Capítulo V - Os Greenleafs

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          No quarto de hóspedes, ao entardecer, depois que o rei Vladimir Greenleaf saísse para sua caminhada pelo reino. Esse era o momento preferido para que aquele ato de infidelidade acontecesse. A rainha Olívia Greenleaf e o comandante Noah se afogavam em um mar de luxúria, e espalhavam no ar o amor proibido que sempre tiveram desde quando o rei disse a si mesmo, "O meus súditos precisam me ver diariamente, para que eles possam notar como o seu rei é saudável, como nenhum outro rei fora um dia." Gemidos e palavras provocadoras podiam ser ouvidas facilmente pelo outro lado da porta, como fizera Sebastian. Um jovem rapaz, o serviçal do castelo. Como estava sempre limpando os quartos, aquele em questão não fora limpo ainda. "Isso está ficando cada vez mais sério e vergonhoso" pensou o rapaz. Ele já sabia daquele que era um "romance secreto" entre a rainha e o comandante. Não que ele achasse normal uma coisa daquelas, e deixasse passar despercebido, muito pelo contrário. Ele era contra aquilo tudo, só não contara pro rei o mais imediato possível porque Noah, o comandante, o ameaçava de morte, como também a sua mãe irmã mais nova. E como Sebastian sabia que a crueldade de Noah contra os seus inimigos era falada por todos no reino, um simples serviçal e uma família plebéia seria o menor de seus problemas. Além do mais, que prova ele teria para que o rei acreditasse nas suas palavras? E mais, difamar um membro da família real tão importante como era a rainha, resultaria em enforcamento. "Fique quieto, e sobreviva." Era o que ele pensava sobre a situação. Com os ouvidos atrás da porta, Sebastian percebeu o silêncio que eles fizeram dentro do quarto. Imediatamente, ele se recompôs, e se escondeu rapidamente na pequena sala das vassouras, no mesmo corredor. Corredor esse, que tinha portas de madeira com um símbolo entalhado a águia que era uma espécie de mascote em Opes. Também chamava atenção, as longas bandeiras roxas com detalhes em verde, com o mesmo símbolo das portas. Bandeiras que iam do teto ao chão. Ele fechou seu olhos, na esperança de não acharem ele ali, que não era lá um ótimo esconderijo. Daquela minúscula sala, escutou o suave som de um longo beijo. Eram os dois que tinham já saído do quarto.

— Amanhã o rei fará um banquete para os de alto escalão na corte. Você irá estar lá, não vai?! — perguntou a rainha. As mãos de Noah em sua cintura a confortou. Diferente do rei, que mal se tocavam, apenas em festas e banquetes.

— Mas é claro, minha lindíssima rainha. Não perco nenhuma oportunidade de te ver. Sua beleza encanta o meu dia inteiro. — disse Noah, seguido de um beijo doce.

— Mas se o senhor me ver só ao anoitecer? — perguntou a rainha, louca para saber a resposta. Noah a encarou, ele sabia o que ela queria ouvir, sempre sabia.

— Se for esse o caso, o céu que possui milhares de estrelas, faltaria duas para mim. — respondeu Noah. Olívia sorriu ao escutar tais palavras.

— E aonde estaria essas estrelas, comandante? — a resposta de Noah foi obviamente o que ela gostaria de ouvir.

— Elas estariam no brilho do seus olhos, querida. Uma em cada um desses lindos olhos castanhos. — um beijo quente ele recebeu dela. "Você é muito romântico" completou ela em deboche. Eles sorriram um para o outro. Antes de deixarem o local, Noah escutara um barulho de vassoura caindo aos fundos, que o alertou. Ele porém, fingiu que não fora nada. "Um simples rato, não se preocupe." disse Noah, confortando-a. "Tenho pavor dessas criaturas imundas!" disse a rainha enojada.

— Façamos o seguinte. Você volta para o quarto real, e eu como um bom cavalheiro, me livrarei desse rato. — disse Noah em voz alta, principalmente a última parte. Sebastian engoliu a seco tais palavras. A cada passo de Noah que se aproximava, sua respiração ficava mais ofegante. Fechara seus olhos, esperando pelo pior, e desejando que ele não chegasse mais perto. Ele tentou chegar mais um tanto atrás, porém aquela sala nunca fora tão apertada como naquele momento. O barulho do sacar de espada fez o coração do rapaz disparar apressado. "Será meu fim." pensou ele. Antes que desse tempo do comandante ver o que tinha naquela sala, Evan, o conselheiro do rei, aparece no corredor e disse surpreso "Comandante Noah." O mesmo se recompôs e olhou para sua espada em mãos. Olhou para Evan, e que o estranhara. Um senhor de idade, totalmente fiel ao rei, que o viu nascer, crescer, e se tornar o que era.

As Crônicas de KentarOnde histórias criam vida. Descubra agora