CORDILHEIRA DO HIMALAIA, 1977

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Meus pais estavam distantes nesse dia. Como meu pai era um arqueólogo bem ocupado sempre estava ausente, minha mãe então pegava um retrato que ela guardava junto aos livros na biblioteca para matar a saudade que tinha dele.

Ela foi a sala principal onde eu estava lendo um guia de viagens, a lareira estava tão aconchegante que cheguei a deitar bem perto dela...minha mãe desceu as escadas e se sentou no sofá ao lado e me perguntou a qual local eu gostaria de conhecer, eu disse que queria muito conhecer as cordilheiras do Himalaia, ela me olha como uma cara de surpresa e diz que tudo bem, ia conversar com os pilotos particulares para ver se conseguiríamos partir.

Eu fui dormir um pouco, ainda era cedo, mas estava um pouco sonolenta.

Minha mãe me acordou com um leve sacudir, e toda animada me dizendo que a viagem foi autorizada. Eu saí correndo para arrumar as malas, claro, eu iria para um lugar onde o guia de viagem disse que era um dos mais incríveis (e perigosos) para se conhecer.

Saímos da mansão e fomos direto para o aeroporto, dentro do carro eu não parava de contar muitas curiosidades do Himalaia para minha mãe, a mesma parecia estar super ansiosa pois tudo que eu contava era extremamente animador.

Então embarcamos no avião. Aquilo já era muito comum para mim...eu e minha mãe sentamos juntas na terceira poltrona e como eu via que ia demorar um pouco mais do que o esperado por estar chovendo demais, começo a ver um livro de desenhos que eu mesma fizera.

No meio da viagem começa a relampejar muito e o avião começa a ficar um pouco instável, mas minha mãe bem serena, mas com um pouco de medo me diz que isso não é nada...até eu começar a ver pela janela do avião fogo em uma das asas, eu aviso minha mãe que precipitadamente me coloca na poltrona ao lado e me prende aos cintos. Ela sai correndo perguntando ao Henry Norwich (o piloto do avião) o que estava acontecendo, e ele disse que o avião perdeu umas das asas e iria bater. Enquanto o avião começava a cair Henry começou a mandar sinais de ajuda para outras pessoas, mas parecia que ninguém o respondia...

Ela veio até mim e disse que tudo iria passar e que era para mim cerrar os meus olhos e pensar em coisas boas...depois disso a escuridão tomou conta e antes de eu perder a consciência e desmaiar ouço um último sussurro da minha mãe: '' Te amo minha pequena Lara''.

Acordei estirada no chão e um pouco longe do avião, minha roupa estava suja e rasgada, meu livro com as folhas todas carbonizadas e minha cabeça estava sangrando um pouco, fui ao avião com muito medo e angustia do que ia encontrar por lá, eu não vi minha mãe, apenas o Henry que estava visualmente horrível (Droga, eu realmente não precisava lembrar de como ele estava!).

Ali no chão estava apenas o broche que minha mãe usava junto ao seu blazer comprado em uma loja de grife em Paris, eu o peguei e o guardei no meu bolso.Eu não sabia o que fazer mas precisava sair dali, estava frio, chovendo e eu não sabia o que eu poderia encontrar se eu continuasse ali...

Foi então que decidi pegar o mapa que havia na cabine do Henry que quase ele não usava por ser um piloto muito experiente, localizei uma cidade próxima dali, Katmandu, não sabia ainda sobre coordenadas geográficas então fui pela sorte.Eu andei por 9 ou 10 dias até se deparar com um barzinho bem rustico e cultural da cidade, eu fui até a recepção e nas pontas dos pés perguntei se eles tinham algum telefone por lá...eles me disseram que sim e então liguei para o meu pai.

Ele disse que chegaria em torno de 24 horas, então eu tive que esperar e dormir ali mesmo no chão ao lado do barzinho...minha roupa estava encharcada e eu já sentia os sintomas de uma gripe bem forte. Meu pai chegou, e quando me abraçou já se debulhou em lagrimas e soluços inacabáveis e eu era tão inocente que apenas o abracei em silencio...eu já sabia que era por causa da minha mãe, os dois se amavam muito...então ele se levantou, pegou em minha mão e me levou até o helicóptero.

Dentro do helicóptero ficamos em silencio olhando para o nada e eu acabo quebrando esse silencio quando dou o broche para ele...então ele volta a chorar.

Depois de Katmandu fomos para Bangladesh de helicóptero, e então descemos e fomos para o aeroporto pegar o voo de volta para Londres, e depois partimos de carro para Surrey que fica há uma 1 hora dali...

Cheguei na mansão ainda em choque, entrei e logo na entrada vi aquele quadro enorme com minha mãe sorrindo, e aquilo me faz chorar tanto que eu me ajoelhei na frente do quadro e ali mesmo fiquei horas até que adormeci.

Lembro que fui carregada por Winston até em minha cama...e foi assim que minha viagem dos sonhos se transformou num terrível pesadelo.

(...)

Depois da morte da minha mãe eu nunca mais larguei do meu pai e ele nunca de mim, então isso fez ele sempre me levar para as suas expedições arqueológicas me fazendo então ter tutores particulares...então foi com meus 15 anos (1983) que ele desapareceu em uma escavação no Camboja, eu me desesperei já que eu não podia perder ele...mas perdi. O título da nobreza foi passado para o meu tio Errol, eu gostava muito dele, mas não da esposa dele, minha tia, que continha dois grandes Dobermanns que me odiavam, junto a ela que também não me engolia.




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