Capítulo IV - Os Hecks

87 10 5
                                    

          Os irmãos Heck observavam o vasto horizonte que aquela terra distante e inexplorada por qualquer um dos 5 reinos continha. Era noite, e a luz do luar já era plena. Robert e Severin sabiam que a idade do seu pai, o rei Weiland Heck, já estava um tanto avançada, e eles já tinham a noção de que um dos dois seria o rei um dia, e esse dia estava cada vez mais próximo. Mas os dois tinham o pé no chão, eram pacientes em questão a isso. Os irmãos tinham idades próximas, enquanto Robert era o mais velho, com 25 anos, Severin tinha 22. Era inegável dizer que eles eram irmãos, pois possuíam uma aparência bem semelhante um com o outro. Cabelo, cor dos olhos, o mesmo sorriso, eram quase indistinguíveis. Olhos azuis, como os de seu pai, e cabelo ruivo e a pele branca como a de sua mãe, a rainha Charlotte Heck.
Todos da realeza estavam embarcados naquele navio, contudo só os irmãos e os soldados estavam no deck. Os dois discutiam sobre algo.

— O que tanto olhas, Severin? — perguntou Robert ao seu irmão que não parava de olhar em direção àquele litoral misterioso no horizonte.

— Eu não sei, acho que vi uma luz saindo daquela ilha, talvez. — Severin era muito atencioso às coisas, tinha um sentido desbravador, fazia o máximo para conhecer tudo o que podia, igual ao seu pai. Por outro lado, Robert era mais severo, sincero, e nunca escondia nenhuma desavença, falava sempre o que tinha que ser dito em certo momento, igual sua mãe. Entretanto, os dois se entendiam muito bem. Nisso, Robert forçou a vista tentando enxergar também a tal luz que Severin mensionara.

— Mas que luz, Severin? Como a luz do fogo? — perguntou Robert, ainda forçando a vista na tentativa de também conseguir ver a luz.

— Acho que sim, parecem tochas acesas. Eu não sei direito, está muito distante, não dá pra ter certeza. — Severin tentou se explicar, ele estava convicto de que aquela ilha emitiu alguma luz, ou melhor, luzes.

— Mas eu não enxerguei nada até agora, isso é sua insanidade extrapolando, Severin. — ele sacudiu levemente a cabeça de Severin.

— Eu não sou nenhum insano, muito pelo contrário, estou bem lúcido. — Severin ignorou o insulto de irmão. Eles ficaram ali encarando a ilha, enquanto ela ficava mais distante, enquanto o navio movia-se lentamente através do lindo Mar Verde, águas cristalinas como se fosse feito com pedras preciosas, e refletia o brilho das estrelas fazendo-as dançarem. Robert ainda franzia sua testa, e sua vista ainda era forçada por ele, pois queria ver as luzes que o seu irmão Severin tinha mencionado.

— Ainda tentando ver, Robert? — perguntou Severin ironicamente. Severin não esqueceu que Robert tinha dito que ele estava tendo imaginações apenas.

— Não é possível! Você está louco! Eu não consigo ver nada...— murmurou Robert. Ele agora estava interessado em ver. Severin não gostou de ser chamado de louco duas vezes, então resolveu pregar uma peça em seu irmão.

— Olhe bem, chegue mais perto. — aconselhou Severin ao seu irmão, que fez mesmo tal coisa. Ele se aproximou mais da beirada, para tentar conseguir um ângulo melhor. Tolice de sua parte, pois Severin segurou-o pelas pernas e o jogou Robert ao mar. Ria alto o rapaz. "Homem ao mar! Içar velas!" gritou o capitão do navio. O barulho da água alertou os tripulantes, a rainha e o rei.

          Agator, o comandante de Fierce se aproximou de Severin, o encarou e olhou para Robert na água. "Vocês não têm limites" murmurou Agator. Ele era careca de pele branca. Beirava os 40 anos, e sua barba recém-feita já dava indícios de que era branca. Agator veio de uma família nobre, mas subestima-lo por isso. Aqueles olhos já viram e presenciaram muitas coisas boas, e principalmente ruins.

— Vocês precisam crescer, rapazes! Sem mais peripécias! — avisou Agator. O rei se aproxima da borda do barco, junto de sua rainha, e os dois ficam em pânico. "Ajudem ele!" gritou a rainha. Sua pele empalideceu, ficara tão branca quanto já era. Seu cabelos ruivos pareciam se arrepiar, e a pele levemente enrugada de seu rosto, e seus olhos verdes transpareciam o seu desespero.

As Crônicas de KentarOnde histórias criam vida. Descubra agora