordena agora sou eu! Agora vamos, fale logo. — Kirk sentou-se em seu trono e repousou sua capa ao longo do braço do mesmo.
— Tudo bem. Eu pedi para minha irmã me dar um abraço e rir, para fazer ciúmes em uma moça que eu estava flertando na feira.
— Céus! E ela não quis abraçar você?! — perguntou o rei, depois de uma breve gargalhada.
— Não, senhor. E ainda disse que nada faria aquela donzela cair no meu charme. — Adrian pareceu desamparado. Lembrou do momento com clareza e pesar.
— Vocês conhecem tal moça, rapazes? — perguntou Kirk a seus guardas.
— Sim, senhor. É a filha do ferreiro. A linda jovem, Marta. — disse um dos guardas reais, e Kirk riu daquilo tudo.
— Foi por isso que você deu um corretivo nela, como disseste — lembrou Kirk.
— Sim, senhor. Ela me envergonhou na frente da lindíssima jovem. — reclamou Adrian cabisbaixo.
— Sinto muito, meu rapaz. — disse Kirk em um tom de deboche. — Entretanto, nada justifica levantar a mão para uma mulher. O nosso anterior rei - o meu pai - me ensinou isso. E agora, eu lhe passo o ensinamento.
— Como queira, meu rei. Entendi a mensagem. Isso não irá mais se repetir. — Adrian o reverenciou e saiu envergonhado.
Antes dele sair, Kirk o chamou:
— E Adrian. — lentamente, ele virou-se receoso.
— Sim, meu rei?
— Se eu souber de tal história novamente, eu mesmo irei em sua casa, sua cabana, seja lá onde moras e lhe darei uma lição, você me entende? — A expressão de Kirk foi bastante convincente. Sua cara assustaria qualquer um no lugar de Adrian.
— Sim, meu rei. Como desejar. — novamente, Adrian o reverenciou.
— Se estamos todos entendidos, você pode se retirar. Guardas, levem Adrian até o portão do castelo. —
Os guardas sinalizaram um sim com a cabeça, e acompanharam o rapaz até fora do castelo.
Nesse meio tempo, Erik, o comandante real, entra na sala do trono. Ele e o rei eram amigos de infância. Erik, filho de Marcel, o antigo comandante. E Kirk, filho de William Black, o rei anterior.
— Erik, meu grande amigo! Me dê boas notícias. — pediu o rei.
— Nada de importante, meu rei. Apenas vim lhe notificar sobre os preparativos de nossa ida até o festival de vinhos em Opes. — disse Erik.
— Então não há nada de novo?! — replicou o curioso rei.
— Não, senhor. Apenas isso. — respondeu Erik.
— Bom. E então, como estão os preparativos, Erik? — o rei se levantou e andou em direção à Erik com seus braços voltados para trás.
— Serão 10 dos nossos melhores soldados na viagem, e sua família, é claro.
— Bem, não posso deixar de levar a família, não é mesmo? — os dois riram brevemente — E aliás, Christine não vê a hora de rever irmã dela.
— Será que a rainha Olivia ainda tem o rei de Opes na palma da mão? — perguntou Erik, curioso.
— Nunca subestime uma mulher, meu amigo. Ainda mais uma poderosíssima rainha. – disse o rei gargalhando brevemente. Enquanto os velhos amigos riam com tal assunto, a porta da sala do trono se abre e Christine, a rainha de Potens, se junta a sala e também, a conversa. Pele branca, e cabelos ruivos que deslumbram qualquer um.
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As Crônicas de Kentar
Fantasia"Nada é mais como era antes, nada. Todo amor se tornou ódio. Toda paixão se resultou em rancor. Toda amizade que existia se tornou rivalidade. Amigos se tornaram inimigos. Toda as coisas alegres, se tornaram em algo tenebroso. Tudo mudou depois daqu...