Capítulo I - Os Blacks

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          Lá estava ele. Calado, enquanto observava o seu reino pela varanda do castelo. Kirk sabia que seu reino era melhor do que jamais fora um dia. Potens era um reino abundante em tudo. Nas mercadorias, nos comércios, e era super habitado. Não havia um lugar sequer vazio. Era o centro comercial de Kentar. Em certo momento, o rei Kirk Black, deu um leve sorriso, ao olhar como seu reino era próspero e organizado. Entretanto, sua expressão facial mudou de repente, pois ele viu uma cena, de sua varanda, que o irritou por demais.

— Ei, você! Venha já aqui! Guardas, levem esse homem para a sala do trono imediatamente! — gritou Kirk. E assim foi feito. Como ele ordenou - depois de instantes - o tal homem estava ali de pé diante dele.
— O que eu posso fazer pelo senhor, majestade? — disse o assustado homem.
— Como devo lhe chamar? — perguntou o rei. Ele gostava de saber qual era o nome dele, pois para o rei "falar com um 'sem nome', era falar com ninguém."
— Me chamo Adrian, meu senhor. — respondeu com uma voz aflita.
— Muito bem. — Kirk levantou-se de seu trono, e começou a andar lentamente até o homem — Por que você estava batendo naquela jovem moça, Adrian? — Essa pergunta fez Adrian tremer por inteiro. Ele mal podia dizer uma simples palavra e ser compreendido.
— Vamos, meu rapaz. Fale! — ordenou Kirk. O Rei torcia para ser uma história convincente, para que o homem não precisasse ser castigado por bater em uma mulher. Não que fosse uma lei, contudo era o rei que não aprovava tal coisa.
— Ela é minha irmã, meu senhor. Eu estava dando um corretivo na moça, pois ela não fez o que eu ordenei. — explicou Adrian, o que deixou o rei mais indignado ainda.
— Como assim "ordenou"? Ela é sua escrava? Você a comprou de algum comerciante? — tais perguntas desceram à seco pela garganta de Adrian, que se calou.
— Ao menos posso saber o que você supostamente, "ordenou" a moça fazer? — envergonhado, Adrian olhou para o rei e disse:
— Eu tenho mesmo que dizer, vossa majestade? — perguntou ele, cabisbaixo.
— É claro! Quem ordena agora sou eu! Agora vamos, fale logo. — Kirk sentou-se em seu trono e repousou sua capa ao longo do braço do mesmo.
— Tudo bem. Eu pedi para minha irmã me dar um abraço e rir, para fazer ciúmes em uma moça que eu estava flertando na feira.
— Céus! E ela não quis abraçar você?! — perguntou o rei, depois de uma breve gargalhada.
— Não, senhor. E ainda disse que nada faria aquela donzela cair no meu charme. — Adrian pareceu desamparado. Lembrou do momento com clareza e pesar.
— Vocês conhecem tal moça, rapazes? — perguntou Kirk a seus guardas.
— Sim, senhor. É a filha do ferreiro. A linda jovem, Marta. — disse um dos guardas reais, e Kirk riu daquilo tudo.
— Foi por isso que você deu um corretivo nela, como disseste — lembrou Kirk.
— Sim, senhor. Ela me envergonhou na frente da lindíssima jovem. — reclamou Adrian cabisbaixo.
— Sinto muito, meu rapaz. — disse Kirk em um tom de deboche. — Entretanto, nada justifica levantar a mão para uma mulher. O nosso anterior rei - o meu pai - me ensinou isso. E agora, eu lhe passo o ensinamento.
— Como queira, meu rei. Entendi a mensagem. Isso não irá mais se repetir. — Adrian o reverenciou e saiu envergonhado.
Antes dele sair, Kirk o chamou:
— E Adrian. — lentamente, ele virou-se receoso.
— Sim, meu rei?
— Se eu souber de tal história novamente, eu mesmo irei em sua casa, sua cabana, seja lá onde moras e lhe darei uma lição, você me entende? — A expressão de Kirk foi bastante convincente. Sua cara assustaria qualquer um no lugar de Adrian.
— Sim, meu rei. Como desejar. — novamente, Adrian o reverenciou.
— Se estamos todos entendidos, você pode se retirar. Guardas, levem Adrian até o portão do castelo. —
Os guardas sinalizaram um sim com a cabeça, e acompanharam o rapaz até fora do castelo.
          Nesse meio tempo, Erik, o comandante real, entra na sala do trono. Ele e o rei eram amigos de infância. Erik, filho de Marcel, o antigo comandante. E Kirk, filho de William Black, o rei anterior.
— Erik, meu grande amigo! Me dê boas notícias. — pediu o rei.
— Nada de importante, meu rei. Apenas vim lhe notificar sobre os preparativos de nossa ida até o festival de vinhos em Opes. — disse Erik.
— Então não há nada de novo?! — replicou o curioso rei.
— Não, senhor. Apenas isso. — respondeu Erik.
— Bom. E então, como estão os preparativos, Erik? — o rei se levantou e andou em direção à Erik com seus braços voltados para trás.
— Serão 10 dos nossos melhores soldados na viagem, e sua família, é claro.
— Bem, não posso deixar de levar a família, não é mesmo? — os dois riram brevemente — E aliás, Christine não vê a hora de rever irmã dela.
— Será que a rainha Olivia ainda tem o rei de Opes na palma da mão? — perguntou Erik, curioso.
— Nunca subestime uma mulher, meu amigo. Ainda mais uma poderosíssima rainha. – disse o rei gargalhando brevemente. Enquanto os velhos amigos riam com tal assunto, a porta da sala do trono se abre e Christine, a rainha de Potens, se junta a sala e também, a conversa. Pele branca, e cabelos ruivos que deslumbram qualquer um.

As Crônicas de KentarOnde histórias criam vida. Descubra agora